Manter as aparências não é uma tarefa fácil.
Por fora, tentamos projetar a imagem de uma mulher com uma vida pessoal estável e bem-sucedida no campo profissional. Mas por dentro a conversa é outra. O esforço que fazemos para aparentar que estamos bem e obter validação pode causar ansiedade, angústia e, por vezes, pura exaustão. Se se sente assim, não está sozinha e há uma explicação: a ‘síndrome do pato’.
Não percebe a ligação ao animal? Ora vejamos: estas aves parecem ‘deslizar’ calmamente na água. No entanto, abaixo da superfície, chapinham freneticamente para se manterem à tona e acompanharem o bando.
Nós, os humanos, ao vermos todas as pessoas (supostamente) a ‘deslizar’ na vida, prosperando social e profissionalmente, sentimo-nos pior relativamente às nossas dificuldades. Aliás, existem estudos que mostram que subestimamos sistematicamente o quão felizes ou outros são, mesmo aqueles que conhecemos bem. Isto acontece porque apenas os vemos em ambientes sociais ou em mundos cuidadosamente trabalhados nas redes sociais.
Quer isto dizer que as vidas emocionais privadas de terceiros são inobserváveis para nós e, ao contrário daquilo que possamos pensar, não temos uma noção verdadeira da sua realidade. Por conseguinte, a nossa perceção é baseada numa ilusão com consequências bem reais.
Fazer suposições sobre a felicidade dos outros encoraja-nos a esconder as nossas experiências emocionais negativas, gerando sentimentos de solidão, infelicidade e, geralmente, de menos satisfação com a vida. Portanto, se estiver neste estado de espírito, lembre-se: a galinha — ou, neste caso, o pato — da vizinha nem sempre é melhor do que a minha.