Nas últimas duas décadas, as redes sociais tornaram-se uma parte integral das nossas vidas. Plataformas como o Facebook, o Instagram e o Twitter oferecem a oportunidade de nos conectarmos com amigos, familiares e até mesmo estranhos de todo o mundo.
Uma das características mais distintivas dessas plataformas é a capacidade de expressar aprovação ou apreço através de likes e emojis. “Os ‘likes’ têm um impacto emocional e tornaram-se uma ferramenta de validação pessoal que pode ser viciante. Muitos adultos, jovens e adolescentes (até crianças) submetem-se ao julgamento e à opinião generalizada do resto do mundo”, explica Fátima Martinez López, especialista em marketing digital e redes sociais, à revista espanhola “S Moda”.
Em declarações à mesma publicação, Sergio Magán, consultor de redes sociais, destaca que cada ação da nossa pegada digital visa gerar uma reação. “Não temos nenhuma necessidade real de partilhar o que fazemos nos nossos perfis. Se o fazemos é porque tivemos em vista gerar uma reação ou um estado de opinião num grupo de pessoas e até em alguém em particular. Hoje em dia, o ‘like’ tornou-se um validador social: quanto mais ‘likes’ temos, mais valor temos, e associamos ter muitos ‘likes’ a ter sucesso social”.
A ilusão da aprovação virtual
A busca incessante por likes e validação virtual pode afetar negativamente a saúde mental. Estudos demonstram que a comparação constante com os outros nas redes sociais está associada a sentimentos de inadequação e ansiedade. Já a pressão para manter uma imagem perfeita online tem o perigo de tornar-se avassaladora, resultando em baixa autoestima. Além disso, quando as expectativas de validação não são atendidas, isso pode causar sentimentos de rejeição e solidão.
Dito isto, embora as interações virtuais possam trazer sensação de satisfação momentânea, é crucial compreender que não podem ser substitutos adequados para afetos reais e conexões interpessoais. “Sair com os amigos, socializar, ir ao cinema ou ler são ações cada vez mais difíceis para nós. Portanto, a minha recomendação é que fazer uma pausa, estabelecer alguns limites e desconectar-se”, diz Sergio Magán.
Marc Masip, psicólogo e especialista em dependência de novas tecnologias, sublinha que o mais preocupante é a diferença que se gera entre o que somos e o que vendemos nas redes sociais. “Isso gera um grande espaço de frustração, com dois amigos: o vício e a depressão”.