Margarita Pugovka é a beleza apurada, entre a moda e a pastelaria, que nos adoça o palato e o olhar. Embora tenha sido a moda a surgir como carreira de forma mais vincada na sua vida, a paixão pela cozinha sempre esteve lá e tornou-a num caso sério de sucesso nas medidas exatas dos doces que cria com amor. Isto porque desde que deixou a Letónia, o seu país natal, e veio com os pais para Aveiro, aprendeu a descobrir sabores e ingredientes que lhe alimentavam os sonhos e a vontade de comer bolos e doces.
Hoje, prepara-se para entrar em casa dos portugueses através do novo programa do 24 Kitchen, Chef de Serviço, com estreia marcada para 18 de setembro, onde nos irá levar numa viagem de inspiração por sabores e receitas que prometem deixar água na boca.
Se cozinhar é um ato de amor, adoçar a vida da forma bonita como o faz é um ato de amor a dobrar?
A meu ver, independentemente de se fazer pastelaria ou cozinha, ambas são formas muito genuínas de “cuidar”. Seja para saciar, para dar prazer ou criar momentos memoráveis à mesa. Obviamente, e eu sou suspeita no assunto, uma refeição não é igual sem a presença de uma bela sobremesa para a encerrar.
Qual é a receita que faz sempre para si quando lhe dá aquela vontade súbita de comer um doce? E, já agora, pode partilhá-la connosco?
O nosso palato e olfato têm o incrível poder de nos transportar para diferentes momentos da nossa vida. Tenho muitos tipos de madalenas de Proust, mas a maioria das vezes acabo por fazer o meu crumble de pêra e manteiga noisette. Esta receita será revelada num dos episódios da minha parte do Chef de Serviço.
Já assumiu que foi a sua paixão pelo açúcar que a fez aventurar-se pelos doces. Ainda assim, e olhando para trás, este era um caminho inevitável na sua vida?
Apesar de ser certo que iria sempre gostar de pastelaria, acredito que se não fosse a minha participação no Masterchef, não o estaria a fazer profissionalmente. Antes disso, nunca achei possível enveredar por este ramo. Por esta altura seria, provavelmente, formada em Biologia e a fazer sobremesas nos tempos livres.
Esta paixão cruza-se com a sua carreira como modelo. Como é que se conciliam estas duas artes tão distintas?
A pastelaria e a moda têm mais em comum do que aparentam. Ambas partem de conceitos, memórias ou emoções para desenvolver um produto. Ambas exigem disciplina e precisão e por fim, ambas necessitam de um sentido estético e visual apurados. No que toca à moda, obviamente não desenvolvi coleções. No entanto, pude assistir aos processos criativos de muitos designers, à forma como maquilhadores, cabeleireiros e fotógrafos se alinham de forma a transmitir uma visão e por último, o papel fundamental de um manequim para tornar real essa visão. Ao substituir alguns nomes, a mesma descrição poderia ser utilizada para uma cozinha.
Enquanto modelo, pôde viajar pelo mundo e experimentar outros sabores. Sente que de alguma forma isso também lhe abriu os horizontes e o palato em termos culinários?
Sem dúvida. As minhas viagens e o contacto com diferentes culturas gastronómicas tiveram um papel fundamental para desenvolver o meu palato e curiosidade pelas imensas possibilidades que a pastelaria apresenta.
Há uma beleza muito própria nas suas criações e na forma como apresenta os seus pratos. Esse sentido estético é-lhe inato ou foi sendo apurado com a moda?
O facto de ter trabalhado muitos anos rodeada de pessoas extremamente criativas e com um sentido estético muito marcado fez com que fosse inevitável acabar por ganhar um gosto por esse lado visual.
Embora não seja portuguesa, Portugal tornou-se na sua casa muito cedo. Que sabores tipicamente portugueses não dispensa na sua mesa?
Não vivo sem coentros, azeite e um bom refogado.
E quais a inspiram mais quando está a criar os seus doces?
Adoro o facto de poder criar sobremesas a partir da riqueza paisagística portuguesa ou utilizar sabores muito típicos da cozinha salgada para esse efeito.
Agora em setembro vamos podê-la ver num novo programa no 24Kitchen. O que nos pode desvendar, o que podemos esperar deste projeto?
O programa tem um formato inovador e permite ao espetador uma conexão muito mais emocional aos chefs através das suas histórias de fracassos e sucessos, inspirações e gostos. Nesse sentido, foi incrível poder partilhar receitas tão marcantes para mim neste registo. Espero que mais do que fazer receitas, o público aprenda algumas técnicas para uma pastelaria infalível e que se identifique com esse lado emocional.