Ele está interessado em qualquer coisa séria ou apetece-lhe mais um caso sem consequências?
Ter química não basta, embora seja o principal requisito de qualquer relação. Até pode não lhe interessar nada dar o nó, caso em que provavelmente não estaria a ler este artigo. Como chegou até aqui, depreendemos que o assunto lhe interessa. Provavelmente já chegou a uma conclusão pessoal, mas aqui ficam algumas ideias que podem ajudar:
1 – Uma questão de gramática – Quando ele fala, diz mais vezes ‘ nós’ ou ‘eu’? Quando se refere ao futuro, as ‘visões’ incluem-na a si ou apenas a coisas que ele gostaria de fazer? Se ele planeia fazer um mestrado em engenharia aeroespacial no Chile durante 4 anos e depois ficar a morar em Chicago, alguma vez lhe perguntou em que episódio da telenovela é que você entrava?
2 – O som e a fúria – Observe-o quando ele se zanga. É capaz de se controlar ou perde completamente o freio? Um namorado maldisposto regra geral dá um marido ainda pior. Por que razão quereria passar a vida ao lado de uma pessoa ao lado da qual se sente mal?
3 – Probleminha ou problemão? – A sua avó está doente e você tem de desmarcar a saída a dois. O cão engoliu um Gormitti de plástico que um dos seus sobrinhos deixou no tapete e tem de ir ao veterinário. A empresa dele ameaça despedir algumas pessoas. Como é que ele reage ao lado negro da vida ? E quando são problemazinhos, tipo a janela que não fecha, o leite que acabou, o telemóvel que se despediu desta vida? Uma relação não é um constante mar de rosas, e há de haver complicações a resolver: não queira para parceiro alguém que a abandona ao primeiro gormitti.
4 – A importância do mimo – Está bem, há quem tenha a inteligência emocional de uma ervilha, mas isso não quer dizer que se contente com alguém que só lhe dá beijos apaixonados quando quer uma bela noite de sexo. Um romance não é feito só de beijos apaixonados e sexo no telhado: é feito de saídas a dois, de pequenos presentes quando não se está à espera, de mimos e festas e palavras doces. Se ele não sabe, ensine-lhe. Se ele não for capaz de aprender, case com alguém que seja melhor aluno.
5 – Ele percebe-a? – Não quer dizer que você seja portuguesa e ele iraniano, mas há várias maneiras de não se falar a mesma língua. Vocês falam a mesma língua ou tem de lhe explicar todas anedotas? Pisca-lhe o olho e ele diz muito alto ‘por que é que me estás a piscar o olho’? Pensam da mesma maneira sobre as questões principais da vida ou está sempre a pensar antes de dizer qualquer coisa, não vá ele ofender-se? Um homem tem de saber a ‘verdade’ sobre nós: tem de saber que dormimos com a t-shirt da Hello Kitty, que sim, adoramos passar a manhã nas compras, preferencialmente sem eles, que também sim, de vez em quando é preciso ir à depilação e gastar dinheiro no cabeleireiro, e que um par de botas pode fazer a nossa felicidade. São fraquezas, mas é quem nós somos. Como é que ele aceita isso? E sim, temos síndrome pré-menstrual, e temos direito a odiar o mundo inteiro durante três dias! Como dizia o Luís Fernando Veríssimo aos seus leitores masculinos, “Você não suporta SPM? Case-se com um homem!”
6 – Contar tostões – Como é que ele lida com o dinheiro? Conta cada cêntimo ou estoira cada cêntimo como um foguete de feira? Lembre-se que o dinheiro é o principal fator de discussão dos casais. Não queira fazer parte das estatísticas.
7 – Um dos rapazes – Observe-o com os amigos: só se lembra de si para lhe perguntar se ainda há cervejas no frigorífico ou inclui-a na conversa? Tem orgulho em si ou finge que não existe? Já a apresentou a todas as pessoas importantes da sua vida ou ainda se encontra consigo meio às escondidas, de vez em quando, como num filme a preto e branco com muito nevoeiro do tempo em que os comboios deitavam fumo?
8 – Querida mãezinha – Como é que ele trata a mãe? É um bom indicador da forma como vai tratá-la a si, daqui a uns anos… Por outro lado, se for um menino da mamã, é bem provável que fique ao lado dela se alguma vez tiver de tomar partido…
9 – Está aí alguém? – Quando lhe acontece alguma coisa boa ou má, ele é a primeira pessoa a quem telefona, ou pensa: “eu até lhe contava, mas de certeza que ele não vai entender”? Pronto, também toda a gente sabe que os homens não são os melhores ouvintes do mundo. A pessoa está muito bem a contar-lhe o que quer que seja e está mesmo a ver que as palavras estão todas a errar o alvo, como as naves inimigas da Guerra das Estrelas. Claro que nós às vezes também não ouvimos tudinho mas isso é porque as conversas deles geralmente não interessam nada, e além disso disfarçamos melhor… Mas há um mínimo de tempo de antena. Conclusão: se as vossas conversas são apenas um dueto de monólogos, ou pior, de silêncios, se calhar é melhor arranjar outro conversador.
10 – Dá aí uma mãozinha! – Também toda a gente sabe que hoje já nenhum deles sabe consertar uma torneira que pinga ou um estore avariado, mas está ele disposto a ligar ao canalizador e a ser ele a ficar em casa para lhe abrir a porta? Se se arrisca a ter de tratar de todos os pormenores chatos de uma vida em comum, com torneiras e estores avariados, não espere aguentar muito tempo.
11 – Vens ou ficas? – Têm interesses em comum? E interesses em separado? Ambos são igualmente importantes para um casamento saudável, onde se partilham gostos mas se mantém mundos privados. ‘ Mundos privados’ não devem obviamente incluir casos com a Sãozinha do marketing.
12 – Copo meio cheio – Parece um pormenor, mas, se puder, case-se com um otimista. Por razões óbvias.
Conclusão – Para terminar, fiquem-se novamente com as sábias palavras de Luís Fernando Veríssimo: “O homem sábio alimenta os potenciais da parceira e os utiliza para motivar os próprios. Ele sabe que, preservando e cultivando a mulher, ele estará se salvando a si mesmo.”