"A tragédia da ponte de Entre-os–Rios é o simbolismo mais trágico da sociedade da ignorância." Quem o afirma é a cientista Maria de Sousa. Professora no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, no Porto, tem um currículo tão extenso que se perde o fôlego a enumerar tudo o que fez. Distinguiu-se sobretudo nas áreas de imunologia e patologia molecular, e assumiu vários cargos de docência, direcção e orientação de projectos, em Portugal e no estrangeiro.
Com uma carreira rara para uma mulher de uma geração em que as meninas eram educadas para o casa-mento, Maria de Sousa dedica-se à investigação, ao ensino pós-graduado e ao combate dessa "sociedade da ignorância em que os modelos visíveis são pessoas que ganham milhares de contos sem fazerem nada." Uma das suas preocupações é tentar que uma nova geração de investigadores tenha condições para fazer investigação em Portugal. É difícil? Como a própria afirma, "é difícil porque as pessoas não querem. Se houvesse querer colectivo, tudo se conseguia.