![casaldinheiro.jpg](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/4/2019/07/1772340casaldinheiro.jpg)
*Artigo publicado originalmente em julho de 2013
Todos temos uma relação diferente com o dinheiro – tal como com os filhos, a comida, a vida em geral. Segundo Gustavo Cerbasi, autor do livro ‘Casais Inteligentes Enriquecem Juntos’, há basicamente cinco tipos gerais: os poupados (são disciplinados e conseguem economizar), os gastadores (pronto, os euros não lhes aquecem o bolso), os descontrolados (são desorganizados, não sabem quanto dinheiro entra e quanto sai) os desligados (geralmente gastam menos do que ganham, mas nunca pensam muito nisso) e os financeiros (percebem de investimentos, juros e inflacção, e são rigorosos com os gastos).
Mas o que é que acontece quando estas pessoas se casam umas com as outras (enfim, duas a duas)? Tanto podem enriquecer juntas como viver em permanente caos financeiro. Saiba já que tipo de relação económica é a sua, e como pode melhorá-la.
Inspirámo-nos em dois livros: ‘O Primeiro Milhão para casais’, de Pedro Queiroga Carrilho, e , de Gustavo Cerbasi e reunimos um guia para bem casar o seu estilo financeiro com o do seu par.
Poupado – Gastador
Um agarra-se ao dinheiro no pavor de morrer pobrezinho e mendigo a pedir esmola no metro, o outro põe a mão na massa com a maior das facilidades a achar que a vida é para ser aproveitada. O problema é que são modos opostos de ver a vida. Curiosamente, é o casamento clássico – e se não se põe a pau, vai ser também o divórcio clássico. Se o gastador não aprender a refrear impulsos e o poupado a ser um bocadinho mais flexível, vai haver muita zanga que seria facilmente evitável.
Poupado – Desligado
Parecem o par ideal, o problema é que há mais na vida para além de ficar rico. Aliás, estranhamente, eles raramente ficam ricos: só não ficam pobres, porque também nunca aprenderam a multiplicar o dinheiro ou são demasiado temerosos para tomar riscos financeiros. Arriscam-se a chegarem aos 90 com imensas notas debaixo do colchão, sem nunca terem feito a viagem da vida deles nem terem o prazer de comprar uns sapatos absurdamente caros.
Poupado – Financeiro
Casamento feito no céu. Problema: se o poupado não puser um bocado de bom-senso na cabeça do financeiro, correm o risco de começar a viver para acumular. Além disso, se um deles só viver para as finanças há uma altura em que até o mais poupado dos poupados começa a desejar umas feriazinhas no Algarve sem estar permanentemente preocupado com o custo dos daikiris à beira da piscina…
Gastador – Descontrolado
Ui! Mas que mau… Tão mau que geralmente não dura muito. Um gasta aquilo que tem, o outro gasta aquilo que não tem, e acabarão por se virar um contra o outro porque nenhum deles assumirá a culpa. Ou aprendem os dois que não podem comprar imediatamente uma moto 4 só porque têm saudades da Ericeira, ou a relação irá rapidamente por água abaixo.
Gastador – Desligado
Cada um vive no seu mundo: um gasta, o outro não está muito preocupado… Pode aguentar enquanto o gastador não gastar demais e o desligado não gastar nada, mas geralmente há um ponto de ruptura. São felizes até se aperceberem de que algumas contas não estão a ser pagas. Antes de serem expulsos do paraíso, um deles tem de aprender a deitar contas à vida: e puxar o outro para o seu mundo.
Gastador – Financeiro
‘Ó Joaninha, podíamos comprar o Qashqai, é tão giro e fazía-nos tanto jeito’, ‘Mas tu tás louco? Um carro agora, nesta altura do campeonato? Tu sabes quanto é que investimos no colégio da Luisinha? Não vou estoirar tudo num carro!’ O financeiro precisa de muito tacto para ‘educar’ o gastador, mas o stresse não facilita porque são movimentos opostos.
Descontrolado – Desligado
Um não sabe, o outro não quer saber: é o caos. Podem viver muito apaixonados, com amor e uma cabana, mas se não aprenderem o básico sobre finanças nunca conseguirão comprar sequer um T-Zero.
Descontrolado – Financeiro
É a frustração completa: um financeiro nunca conseguirá convencer um descontrolado a pôr um plano económico em prática, um descontrolado nunca descerá à Terra o tempo suficiente para descobrir o que um PPR não é um novo partido político e Títulos do Tesouro não é o livro 8 da saga Harry Potter.
Desligado – Financeiro
O que geralmente acontece: o financeiro trata de tudo e o desligado acha um exagero, mas encolhe os ombros e até agradece que haja alguém que lhe oriente os fundos de investimento (não que ele saiba o que isso é). Problema: se algum dia se separam, o desligado vai passar um mau bocaod, e não é só porque a sogra deixou de lhe falar.
Poupado – Poupado
Serão o mais feliz dos casais se, além de pouparem, aprenderem a gastar um bocadinho de vez em quando. Podem ainda desenvolver a sua natural aptidão económica tirando um curso de finanças domésticas que lhes permitirá tornarem-se Financeiros em vez de poupados, e viajarem às Caraíbas em vez de irem para a Caparica.
Gastador – Gastador
Terão uma vida de sonho até estoirarem o dinheiro todo. Então algum deles vai ter de aprender que não podem viver permanentemente a pedir dinheiro emprestado à Troika, desculpem, aos pais. Problema: têm ambos de aprender a substituir a adrenalina das compras por outra coisa qualquer. Não convém ser qualquer coisa potencialmente cancerígena.
Descontrolado – Descontrolado
Um compra um Qasqai outro ataca com um Porsche Carrera 911, um investe numa moto-4 o outro atira-se de cabeça para um parapente, um vai de férias para Bora-Bora o outro rapta-o para um fim de semana romântico em Veneza… Problemas não vão faltar, mas ainda não é tarde para aprenderem a controlar-se.
Desligado – Desligado
Se vivessem os dois num mosteiro ou num retiro zen para sempre, não havia problemas de maior… O problema é que geralmente vivem no mundo, e o mundo não perdoa. Boas notícias: como não têm problemas em poupar e não precisam de muito para serem felizes, basta algum aconselhamento técnico para conseguirem ser pelo menos financeiramente sólidos.
Financeiro – Financeiro
Não falam dos filhos, das férias ou das eleições: falam de acções, capitalizações, Dow Jones e Nasdak. Enfim, é sempre bom ter uma paixão em comum, e estes pelo menos nunca se arrastarão um ao outro para a bancarrota. Mas de vez em quando, que tal mudar de tema?
Dicas para uma relação economicamente saudável…
– Façam um cesto de sonhos conjunto: é mais fácil realizar um sonho se forem duas pessoas a lutar por ele.
– Sentem-se juntos uma vez por mês para analisarem as vossas finanças.
– Não deixem a gestão das finanças apenas a cargo de um dos parceiros. Partilhem essa responsabilidade, vejam o que é que cada um faz melhor.
– Desenvolvam competências financeiras. Valorizar, controlar, poupar, investir, criar riqueza, proteger e dar.
– Diversifiquem as fontes de rendimento e fujam do crédito fácil.
– É essencial que nenhum dos parceiros fique dependente do outro.
Fonte: ‘O Primeiro Milhão para Casais’
Conhece financeiramente o seu par?
Até pode saber que ele ganhou a medalha de 100 metros estafetas quando tinha 15 anos e que tem medo de cobras, aranhas e aviões, mas sabe como é que ele lida com o dinheiro? A que é que tem dificuldade em resistir? Quais são as suas despesas fixas, créditos, seguros, dívidas? E quanto tem no banco? O que têm de pagar em conjunto e em separado? Pode não ser um assunto muito agradável, mas é essencial que um casal saiba em que pé estão as suas finaças. Se estiverem ao pé coxinho, isto é ainda mais urgente.