O tempo passou depressa. Por muito rápida que eu tente ser o tempo ganha-me sempre. Parece que foi ontem que nos sentámos os três a tentar decidir que melhoramentos fazer no camião logo após o Africa Race. A meta era o Rali de Marrocos que se realizaria só em Outubro… E eis que aqui vou eu, pela estrada fora a caminho de Zagora onde se vão desenrolar, ao fim da tarde, as verificações desta corrida.
Os ralis começam sempre por um dia dedicado a tarefas de caracter administrativo a que chamamos “Verificações Administrativas e Técnicas”. Neste dia a organização da prova verifica toda a documentação das equipas inscritas assim como as características técnicas dos veículos. Depois é afixada a lista definitiva de participantes e o rali fica pronto para começar.
Já aqui estou há dois dias, depois de uma viagem de três dias pela estrada fora a 90 km/h que incluiu a passagem do barco. Viemos mais cedo para treinar um pouco e, acima de tudo, para afinar os novos amortecedores do camião. Fiquei contente com as melhorias conseguidas. Agora posso manter o acelerador no fundo durante mais tempo, consigo andar mais depressa, mas a tarefa que me espera não é ser fácil.
A lista de inscritos é de cortar a respiração e vou na expectativa de ver o nível de preparação daqueles camiões, a maioria deles construídos com o objetivo de competir. Pergunto-me o que conseguirei eu fazer quando comparada com eles.
Sou a única mulher que participa nestes ralis em camião. Por várias razões esta é uma atividade que os homens desempenham com mais facilidade mas, com mais ou menos dificuldade, as mulheres também podem fazê-lo. Eu quero fazê-lo com muita qualidade e por isso empenho-me e trabalho muito para o conseguir. Contudo, confesso que na véspera das provas me sinto sempre um pouco ansiosa.
Veremos o que me espera em Zagora ao fim da tarde.