QUESTÃO Cláudia Vicente: Eu e o meu namorado remodelámos recentemente uma casa. Temos procurado inspiração nas ideias que surgem na vossa revista para criar a nova decoração. No entanto, queríamos pedir a vossa ajuda para decorar o quarto maior da casa, que tem uma óptima área. mas cuja parede maior faz um ângulo, ou seja, não é uma parede direita. As paredes são brancas, existe um roupeiro embutido na parede e uma janela na parede de frente para a porta. Quanto ao mobiliário, gostamos de linhas direitas. Relativamente ao acabamento, não temos preferência, tanto gostamos de mobiliário claro como escuro. Queremos sobretudo tirar partido da área do quarto, criando um ambiente moderno, acolhedor e funcional!
SOLUÇÃO por Ana Rita Soares
Ter um quarto com uma boa área nem sempre é sinónimo de uma fácil tarefa na decoração. Um quarto que seja amplo, mas que tenha paredes interrompidas (por portas, janelas ou roupeiros) também pode ser um desafio muito grande na hora de fazer a distribuição do mobiliário. No seu caso, apesar de também ter paredes interrompidas, compreendo que a maior dificuldade se prenda com a dita parede angulosa, pois sendo a parede maior do quarto, à partida estaria ‘destinada’ a ser a zona onde colocaria a cabeceira de cama e as mesas-de-cabeceira, mas esteticamente ficar com a cama “enviusada” não resulta nada bem e cria até um certo desconforto e desorganização visual. Por este motivo, optou-se por outra solução. Partindo deste princípio, e do ponto de vista da optimização do espaço, a decisão recaiu sobre a criação de duas áreas distintas dentro do quarto, em que a cama ficasse numa posição completamente direita e recta e não na diagonal ao quarto, conseguindo-se assim dissimular por completo o ângulo da parede. Para tal, criou-se uma cabeceira de cama que simultaneamente serve como divisão do quarto em zona de dormir e zona de toucador e arrumação. No fundo criou-se uma pequena antecâmara.
Ao entrar no quarto, do lado esquerdo, foi colocada uma cómoda com gavetas que permite complementar a arrumação dada pelo roupeiro. Também as “costas” da cabeceira de cama que divide os dois ambientes têm dois nichos para livros, revistas ou até caixas de sapatos, no fundo, aquilo que sempre se pretende num quarto – zonas de arrumação.
O mobiliário escolhido define-se pelas linhas direitas, simples e modernas, com as quais a Cláudia se identifica e, na verdade, não foram necessárias muitas peças de mobiliário para compor este quarto e dotá-lo de tudo aquilo que é essencial para que seja funcional e acolhedor. Optou-se por móveis lacados a branco, em busca de um estilo leve, em que alguns apontamentos de cor e de elementos naturais balançam a neutralidade do quarto e atribuem-lhe jovialidade. Ainda para esta zona do quarto, escolheu-se um tapete em cor framboesa (um dos apontamentos de cor) e um candeeiro de tecto, uma peça distinta e com algum design que enriquece bastante esta decoração. O fundo dos nichos da cabeceira surge pintado numa cor escura para criar um contraste com o branco do lacado e simultaneamente atribuir mais alguma profundidade (visual) aos nichos. Na antecâmara, há ainda lugar para um espelho de parede (amplia o espaço e tem um carácter funcional) e para o cadeirão Tulip Chair branco que serve como mais um elemento de apoio. Para o coxim do cadeirão escolheu-se um tecido florido e colorido como apontamento de jovialidade.
A cama fica de frente para a janela, ou seja, a vista está direccionada para a janela/paisagem. A cabeceira da cama é também lacada a branco e também tem um nicho com o fundo escuro, mas neste caso o nicho serve como mesa-de-cabeceira. É uma forma de optimizar o espaço pois se colocássemos duas mesas-de-cabeceira o espaço de circulação circundante à cama ficaria muito apertado. Os candeeiros de “mesa” são aplicados na cabeceira da cama, de forma a também ‘poupar’ espaço. A cama é um simples somier e os tecidos escolhidos para colcha, manta e almofadas, são neutros, em beije e brancos, para manter a leveza do espaço. Apenas em duas das almofadas surge o mesmo tecido estampado que se aplicou no coxim do cadeirão, de forma a criar uma continuidade e ligação entre os dois ambientes. Para as cortinas deve optar por um tecido natural como um linho semi-transparente bege ou branco para que não lhe filtre demasiado a luz que entra no quarto. Por baixo da cama foi colocado um tapete em lã entrançada bege, essencial ao conforto de uma zona de dormir.
Ao fundo da cama, junto à janela, surge um arranjo de canas de bambu em folha, que atribui profundidade ao quarto. A ideia é que quando se entre no quarto, apesar de nos depararmos com a divisão criada pela cabeceira da cama, vejamos para além dela, tendo percepção de que há uma continuidade do quarto para lá da cabeceira da cama. Ao vislumbrar-se uma planta ao fundo, tem-se essa perfeita noção. Como detalhe final à decoração, um busto feminino revestido a rattan, junto ao roupeiro, cumpe mais uma necessidade funcional.