• Puxe pela vaidade Toda a gente sabe que o tabaco é uma das principais causas de morte. Curiosamente, isso parece não ter qualquer influência em nós, adultos ou adolescentes. Dizer-lhes que vão morrer de cancro dos pulmões afecta-os tanto como dizer-lhes que os dinossauros foram exterminados por um meteorito. Afecta-os muitíssimo mais saber que podem ficar gordos ou feios. Por isso, diga-lhes isso mesmo: que podem ficar gordos e feios. E não é mentira nenhuma.
• Entre em pormenoreS Então feios e gordos porquê? Basicamente, porque um cigarro é um cocktail de venenos: além de tóxico, a nicotina tem arsénico (usado em veneno de ratos), metano (usado em combustível para foguetões), amónia (em produtos para lavar o chão), cádmio (em pilhas), carbono (em motores de carros), formaldeído (utilizado para preservar cadáveres), e cianeto de hidrogénio (utilizado nas câmaras de gás). Apetitoso, não é?
• Saiba por que fumam Segundo um estudo inglês, as raparigas já fumam mais do que os rapazes (em Portugal ainda são os rapazes os maiores fumadores: ver um estudo da Faculdade de Motricidade Humana, em www.fmh.utl.pt). E porquê? Porque as raparigas usam o cigarro como adjuvante da dieta: fumam para comer menos. Os rapazes fumam porque os pais ou os amigos fumam.
• Faça marketing Afinal, as magras que fumam vão mais tarde tornar-se gordas. Segundo um estudo publicado no ‘American Journal of Public Health’, as raparigas que fumam na adolescência desenvolvem problemas de controlo de peso a partir dos 20 anos, com uma agravante: quando querem deixar de fumar, engordam ainda mais. Resultado: arriscam-se a serem fumadoras toda a vida. Por isso, saiba vender os seus argumentos: às raparigas, diga que vão ficar gordas e com uma pele horrível (exemplos disto não faltam nas revistas…). Aos rapazes, diga que podem ficar impotentes. Como ameaças, são mais impactantes do que ‘vais morrer de cancro do pulmão aos 45’. Estranho, não é?
• Treine-os a dizer ‘não’ Os adolescentes fumam por uma razão muito mais inconsequente: fumam porque os amigos também fumam. Eles nem sequer pensam nisso. O pior é que, quando dão por isso, já têm dificuldade em largar os cigarros. Solução: tente prevenir estas situações (e isto deve ser feito a partir dos dez anos) de maneira a que ele ou ela esteja preparado (a). Treine-o para recusar cigarros. E isto não é dizer-lhe ‘se te apanho a fumar dou-te uma coça que nunca mais te levantas’. É mesmo encenar situações possíveis e treinarem o que ele pode dizer.
• Tenha um filho cool Treine-o para recusar os cigarros, mas para continuar cool ao mesmo tempo. Há muitíssimas maneiras de se ser popular – porque se é esperto, alegre, boa onda, bom colega, com umas calças giras – e, nestas condições, não é um cigarro recusado que lhe vai afectar a popularidade.
• Mantenha-o saudável Se ele tiver uma vida agradável e positiva, há muito menos hipóteses de começar a fumar. Segundo mostrou o estudo citado acima, o consumo de tabaco está ligado com coisas tão diferentes como a relação com a escola, a comunicação com os pais, a imagem corporal e o desporto. Habitue-o a fazer exercício e a comer bem, envolva-o em grupos saudáveis e mantenha-o ocupado.
• Dê-lhe autonomia Há mães que dizem ‘ai mas eu não trato o meu filho como uma criança, até sou mais severa que as outras mães’! O que não tem nada que ver: uma coisa é dar-lhe autonomia e tratá-lo como um adulto: conversar com ele de igual para igual, saber o que ele pensa da vida, preservar a sua intimidade, bater à porta do quarto antes de entrar, dar-lhe margem de manobra e de decisão, deixá-lo desembaraçar-se sozinho. Outra coisa é a ‘severidade’ (que, geralmente, só por si, faz mais mal do que bem…). Se ele tiver algum controlo sobre a própria vida, não vai precisar de cigarros que o façam sentir adulto.