Antes de mais, volto a dizer que nunca teve mal “dar um empurrãozinho” a um pretendente muito tímido ou colocar as coisas em pratos limpos quando um cavalheiro a “persegue” incessantemente (no bom sentido) mas não fala claro. Muitas relações fantásticas deixaram de acontecer por mal entendidos.
Porém, uma coisa é ser selectiva (deixar o primeiro passo a quem usa calças não é sujeitar-se ao que aparece, antes pelo contrário) encorajar subtilmente e não emitir sinais confusos. Outra muito diferente é ser atiradiça e chamar a si todos os trabalhos para iniciar uma relação: flirtar antes dele, apresentar-se, convidar primeiro, declarar-se primeiro, pôr o carro à frente do resto, em suma.
O
artigo em causa- escrito por uma mulher –
dá nove motivos para condenar as mulheres femininas que, como manda a Natureza, são reservadas.
Agora vejam
este, escrito por um homem, a explicar exacta e honestamente o que os cavalheiros pensam das mulheres que dão o primeiro passo.
Depois, eu poderia enumerar outras tantas razões para que uma mulher não o faça e nota bene, nenhuma tem a ver com “manipulação” ou “medo da rejeição” – pois sejamos francos, a maioria dos homens não é lá muito exigente ante o que é dado de bandeja; se depois leva a “bandeja” a sério, se valoriza a “bandeja”, isso já é outra estória…
1- Porque é virar às avessas ordem biológica e tradicional das coisas, tirando aos cavalheiros a alegria da conquista; todos os homens gostam de desafios, de provar o que valem (complexo de justas e torneios!) e tendem a cansar-se rapidamente uma vez ultrapassados os obstáculos. É por isso que se entusiasmam temporada após temporada de futebol, que gostam de corridas, de jogos de computador repetitivos…ainda que lhes dê jeito alguma facilidade, por comodismo, rapidamente se sentem aprisionados e lhes dispara o impulso de passar ao jogo seguinte. É naturalmente assim, mesmo que a iniciativa parta do homem; mas sucede muito mais rápido se não existir ao menos o desafio inicial.
2- Porque os homens só fazem o que querem; quando desejam alguma coisa não há nada que os segure nem desculpa que os impeça. Se não estão interessados numa rapariga o suficiente para se aproximarem, se não fazem um esforço para a cortejar, é porque não estão assim tão interessados como isso, ponto; não é por serem “levados” que se vão apaixonar verdadeiramente – isso até pode, no limite, resultar num namoro, arrastar algum incauto até ao altar, mas nunca vai ser “aquela” paixão – e dizer o contrário é wishful thinking;
3- Porque uma mulher que começa um relacionamento assim nunca saberá se ele está com ela porque a adora ou se ficou com ela porque estava à mão, à falta de coisa melhor; ele nunca se responsabilizará realmente pelo romance – fantástico para fazer disparar todas as inseguranças femininas! E no momento em que as coisas azedarem, ele terá sempre para lhe atirar (se for um parvalhão, e parvalhões não faltam por aí) “eu nunca andei atrás de ti, tu é que quiseste”… que deve ser das coisas mais dolorosas e humilhantes de ouvir.
4- Porque um homem que se relaciona com uma mulher assim nunca saberá se ela se adiantou por ele ser especial, ou por medo de ficar sozinha, ou porque é assim com todos; lá no fundo, vai ficar um bocadinho desiludido por sentir que aproveitou a relação que estava a jeito, em vez de conquistar a rapariga que todos queriam. Se for realmente um cavalheiro tradicional, ainda que encapotado, vai sentir-se desconfortável com isso mais cedo ou mais tarde. E eventualmente fugir quando encontrar outra mulher que o deixe rendido e seja mais misteriosa, deitando por terra todo o esforço da “mulher conquistadora” que tanto se descabelou para o “prender” aos seus encantos. Amor é estar preso por vontade; não é ser enganado com um laço.
5- Porque há maiores probabilidades de atrair um homem pouco sério; cavalheiros à moda antiga não valorizam mulheres descaradas, mesmo que eventualmente saiam com elas por diversão.
6- Porque lá no fundo, todas as mulheres desejam ser conquistadas e arrebatadas num cavalo branco. O
sucesso recente de folhetins como as 50 Sombras é a prova provada (embora doentia) desse impulso natural.
7- Porque se um homem precisa disso e quer tantas facilidades, se gosta que as mulheres andem atrás dele…então lamento, é um
Macho Beta, um
bocadinho efeminado, ainda que tenha a aparência de um Alfa ou procure imitar a postura de um Alfa. Bom para quem aprecia o género, mau para quem quer um companheiro assertivo e decidido.
8 – Porque o papel de uma mulher deve ser refrear um pouco as coisas, de modo a dar tempo para que ele a conheça de alma e corpo (por esta ordem, precisamente). Eles querem tudo para ontem, mas isso não beneficia as mulheres – já é difícil que chegue manter a cabeça fria numa relação iniciada por eles, quanto mais! E como dizia
Jane Austen, “é um erro uma rapariga
pôr-se a sonhar com um cavalheiro antes de saber que o cavalheiro sonha com ela”. Se uma mulher se apaixona unilateralmente…então é tola.
9 – Porque em tudo na vida, easy comes, easy goes.
Crónicas destas, que masculinizam as mulheres e as ensinam a desvalorizar-se, são desabafos no melhor espírito “sofrimento adora companhia”.
Ou se preferirem, ”
mulher da luta desesperada a armar em feminista modernaça que se faz muito forte e na manhã seguinte chora porque o rapaz nunca mais telefonou”. Mais um artigo a incitar as mulheres a serem umas Samantha Jones, portanto.
Atenção, nada contra as Samantha Jones que só se querem divertir (desde que não magoem ninguém, os pecadilhos de cada uma não são contas do meu rosário) mas o problema é que a maioria não vive bem com isso; depois ressente-se e escreve textos a dizer que os homens são umas bestas, propagando o mito.
Fariam melhor se fossem realistas: se partissem do princípio que “bestas” (sem ofensa) todos os seres humanos o são. Os instintos biológicos falam muito alto e tradições milenares não se alteram num século, nem sabemos se alguma vez mudarão ou se seria saudável mudarem completamente.
Além disso, é à conta das Samantha Jones da treta que tantos homens se habituaram mal, tornando-se comodistas, arrogantes e preguiçosos: vêem tantas mulheres “fáceis” que depois medem tudo pela mesma bitola e tentam tratar todas com a mesma falta de respeito.
Uma ressalva, no entanto: seguir as normas tradicionais – ou manuais modernos que tentam ressuscitar a feminilidade, como os famosos “Ele não está assim tão interessado” ou ”
As Regras“, tem um preço: como os Homens Beta e as mulheres desesperadas se tornaram infelizmente a norma, poderá passar mais tempo sozinha. Ou demorar mais a acertar, porque as pessoas de qualidade, como os bens de luxo, são raras.
Uma tenda para passar a noite em caso de emergência monta-se em minutos; construir uma casa digna…demora.
Perante a alternativa, convém lembrar que todas as coisas belas e duradouras demoram o seu tempo quer a surgir, quer a construir-se. Todas elas.