Um estudo da Universidade de Michigan causou escândalo: per-guntaram a um grupo de crianças de 4 e 5 anos o que é que preferiam, ficar sem televisão ou deixar de falar ao pai. Um terço delas preferiu deixar de falar ao pai. O que não será estranho se pensarmos que, segundo outro estudo, as crianças passam 25 minutos por semana com o pai e 25 horas com a televisão. Num outro estudo, com adolescentes entre 10 e 16 anos, per-guntaram-lhes se preferiam ver televisão ou passar mais tempo com os pais. Um terço deles disse que preferia passar mais tempo com os pais. Ou seja, o mesmo terço, quase a mesma pergunta, mas outra idade e já alguns anos de televisão como experiência de vazio.
A televisão pode ser uma amiga pre-ciosa se for controlada e uma inimi-ga perigosa se tomar conta de nós sem darmos por isso, e isso aplica-se ainda mais às crianças, que ‘devoram’ tudo sem qualquer visão crítica. O mais pe-rigoso é precisamente aquilo que já não vemos: carregar no botãozinho tornou-se um hábito que já nem registamos. Não é perigoso que eles vejam meia-hora de televisão depois do jantar, é perigo-so que, assim que acordem, a primeira coisa que façam seja ligar o botãozinho. A meia-hora depois de jantar é controlada, o botãozinho de manhã ou assim que se chega a casa é um hábito sobre o qual já nem se pensa. Em vez de os pôr em frente da televisão, tente outras coisas: livros, puzzles, jogos de tabuleiro, palavras cru-zadas, revistas. Além disso, ‘televisão’, principalmente enquanto eles são peque-nos, podem ser filmes de animação ou vídeos que os pais já conhecem. Cuidado com o que passa com o título genérico de desenhos animados: há ‘desenhos animados’ absolutamente inaceitáveis para um adulto são de espírito, quanto mais para uma criança.
Em resumo, o ideal é não usar a te-levisão como companhia e música de fundo, mas vê-la como se vê um filme no cinema: planear o que se irá ver, assistir e vir embora no fim. O ideal é fazer isto desde que eles nascem, porque se for tentar ‘desmamá-los’ aos 12 anos a difi- culdade será 12 vezes maior.
Quero ver a telenovela!
Não vamos ser radicais: se insistir em que ela não veja televisão, vai ter uma criança angustiada, porque não tem assunto de conversa com as outras da idade dela. Se aos 5 anos ela não se arrisca a ser excluída do grupo só porque não vê as aventuras do Nodi, aos 12 isso já pode acontecer em relação aos programas que os outros vêem, como as telenovelas. O melhor é ver com ela quando puder. Se não puder, grave alguns episódios e falem as duas sobre o assunto. Tente explicar-lhe que a vida nem sempre é assim como acontece nas novelas.
Também vale a pena tentar convertê-la a outros programas, mas tenha paciência: a ‘conversão’ pode levar algum tempo.