As disparidades salariais são cada vez menores
Esta é uma boa notícia; no entanto, a situação pode ser sempre melhorada. De acordo o gender pay gap, Portugal é um dos países europeus que melhor lida com a disparidade salarial. Por exemplo, na Estónia os homens chegam a ganhar cerca de 29,9% mais do que as mulheres e no Reino Unido mais 19,7%, enquanto em Portugal estes ganham mais 13%. Para que consigamos compreender melhor, as mulheres na Estónia trabalham cerca de 109 dias por ano de forma “gratuita” (quando comparamos o seu salário com o dos colegas do género masculino), enquanto que as mulheres em Portugal trabalham cerca de 47 dias. Nenhum dos casos é motivo de celebração, no entanto podemos ver que Portugal é um dos países se está a caminhar na direção correta.
O progresso em Portugal: lento e constante
Dados do estudo da Informa D&B, realizado em de Março de 2016, afirmam que 28,5% das empresas portuguesas são geridas por mulheres, o que representa um aumento de 5,2% nos últimos 5 anos, sendo que a percentagem de mulheres em cargos de gestão também aumentou cerca de 34%. O progresso, independentemente da forma que assume, demora o seu tempo e Portugal tem demonstrado por si mesmo ser um país pioneiro no que concerne esta temática.
Sandra Alvarez, Diretora Geral da PHD (empresa pertencente ao grupo Omnicom, onde 50% dos cargos de direção são ocupados por mulheres), é um exemplo de liderança no feminino em Portugal. Mas fazem falta mais exemplos. Há um longo caminho a percorrer, nomeadamente no que diz respeito à ideia de que a obrigação das mulheres é ficar em casa a tomar conta dos filhos. Infelizmente, algumas mulheres aceitam esta realidade no seu quotidiano. No entanto, há ainda alguns casos nos quais as mulheres não querem assumir uma posição de liderança, uma vez que dão prioridade às suas famílias. As exigências podem ser demasiadas no que concerne a dedicação profissional.
As profissionais do género feminino que demonstram a mesma disponibilidade que os homens tendem a ter as mesmas oportunidades mas a realidade está ainda longe da perfeição e há ainda um longo caminho a percorrer. É perfeitamente esperado e aceite que as mulheres queiram dar prioridade à família, recusando um cargo de liderança. No entanto, surge a pergunta: porque é que não pressionamos os homens da mesma forma? Tudo relacionado com a mentalidade. Encorajando os homens a desfrutar da licença de paternidade e a assumir um papel central junto das respetivas famílias, talvez as mentalidades se alterem.
A maternidade e as mulheres
É vital perceber que trabalho e gravidez não se excluem mutuamente e que Portugal oferece boas opções de maternidade – cerca de 150 dias de licença com remuneração entre os 80% e os 100%. É claro, que pode não ser tão generoso quanto outros países, como o Reino Unido que oferece 52 semanas, das quais 39 são pagas. Talvez, se os homens fossem encorajados a tirar mais tempo de licença também seriam pagos, traduzindo-se assim numa maior partilha de responsabilidades entre ambos os géneros. Esta discrepância não faz sentido e parece absurdo continuar a pagar a homens e mulheres de forma diferente. Conforme a humanidade vai evoluindo, a natureza da paternidade e o seu significado tem vindo a alterar-se. Tomemos os países nórdicos como exemplo, nações pioneiras no que concerne a licença de paternidade, o que conduziu a uma divisão mais equilibrada do pagamento da licença entre pais.
É importante, para cada profissional, perceber exatamente quais as nossas expetativas e o que deseja em termos profissionais, mantendo os seus princípios. Não devem ter medo de falhar: uma má decisão é melhor do que nenhuma decisão.
Um ambiente de apoio para os líderes
Será que Portugal tem um ambiente que apoia as mulheres que se querem tornar líderes no mundo empresarial? Todos os países têm um caminho a percorrer no refere a igualdade para as mulheres no mundo empresarial, mas Portugal tem vindo a dar os passos corretos e a mover-se na direção certa. Podemos apontar alguns aspetos positivos, como as boas condições em termos de licenças de maternidade, as relativamente reduzidas disparidades salariais e ambientes laborais favoráveis ao sucesso das mulheres. Estes fatores podem parecer pequenos, mas são necessários e significantes para alavancar os portugueses para uma melhor sociedade, tanto para os homens como para as mulheres.