Há aquelas crianças que parecem a pilhas: correm, gritam, e de certeza que se lhe espetasse um pionés saíam disparados pelo tecto como um balão a gás. E depois, há… os lentos.
Demoram para acordar, para estudar, para entrar no banho, para sair do banho. Quanto mais ordens se lhes dá – vai lanchar; vai calçar os sapatos; veste o casaco; já fizeste os trabalhos?, terminando sempre com o proverbial ‘despacha-te’. Tudo inútil.
O problema, geralmente, é nosso. Nós é que temos as mudanças aceleradas, nós é que vivemos a cem à hora, eles é que estão certos. Mas isso não apaga as consequências: a vida está pautada pelo nosso ritmo, e eles têm de o seguir. Como tornar-lhes mais fácil o adoptar de uma velocidade que não é a deles?
Em primeiro lugar, controle o impulso para andar atrás deles. Alguns ‘atrasados’ usam a lentidão como forma de receber atenção dos pais: desactive o sistema. Não implore. Não diga ‘Ó Huguinho, despacha-te lá…!’ Mande uma vez. À segunda, há consequências.
Quando possível, deixe-o controlar a vida dele, deixe-o escolher a hora a que quer fazer os trabalhos ou tomar banho, por exemplo. Ponha-se no lugar dele: é extenuante andar o dia todo a toque de caixa.
Há truques que podem ajudar, como usar um alarme de cozinha, por exemplo: incentive uma corrida contra-relógio para ver se consegue calçar-se ou sair do banho antes de o relógio apitar.
Mas o principal é ir à raiz doproblema: ele não sai da cama? Se calhar precisa de dormir mais. Experimente pô-lo a dormir mais cedo. Ele não faz os trabalhos? Se calhar precisa de desanuviar a cabeça: deixe-o ler ou jogar computador por meia hora. Ele nunca mais acaba o que tem no prato? É porque não tem fome. Tire-lhe o prato.
Acima de tudo, dê-lhe atenção de várias maneiras sem que ele tenha de ‘obrigá-la’ a olhar para ele. Que, como toda a gente sabe, se consegue muito mais eficazmente das piores maneiras…