Corte de Espinhos e Rosas é um livro de Sarah J. Maas, publicado pela Marcador. O início de uma trilogia que estava entusiasmada em ler, uma vez que já tinha apreciado outros livros da autora norte-americana. A publicação em Portugal deixou-me satisfeita e foi o pretexto ideal para entrar nesta leitura que fala de um mundo novo, onde humanos e fadas coabitam, ainda que com as devidas distâncias, devido a uma rivalidade e ódio ancestrais.
Percebe-se que a autora inspirou-se no conto de “A Bela e o Monstro” para a base desta obra. Existem vários elementos que nos remetem imediatamente para essa história tão conhecida, desde o aprisionamento de uma jovem na casa de um senhor poderoso e com aspeto algo invulgar até a uma maldição que tem regras restritas para que um dia seja quebrada. Apesar dos paralelismos que podemos fazer, este livro acaba por ter desenvolvimentos inesperados. O romance está sempre lá, talvez algo subtil, numa fase inicial, e depois despoletando para o centro da narrativa.
No geral, a história é cativante e faz-nos torcer pela protagonista e um leque de outras personagens. Ainda assim, é verdade que deve ser vista no sentido de entretenimento, pois existem várias questões que podem colocar dúvidas, nomeadamente no que toca a relações abusivas. A autora pode tentar provar que tal advém dos contrastes culturais entre as personagens, mas nem sempre tal convence por completo.
Feyre é uma protagonista que gera interesse mais pelas situações em que se vê envolvida do que pela personalidade em si. A forma como ela reage às adversidades e faz de tudo para levar a sua avante tanto causa concordância como uma certa frustração, numa fase inicial. Já numa parte mais avançada da trama, revela uma resiliência que nos faz devorar o que resta do livro, só para se descobrir o que lhe vai acontecer a seguir. Quanto às restantes personagens, há diferentes personalidades, sendo as mais intrigantes Nesta, irmã da protagonista, e Rhysand, uma figura misteriosa que nos deixa sempre na dúvida sobre o que realmente pretende.
A forma como Sarah J. Maas adaptou o folclore das Fadas resulta num mundo interessante, que tem ainda muitas camadas para descobrir. Ler este livro dá uma sensação de familiaridade, pelos elementos já conhecidos, mas também de novidade, pelas muitas reviravoltas que não deixam adivinhar facilmente o que vai acontecer a seguir. Corte de Espinhos e Rosas revelou-se uma leitura agradável, divertida, que transporta para um mundo fantástico e nos deixa embrenhados.
Sinopse:
Feyre, uma caçadora de dezanove anos, mata um lobo na floresta. Como consequência, uma criatura monstruosa aparece em busca de vingança e arrasta-a para uma terra encantada conhecida apenas através de lendas. Ali, porém, a sua prisão é um palácio magnífico e o seu carcereiro não é um monstro.Tamlin, o Grande Senhor da Corte da Primavera, trata-a como uma princesa.
Durante a convivência forçada com ele, os sentimentos de Feyre passam de fria hostilidade a uma paixão que será vivida apesar das advertências. Mas há um mal antigo a corroer aquele reino e a espalhar-se para o dos mortais. Feyre terá de arranjar forma de o deter ou Tamlin e o seu mundo estarão condenados para sempre.