O Porto foi alvo de um rastreio, com a finalidade de avaliar a presença de dislexia em crianças e jovens em idade escolar. O estudo revelou a existência de uma elevadapercentagem de crianças com dificuldades escolares acentuadas.
Dos participantes, cerca de 80% apresentavam algum tipo de dificuldade escolar, desde problemas de leitura, a problemas na escrita, ou outras lacunas diretamente associadas ao insucesso escolar.
O estudo que resultou da ação de rastreio, contou com crianças dos sete aos 16 anos, e foi realizado através de inquéritos aos pais e às crianças e de uma avaliação técnica. No final, concluiu-se que, 44% dos inscritos no rastreio apresentavam sintomas de dislexia.
À partida, mais de metade dos pais que levaram os filhos ao rastreio de dislexia percecionavam já uma dificuldade escolar das crianças – 66% revelou preocupação relativamente a dificuldades de escrita dos filhos. Na maioria dos casos, esta perceção, por parte dos pais, teve início logo no primeiro ano de escolaridade. No entanto, apenas quatro crianças tinham sido retidas ao longo do percurso escolar e, no que respeita à procura de ajuda especializada, apenas os pais de seis crianças já tinham procurado apoio profissional.
Dos testes criados especificamente para este rastreio, as técnicas conseguiram aferir que mais de metade das crianças – 16 – trocavam as letras enquanto liam e 18 apresentavam dificuldades de interpretação e compreensão das frases.
O estudo permitiu ainda verificar a existência de problemas emocionais na maioria das crianças rastreadas: de acordo com a perceção dos pais 79% dos filhos apresentavam perturbações durante o sono; em 55% dos casos os pais consideraram o filho como uma criança nervosa, que não consegue estar sossegada (43%) e 25% apresenta já sintomas físicos que podem estar associados ao insucesso escolar, como por exemplo, dores de cabeça sem explicação. De acordo com a psicopedagoga e especialista em insucesso escolar Maria Amélia Dias Martins, “estes são alguns dos sinais que nos indicam que estamos perante uma dificuldade escolar acentuada, que leva ao insucesso escolar repetido e que, se não tratada a tempo, pode acarretar problemas emocionais graves”.
A ação de rastreio efetuada faz parte de um projeto-piloto, sendo que o próximo passo é a realização de mais ações de forma a sensibilizar o maior número possível de pais para a problemática das dificuldades escolares acentuadas e do insucesso escolar.