Na era da comunicação, dominar as novas tecnologias pode fazer toda a diferença na sua busca de emprego. José Quesada, especialista de recursos humanos e criador da empresa CV-DNA, diz-nos como orientar a nossa busca de emprego, conjugando as novas tecnologias com verdades antigas, que não convém esquecer.
PONHA AS REDES SOCIAIS A TRABALHAR PARA SI
• Em quais devo estar? “Acima de tudo no LinkedIn, a rede que tem crescido mais nos últimos anos e que vai continuar a crescer. A informação tem, no entanto, alguns problemas de credibilidade – muita gente diz ser ‘manager’ de qualquer coisa e isso não corresponde ao nosso tecido laboral. Um erro grande é, no seu perfil do LinkedIn, pôr quatro ou cinco funções no cabeçalho. No Facebook, ou opta por ter apenas um perfil pessoal, com publicações que só os seus amigos podem ver, ou abre uma conta exclusivamente profissional. Ter o perfil pessoal aberto a toda a gente é um erro que nos pode prejudicar bastante. Há empresas que se dão ao trabalho de procurar candidatos no Facebook e vão ver os amigos que têm em comum. Alguns vão ligar ao amigo comum a fazer perguntas sobre o candidato – ‘o que achas dela?’ O impacto destas primeiras impressões é muito forte.”
• Cuidado com as fotos que publica. Abstenha-se de imagens na praia, em festas com amigos e roupa decotada. “Já cheguei a receber currículos com fotos desse tipo… ou a beber e a fumar. Revela falta de preparação e sobretudo de bom senso.”
• Seja coerente. Escreva tudo na mesma língua – se o seu currículo está em inglês na sua página de LinkedIn, escreva tudo em inglês. A informação que está na sua página dessa rede social deve ser completamente coerente com o seu currículo em outras plataformas e suportes.
TEM UMA ENTREVISTA DE TRABALHO… POR SKYPE?
Numa época em que cada vez mais profissionais pensam seguir carreira no estrangeiro, fazer entrevista de emprego por videoconferência – Skype, Google Talk ou outra plataforma – vai começar a ser comum. “Deve preparar-se para ela da mesma maneira que se prepara para qualquer outra”, observa José Quesada. “Preferencialmente, o cenário deve ser sóbrio e limpo. Se tiver confusão à sua volta vai dispersar a atenção do entrevistador. Escolha um sítio reservado, onde possa estar em silêncio e onde possam fazer uma entrevista como se estivessem na mesma sala. Fundo branco, uma estante com livros arrumados atrás, uma sala minimamente formal, são sempre bons cenários. Deve estar vestida como para uma entrevista normal, proceder da mesma forma, ouvir atentamente e responder a todas as perguntas.” Certifique-se de que a sua ligação à Internet funciona a 100%. No que toca ao telemóvel, quando estiver à procura de emprego “evite ao máximo os waiting rings” – músicas que tocam durante o sinal de chamada. “Descredibilizam-na.”
FAÇA COM QUE O SEU CURRÍCULO DÊ NAS VISTAS
Pela sua experiência de trabalho e habilitações, claro. Mas também é preciso que ele se destaque no meio da pilha de currículos de outros candidatos ao mesmo lugar. Alguns conselhos de quem sabe:
• Prenda a atenção em menos de um minuto. O recrutador tem pouco tempo para analisar o seu currículo. Logo, na primeira página deve destacar quem é, o que sabe fazer, a sua formação e últimas experiências de trabalho, em poucas linhas. Se lhe interessar, o recrutador pode ver o resto nas páginas seguintes. “O currículo não tem de ter a história toda da sua vida. Tem, sim, de chamar à atenção para o chamarem a uma entrevista. É nela que tem que mostrar o que vale”, lembra José Quesada. “Um dos erros mais comuns nos CV é serem muito extensos e terem frases que não fazem sentido.” Remeter para a consulta do currículo completo online também é uma boa ideia.
• Foto: sim ou não? “Se estou a enviar uma parte da história da minha vida, faz sentido mostrar a minha cara. Se a fotografia for má, ainda é pior do que não enviar. É o menos importante de um CV, mas vivemos numa era de imagem, por isso tem peso.” Fotografe contra um fundo branco e esteja vestido de acordo com a profissão a que se candidata.
• Currículo certificado vale por dois.Funciona como uma espécie de selo de qualidade do seu currículo, que mostra aos empregadores que as informações do CV correspondem à verdade. “Nos currículos doura-se muito a pílula, mente-se”, explica Quesada, que faz certificação na CV–DNA. “Quisemos criar um mecanismo em que a informação pudesse ser certificada através de um procedimento único. As pessoas apresentam–nos documentação e vamos aferindo os pequenos detalhes.”
• E porque não um vídeo-currículo? Fazer um currículo em vídeo mostra que é criativa e consegue manejar as novas tecnologias. Nele, pode usar imagens, música, ligações para as suas páginas nas redes sociais e para o seu currículo online. Mas deve ser breve. “Ou cativa nos primeiros segundos ou não vão vê-lo até ao fim. Tem que ser simples, claro e objetivo mas apelativo. Quem tenta desenvolver essa ideia já é uma pessoa ‘fora da caixinha’, com ideias muito próprias de como se mostra ao mercado. Não resulta para toda a gente.”