
O discurso de culpabilização da vítima, em casos de violação, é – infelizmente – algo recorrente. Sob a forma comum do comentário “estava a pedi-las“, baseado na roupa que usava ou quantidade de álcool que tinha bebido, muitos acreditam que a pessoa violada é, muitas vezes, a culpada. E uma exposição veio agora provar que tal ideia não podia estar mais errada.
De nome “O que tinhas vestido?“, a exibição, situada no Maritime Community Centre, em Molenbeek, Bruxelas, até 20 de janeiro, apresenta as roupas que as vítimas usavam no dia em que foram violadas. E estas não poderiam ser mais surpreendentes: desde um conjunto de t-shirt e calças largas, a um pequeno vestido de criança, as peças não poderiam ser mais diversas e, no geral, chocantes. Ao lado de cada uma, surge um breve relato da vítima.
Constituída por 18 conjuntos de roupa doados à ONG CAW East Brabant, que apoia vítimas de violência sexual, a exposição pretende passar uma mensagem importante. “Espero honestamente que as pessoas mudem as suas visões sobre as vítimas. A violação não é sobre sexo, de um homem que não consegue controlar os seus desejos. É sobre poder“, afirma Delphine Goossens, gerente de projetos do serviço de prevenção de Molenbeek.
“Gostaríamos que as pessoas entendessem que qualquer mulher pode usar o que quiser e não ser atacada. É isto que a exibição mostra: nenhum conjunto de roupa previne uma violação. Este é um problema mundial. Ouve-se muito dizer que o vestuário da mulher pode dar a entender que querem ter relações sexuais. Espero que a exposição mude o que as pessoas pensam sobre o assunto e como conversam com as vítimas“, finaliza.
