Neste Dia Mundial do Doente (11 fevereiro), instituído pelo Papa João Paulo II em 1992, concentramos a nossa atenção em algumas questões específicas enfrentadas pelos doentes em Portugal, destacando o compromisso da Medicina Interna na abordagem desses desafios e na busca de soluções.
A Medicina Interna desempenha um papel central na coordenação de cuidados aos doentes com condições médicas complexas ou múltiplas. No entanto, é essencial otimizar a eficiência desse processo, garantindo acesso rápido a consultas, exames e tratamentos. Em situações agudas, que, pela gravidade, impliquem cuidados hospitalares, os internistas continuam a receber os doentes nos serviços de urgência externa de todo o país.
No entanto, nos últimos meses, vivemos situações que colocam em causa a segurança dos doentes e profissionais, com a escassez de recursos humanos, com urgências fechadas ou sem o número de profissionais adequado, como se evidenciou pelos tempos de espera desadequados e possivelmente em aumento de mortalidade. Iniciativas que corrijam estes défices, que fortaleçam a comunicação entre os especialistas hospitalares e os médicos de família, que promovam uma abordagem integrada, que evitem a descompensação sem aviso das doenças crónicas e a orientação célere das situações agudas, podem melhorar significativamente a experiência e prognóstico do doente.
Também aos doentes de todas as outras especialidades, internados em meio hospitalar, os internistas dão apoio permanente: quer seja em urgência interna, quer seja de forma programada e organizada, em projetos já implementados e que pretendemos expandir, de partilha de prestação de cuidados médicos com outras especialidades, cuja vocação não lhes permite abordar toda a complexidade dos doentes com várias patologias em simultâneo.
No contexto de envelhecimento da população, com necessidade de cuidados a longo prazo, a Medicina Interna tem vindo a desenvolver projetos que apoiam a prestação de cuidados domiciliares, em hospital de dia, em lares de idosos ou em unidades de cuidados continuados, alguns deles em articulação com a Medicina Geral e Familiar. São exemplos, a hospitalização domiciliária, as unidades de doentes crónicos complexos, entre outros. Pretendem garantir uma vida digna aos idosos e os seus familiares.
É compromisso dos internistas portugueses continuar a pugnar para os seus doentes terem acesso a tratamentos inovadores, mas também ao uso racional de exames e medicamentos, no melhor interesse do doente e segundo as suas características particulares.
A Medicina Interna muitas vezes lida com doentes que enfrentam não apenas doenças de órgão, mas também problemas de saúde mental. Integrar abordagens que considerem ambos os aspetos da saúde é crucial. A formação contínua dos médicos internistas em saúde mental e a colaboração com profissionais especializados são passos fundamentais para melhorar o suporte aos doentes nessa área.
A pandemia ressaltou a importância da tecnologia na prestação de cuidados de saúde. Investimentos em soluções digitais, como telemedicina e sistemas de gestão de saúde, podem melhorar a eficiência dos serviços e proporcionar maior conveniência aos doentes, especialmente em áreas remotas, para vigilância das suas doenças crónicas ou orientação de situações médicas de novo.
Dada a rápida evolução do campo médico, os internistas comprometem-se a manter o desenvolvimento profissional contínuo, investindo em formações, congressos, workshops e atualizações regulares. Os internistas participam ainda na formação dos futuros especialistas da sua e outras especialidades médicas.
Neste Dia Mundial do Doente, reconhecemos os desafios que vão persistindo. Ao enfocarmos essas questões, reafirmamos o nosso compromisso com a excelência na prestação de cuidados médicos e trabalhamos juntos para criar um futuro em que todos os doentes em Portugal possam desfrutar de um sistema de saúde robusto e abrangente.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a ACTIVA nem espelham o seu posicionamento editorial.