Afinal, as palmadinhas que os pais dão aos filhos “para educar” são ou não prejudiciais para as crianças? Cada vez mais este é um tema debatido entre especialistas e pais – e há cada vez mais argumentos a favor de uma educação sem recorrer à violência.
Bem sabemos que, em momentos de grande tensão, como as birras, pode ser difícil controlar o instinto de mostrar autoridade através, por exemplo, da tal palmada. Porém, este impulso surge da nossa própria raiva e não permite que deixemos a criança viver aquelas emoções que ainda só sabe expressar de forma limitada.
Deixar os mais novos sentir – tanto o bom como o mau – é essencial. E qual o papel dos pais? Estar presentes, mostrar afeto e compreensão. Afinal, não nos podemos esquecer que são apenas crianças e ainda não desenvolveram ferramentas para lidar com as adversidades.
Em conversa com a revista CRESCER, o escritor Renato Moriconi, que defende que o diálogo tem um enorme poder, lembra o que fez quando o filho, João, tinha 2 anos, e se dirigiu a ele com raiva: “Tínhamos voltado de viagem e, como ele dormiu durante o trajeto, ficou chateado ao acordar em casa. Por isso, eu segurei-o com firmeza e expliquei: ‘Filho, isso que estás a sentir é saudade´”. Este reconhecimento fez com que o menino o abraçasse e parasse de chorar.
As crianças, tal como os adultos, ficam frustradas quando algo acontece de forma contrária à que gostariam, mas a forma de o expressarem é diferente – daí ser tão importante uma atitude compreensiva e empática por parte do adulto da relação.
“Assim como ensinamos aos nossos filhos os nomes dos objetos, temos de lhes mostrar como se chamam os sentimentos”, explica a psicanalista e educadora parental Elisama Santos à mesma revista. E porquê? Para que eles aprendam a lidar com as próprias emoções. “Senão, do que adianta um jovem com um currículo avantajado, se ele não consegue superar o término de um namoro ou de um projeto que não foi para a frente?”, remata.
Além disso, como a psicanalista ressalva, a comunicação entre pais e filhos é essencial, já que “É uma ilusão acreditar que, para cuidar de uma criança, devemos estar bem 100% do tempo. Dias maus acontecem, e os pequenos precisam de aprender isso”.
No fundo, importa que esta seja uma relação de respeito, que os pais saibam pedir desculpa quando erram e que também não se cobrem demasiado. Vale lembrar: o desenvolvimento emocional e intelectual andam de mãos dadas e, quando sob stress, é muito mais difícil aprendermos algo, pelo que educar de forma calma e respeitosa deve ser um caminho a considerar para uma aprendizagem saudável e uma relação ainda mais forte entre pais e filhos.