Todas as pessoas mentem. Quer se trate de uma mentirinha inocente para escapar a planos que, afinal, não parecem assim tão apelativos, ou de algo mais elaborado, mentir faz parte da natureza humana. Mas de onde vem esta vontade inata de esticar a verdade?
Um estudo de 2018, publicado na revista científica “Personality and Individual Differences”, identificou e testou uma nova tipologia de mentiras. A principal conclusão é que existem seis motivos principais pelos quais mentimos. Este sistema, criado por cientistas da Universidade de Ciências Sociais e Humanas da Faculdade de Psicologia de Sopot, na Polónia, categoriza as mentiras com base no beneficiário e na motivação do engano propositado.
Os investigadores identificaram três opções de beneficiários possíveis: mentiras que beneficiam o próprio; mentiras que beneficiam os outros e mentiras que beneficiam tanto o próprio quanto os outros. Relativamente às motivações, classificaram-nas amplamente como tendo o propósito de obter ganhos (“mentiras benéficas”) ou evitar perdas (“mentiras protetoras”).
Assim, os seis principais tipos de mentiras são:
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Mentiras benéficas orientadas para o próprio: são ditas para garantir um resultado positivo para a própria pessoa (por exemplo, encontrar dinheiro no chão e convencer-se de que é seu);
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Mentiras protetoras auto-orientadas: são ditas, principalmente, para evitar um resultado negativo para a própria pessoa (por exemplo, dizer a uma amiga que não partiu o vaso de que ela tanto gostava);
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Mentiras benéficas orientadas para os outros: são ditas numa tentativa de garantir um resultado positivo para terceiros (por exemplo, dizer a uma criança que ela fez o desenho mais bonito que alguma vez viu);
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Mentiras protetoras orientadas para os outros: são ditas para evitar magoar os sentimentos de alguém (por exemplo, garantir a uma amiga que ela encontrará a carteira que perdeu);
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Mentiras benéficas de Pareto: são ditas para beneficiar a própria pessoa e terceiros (por exemplo, reclamar falsamente um prémio para a sua equipa num projeto de grupo);
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Mentiras protetoras de Pareto: são ditas para evitar ferir os sentimentos da própria pessoa e de terceiros (por exemplo, tentar dissociar o seu nome e o de uma amiga da organização de uma festa que os convidados detestaram).