The Silence Breakers – ou os Quebradores do Silêncio em português -, “as vozes que iniciaram um movimento”. É assim que a ‘Time’ apresenta a(s) personalidade(s) de 2017. Na capa, cinco mulheres, entre as quais Taylor Swift e a atriz Ashley Judd, em representação de todos os que denunciaram episódios de assédio e abuso sexual ao longo deste ano.
A reportagem conta, entre outras, a história da acusação de Taylor Swift contra David Miller, antigo locutor de rádio que abusou sexualmente da cantora num evento em junho de 2013.
A denúncia foi feita e o agressor foi condenado a pagar um dólar à cantora, quantia que ainda não lhe foi entregue. “Acho que esse ato de desafiar [a decisão do tribunal] é simbólico por si mesmo“.
A cantora explica como, depois de denunciar o ex radialista, a internet e os meios de comunicação social fizeram do caso uma piada. Mas foi quando Swift se sentou no tribunal para ser julgada por difamação contra o seu agressor que o apoio surgiu nas redes sociais.
“Podem fazer-vos sentir que estão a reagir de forma exagarada, porque a sociedade fez com que estas coisas parecessem banais. O meu conselho é que não se culpem a vocês mesmos e não aceitem a culpa que os outros vão tentar pôr em vocês. Não deviam ser culpados por esperar 15 minutos ou 15 dias ou 15 anos para denunciar o abuso sexual ou assédio ou pelo que acontece a uma pessoa que faz a escolha de te abusar sexualmente ou de te assediar“, diz.
Taylor Swift acrescenta ainda que as pessoas homenageadas com este prémio mudaram o jogo quanto à tolerância deste tipo de abusos. “Acho que este momento é importante para a consciencialização, para como os pais falam com os filhos e como as vítimas processam o trauma, seja recente ou antigo“, diz a artista.
A Time sublinhou também o caso de Ashley Judd, uma das vítimas de Harvey Weinstein, denunciada pelo The New York Times, e que fez despertar uma série de queixas contra o produtor.
A publicação divulga ainda histórias de vítimas anónimas, como a de uma produtora de morangos, uma engenheira, uma lobista e uma funcionária de um hospital. Entre as vítimas, surgem ainda nomes como as atrizes Rose McGowan, Alyssa Milano e Selma Blair, a senadora Sara Gelser e a ativista Tarana Burke, criadora do movimento #MeToo (EuTambém), que começou com o objetivo de “fazer as pessoas entender a magnitude do problema“.
A edição anual da revista Time “Personalidade do Ano” destaca o perfil de uma pessoa, de um grupo, uma ideia ou um lugar que mais influência teve durante o ano. Em 2016, a pessoa escolhida foi Donald Trump.