O especialista em relações Terry Real destaca o fenómeno whoosh e revela formas para lidar com esta situação que podem transformar a sua relação. Pode acontecer em qualquer altura: quando alguém critica a refeição que passou a tarde toda a preparar, ou quando um amigo prometeu chegar a horas, mas atrasou-se 20 minutos. Sempre que tem uma reação emocional forte e repentina, dá-se o whoosh.
O conceito pode ser quantificado. Juliane Taylor Shore, uma psicóloga especializada em neurobiologia interpessoal, mencionou num workshop com Terry que o whoosh pode acontecer numa fração de segundo. Isto porque ativa o tronco cerebral, a parte mais velha e primitiva do cérebro, com o propósito de garantir a nossa sobrevivência. Algo muito útil em situações de perigo, mas que não tem serventia no que diz respeito às relações com outros seres humanos.
A autoproteção não leva a outra pessoa em consideração, e, muitas vezes, é sinónimo de atacar ou de um shutdown — reações que raramente fazem algo pelos nossos laços interpessoais. Se conseguir esperar até que o neocórtex (evolutivamente mais recente e regulador) entre em ação, poderá parar por um momento, acalmar-se e tomar uma decisão ativa sobre como gostaria de responder.
Há dois benefícios neste cenário: permite ter uma visão mais ampla da situação e decidir como conseguir o pretendido sem cortar a comunicação cordial; se conseguir chegar a um estado de calma, a sua autorregulação provavelmente acalmará a outra pessoa e fará com que o neocórtex dela (também) assuma o controlo.
Parece simples, mas manter a calma quando somos tomados por sentimentos negativos é uma tarefa extremamente difícil. Contudo, este redirecionamento interno é possível, especialmente com tempo e prática. Aqui fica um exercício de três passos, partilhado pela revista “Psychology Today”, que pode ajudar a transformar a sua relação.
- Reparar no whoosh: “Uau. Este comentário foi muito condescendente. Deixou-me com o sangue a ferver”;
- Acalmar-se: “Vou dizer que tenho de ir buscar mais água quente para o meu chá, de modo a ter uns minutos para me acalmar-me. Ele parece estar de mau-humor; talvez isto não seja sobre mim”.
- Perceber o seu objetivo: “Vou defender-me ao responder calmamente. Depois, fortalecerei a nossa relação ao perguntar como foi o dia dele”.