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REUTERS

O tempo é de paz e amor, mas quantas vezes não se zanga a família inteira porque ninguém decide onde passar a consoada?

1 – Afinal, onde é que se passa a consoada?

Os pais dela acham que deve ser na casa deles porque é maior e cabem as crianças todas.

Os pais dele acham que deve ser em casa deles porque não é justo que fiquem sempre com o dia 25 que é o Natal de segunda categoria.

E é difícil que não continuem a tratar os respetivos filhos como crianças e a fazer chantagem emocional.

A coisa pode piorar quando ele e ela se separam quando ela o apanhou com a Luisinha da contabilidade, e muitos episódios da telenovela depois, tornou a casar, de maneira que agora além de dois pares de avós há três, e as crianças, para onde é que vão, não é justo que vão para os pais do Rui, embora os adorem, mas também não é justo que o Rui festeje com os pais do Manel, era o que faltava, aHHHHHHHHHH! Socorro!

Como resolver: Dizer que ‘alternam’, além de não soar muito bem, geralmente é utópico porque depois ninguém cumpre o que ficou estabelecido. Enfim, geralmente a coisa tem tendência a resolver-se da maneira mais prática (acabam todos na casa que tem mais crianças ou passam oa véspera num sítio e o natal no outro ou celebram dois natais) embora a situação possa continuar a gerar anti-corpos natalícios por muitos anos.

2 – A quem é que se dá presente?

Ela quer dar presentes só às crianças, ele acha que o Natal é uma festa universal e que os adultos estão mais precisados de um presentinho (quer dizer, já se está a ver sem o écran plasma que estava a pensar sacar aos sogros, com um bocadinho de boa vontade e algumas indiretas a dizer que está farto de ver a Final da Taça num écran do tamanho da bola).

Ainda por cima a família cresceu, e só de crianças há mais do que em toda a Kidzânia, mesmo que se desse presentes só às crianças já era a ruína! Ah, como percebe o Rei Herodes!

Inda por cima, por que raio é são sempre as mulheres que compram todos os presentes? E quando se acabou de decidir que a contenção era a ordem do dia, ele aparece no dia 26 com um BMWX5 porque estava a ressacar um presentinho?

Como resolver: Aqui não há nada a fazer: crise é crise, forretice é forretice, e só mesmo as crianças escapam (às vezes nem as crianças). Se quer muito o écran-plasma, mais vale recorrer ao crowdfunding do que à sogra.

3 – Como aturar um chato

Há famílias encantadoras, em que a avó passou a tarde a fazer bolos, os netos não falam alto, gostam de todos os presentes e agradecem delicadamente, o avô veste-se de Pai Natal e os tios e tias ajudam a pôr a mesa e nunca se pegam uns com os outros.

Infelizmente, a sua família não viu esse filme.

O avô já não se lembra do nome de todos os netos, metade dos netos preferiu ir para outras casas e a outra metade tenta arrancar o pai natal de plástico da varanda, a avó passa o tempo a resmungar que se soubesse tinha ido com as amigas para Jerusalém fazer a Via Dolorosa, que sempre devia ser mais divertido, o primo Roberto pega-se com o tio Acácio porque um acha que o Plano Orçamental deve ser aprovado e o outro acha que andamos todos a reboque da máfia alemã, o Simão pega-se com a Violeta porque ela diz que Simão é nome de macaco e ele diz que Violeta é nome de vaca, e em resumo, o documentário sobre a família ideal nunca pediria permissão para vos filmar. Como é que se atura esta gente?

Como resolver: O mais seguro é pôr toda a gente a fazer qualquer coisa, mas nem sempre há tempo e organização para isto. Se desatarem todos ao estalo, deixe-os lá. Afaste as jarras, frite as azevias, e a meio da refrega pergunte ‘Alguém quer ver uns episódios do Downton Abbey?’ Se ninguém quiser, pelo menos vai pô-los a falar de outra coisa (da escandaleira que foi porem um episódio de natal com os mortos todos que não interessa a ninguém).

4 – Dahhh….

As crianças são os reis do natal, e sabem-no. Aliás, são os reis da vida toda, por isso não é de estranhar que no natal a situação se reforce.

As crianças estão no meio da sala a desembrulhar presentes e a família ao lado olha… Passam de um embrulho para outro à velocidade da luz, e parece que nada daquilo os faz verdadeiramente felizes…

Quando aos adolescentes, passam o serão emburrados e debruçados sobre o gameboy sem trocar palavra com ninguém. Às vezes são os únicos a ter presentes, e mesmo assim nem se dignam agradecer… Como é que se combate aquela ideia de que tudo lhes é devido? E como é que se inclui um cego-surdo-e-mudo num serão de família?

Como resolver: Mais uma vez, põe-se o surdo-mudo a fritar qualquer coisa. Se mesmo assim continuar surdo-mudo, pelo menos terá sido útil à sociedade, o que já não é dizer pouco.  Quanto às crianças, tem bom remédio: não lhes dê tanta coisa.

5 – Mas eu odeio isto!

Ela passou o ano inteiro a apontar para a montra da ourivesaria ou da perfumaria e a dizer ‘eu quero aquilo’. Nada.

Ele estava de auriculares (verdadeiros ou metafóricos) e aí por volta de dia 24 de Dezembro à tarde leva as mãos à cabeça e lembra-se que ainda não comprou a única prenda que tem mesmo de comprar sob pena de greve de sexo nos próximos 10 anos.

Entra numa loja qualquer e estende a mão e compra qualquer coisa tipo o primeiro perfume que encontra, um livro sobre vinhos (para ele próprio), uma caixa de chocolates (que ela não pode comer), uma camisola que não é o número dela e além disso é às bolas, um saco de água quente com o Noddy, um despertador sem pilhas, uma chávena de café quando ela não bebe café, ou um ramo de gipsófilas que empestam a casa.

Ela protesta que não era nada daquilo que queria, ele diz que não tem telepatia, ela diz que para o ano escreve uma carta ao pai Natal, ele diz que as mulheres são todas umas complicadas e nem o Pai Natal as entende, ela diz que os homens são todos uns egoístas, ele vai jogar playstation, ela vai para o Internet Dating Service ou para o cotasmaduras.com, onde também não anda ninguém a não ser trolhas americanos com mais de 345 quilos que deviam ir ao ‘Biggest Looser’ . E pronto. 

Como resolver: Se ele não pensa muito no assunto é porque não está mesmo interessado em si. Tem um ano para arranjar outro Pai Natal e ser feliz. Se lhe sai ao lado mas esforçou-se, diga “ó querido, que fofinho, gosto taaaaaaanto!” mesmo que vá a correr doar aquilo aos Emaús. A intenção é que conta, diziam as nossas avós e tinham razão, e o amor está muitíssimo mais acima que a sinceridade.

6 – Quando o natal é uma seca

O mini-natal nem sempre dá briga, mas quem sobreviveu relembra-os sempre como os Natais mais tristes da sua vida.

São aqueles típicos do pai-mãe-filho adolescente. Os avós morreram ou estão longe, irmãos não há, primos idem, e os tios andam nas suas vidinhas, e há 3 (ou 2…) pessoas à mesa.

Se pensarmos bem, é uma cópia (enfim, se não contarmos o burro, a vaca e o anjo)…) da Sagrada Família, mas para a nossa cultura, viciada em famílias quilométricas de irmãos sorridentes e avós de avental de folhos carregando perus e bacalhaus como nos anúncios de azeite, parece-nos sempre pouco.

Passam o serão a ver a Júlia Pinheiro ou a Teresa Guilherme naquelas emissões que foram filmadas com três semanas de antecedência com toda a gente a fingir que era Natal, tudo a comer em silêncio ou a fingir que se estão a divertir imenso quando afinal ninguém sequer gosta de bacalhau.

Ter um natal de 3 pessoas (ou 2…) parece que falhámos na vida, que ninguém nos ama, que a nossa família é mesmo pequenininha, e que a culpa é nossa… Quando a criança se levanta e diz que vai ter com os amigos, ou que vai para o quarto ver quem anda a plantar bacalhaus no Farmville, quem pode culpá-lo?

Como resolver: Não é o número de pessoas que faz um natal, mas o espírito. Se só uma pessoa tem espírito, tente convidar outras para juntar à festa. Se mesmo assim forem pouquinhos, faça o que pode. Se mesmo assim a chama não pegar, olhe, festeje para dentro. Ou deite os outros pela janela.

7 – Qual cara metade?

Passámos um mês a comprar presentes. A decidir onde é que se vai. E o que é que se come. E o que é que se dá à Mimi que tem tudo e ao pobre do sem-abrigo da esquina que não tem nada (podiam casar-se os dois e seriam felizes).

E há mais trabalho porque o chefe é contra o Natal, diz que é uma armadilha capitalista para nos sacar carcanhol e ele é um espírito livre, e como é um espírito livre mantém-nos algemados ao computador a mourejar noite fora.

Quando se consegue escapar há filas quilométricas na estrada porque toda a gente vai para o Corte Inglês todas as noites, devem andar a ter casos com as garrafas de marrasquino do Club del Gourmet, e depois há a festa de natal da criança a que, como de costume, só vai a mãe, aliás é a mãe que vai a tudo e que planeia tudo e compra tudo, o pai limita-se a receber o presente a dizer ‘mas tu sabes perfeitamente que o tweed me pica no pescoço’. Em resumo, já não vê a sua cara metade há 55 dias, e quando o vê está tão furiosa que explode “Para o ano, passo o Natal em Belém!” ao que ele responde “Caxias é mais bonito nesta época do ano”. Muito engraçadinho. Há de ver os termos do divórcio.

Como resolver: Mais uma vez, podia-se dizer ‘tirem algum tempo para namorar’, mas mais uma vez é o tipo de coisa que ninguém faz. Olhe, respire fundo, mantenha a cabeça fria, arranje um gel de banho que cheire bem (nunca subestime a importância de começar bem o dia), tome vitamina C, compre um presentinho para si própria e pense que o stresse é normal. É Natal. Há de passar. Feliz natal.

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