O mundo das relações não é fácil. E se o convívio com amigos tem altos e baixos, também o tempo de passamos com a nossa cara metade pode ter dias mais difíceis. E como seria caso, além destes obstáculos comuns, os seus amigos não se dessem bem com o seu companheiro? A psicóloga Kate Balestrieri explica como agir.
“Se o seu amigo e companheiro não conseguirem estar perto um do outro, deixam-na numa situação difícil. É complicado porque, agora, há três pessoas a fazer uma amizade ou relação amorosa resultar“, começa por contextualizar .
O facto de termos duas (ou mais) pessoas de quem gostamos, com opiniões bastante diferentes uma da outra, leva-nos, antes de mais, a questionar quem estará certo, se o que pensam ou dizem um do outro tem algum fundamento, ou se são, simplesmente “manias”.
Ter em conta a fonte
Devemos “olhar para a qualidade da amizade“, refere a psicóloga. “Eles [amigos] têm um historial de nos apoiar nos momentos bons das nossas vidas? São uma fonte credível de reflexão?“, acrescenta.
Embora pareça uma abordagem um pouco radical, a verdade é que, mesmo relações de amizade longas, podem ter alguma competição. E não só. “É possível para as mulheres terem ‘aminimigas’ próximas. Agressão disfarçada, competição e inveja podem sabotar a nossa relação amorosa, especialmente se o nosso amigo ou amiga for conhecido por fazer comentários inconvenientes acerca dos nossos entes queridos“, remata, referindo que, caso a amizade se mostre, pelo contrário, bastante sólida, a opinião dos amigos em relação ao nosso companheiro deve ser tida em conta.
Obter mais informação
Miriam Kirmayer, terapeuta, revela que obter uma fundamentação clara para o desagrado dos nossos amigos é essencial. “Isso ajudar-nos-á a perceber os seus motivos e a ter discussões que irão preservar a amizade. Além disso, enquanto tivermos a capacidade de ser abertos a esse nível, teremos uma ideia melhor do que leva os nossos amigos a reagir de certa forma, e seremos capazes de os entender melhor“, diz.
“Muitas vezes, os criticismos chegam pelo simples facto de a pessoa amiga não ser capaz de escolher um parceiro como o nosso para si e, como tal, projeta as suas próprias decisões em nós“, finaliza Miriam, referindo que, a outra causa é, frequentemente, o facto de passarmos a estar mais tempo com o nosso companheiro do que com a amiga ou amigo, o que pode causar-lhe desagrado. Ou seja, se, em vez de uma discussão honesta, a sua reação for, imediatamente, mandá-los calar e dizer que não sabem do que falam, a amizade poderá estar em risco.
Responder de forma carinhosa
Quando tiver o tipo de conversas referidas acima com os seus amigos, é importante manter uma postura calma e evitar responder de forma agressiva. Na verdade, se estivermos seguras na nossa relação, não há qualquer necessidade de adotar uma postura defensiva.
“Podemos dizer ‘isso é difícil de ouvir’ ou ‘não concordo’, estabelecendo alguns limites, mas também podemos validar a opinião, mesmo que não estejamos na mesma página, e dizer ‘sei que é difícil para ti partilhares isso’ e ‘obrigada por seres honesta comigo’“, refere a terapeuta.
Quando nos sentimos ‘atacadas’, pode ser complicado manter uma postura calma, mas, segundo Miriam, é essencial que consigamos estabelecer um equilíbrio entre a validação da opinião do outro, e o estabelecimento de alguns limites, de forma correta.
Shasta Nelson, CEO do GirlFriendCircles.com, comunidade que promove relações de amizade mais profundas, afirma que é essencial “Expressar aos nossos amigos que isto é o que nos deixa feliz, que a nossa intuição nos diz para ficar, para já“. Além disso, devemos perguntar-lhes, “Vais virar a esquina em vez de falar comigo acerca disto? Estarias disposta a apoiar-me e a ajudar-me a ser a minha melhor versão nesta situação?“.
Foco na solução
A verdade é que nem sempre é fácil fazer duas pessoas gostar uma da outra, pelo que encontrar um meio termo é a melhor forma de lidar com a situação. “Encontre a base do problema da pessoa amiga e foque-se em como pode preservar os aspetos mais saudáveis da relação. Para muitos, isso significa terminar o relacionamento, mas, para outros, quer apenas dizer que basta ouvir as necessidades da pessoa amiga, que apenas quer interagir mais connosco, da forma que acontecia antes da relação“, afirma Kirmayer.
Por sua vez, Balestrieri sugere que, para mantermos ambas as relações, devemos procurar entender como podemos deixar cada pessoa o mais segura possível. “Pergunte-lhes separadamente do que necessitam para se sentir seguros. Estabeleça limites nos quais eles se possam sentir tranquilos na presença da outra pessoa” – por exemplo, evitar determinados assuntos quando estão juntos.