
Ok, vamos lá então a mais um romance passado na Segunda Guerra, A última rosa de Xangai, de Weina Dai Rande. Calculam com certeza que agora vos vou dizer que este não é ‘mais um’ romance.
Têm razão. Para começar, é um ângulo muito diferente da Segunda Guerra, visto a partir do lado oriental, Xangai. Não sabemos – a maioria de nós – nada sobre história da China, nem sabemos que foi invadida e ocupada pelo Japão.
Até há quem considere o início da Segunda Guerra Sino-Japonesa em 1937 como o início da Segunda Guerra Mundial. Em 1941 (pronto, essa parte já sabemos porque aparece nos filmes americanos) os japoneses atacaram Pearl Harbour, e a partir daí a China contou com o apoio dos Estados Unidos, que forneceram armas aos exércitos chineses, principalmente aos nacionalistas liderados por Chiang Kai-shek.
A segunda guerra sino-japonesa termina em 1945, quando o Japão se rende aos Aliados (a China fazia parte destes), depois das duas bombas atómicas. A seguir à derrota japonesa, a China recuperou o território perdido para os japoneses.
Fecha o parêntesis da aula de História, segue o livro. A ação passa-se em 1940, em plena Segunda Guerra, numa Xangai ainda ocupada pelos japoneses. É aqui que vamos assistir ao romance entre duas pessoas de culturas muito diferentes: Ernest Reismann, um refugiado alemão judeu, sem cheta, que chegou a Xangai com a irmã, e Shao Aiyi, uma jovem herdeira dona de um glamouroso bar. Ambos têm 19 anos e um feitio determinado – há leitores que os acusam a ambos de egoísmo, mas vocês dirão de vossa justiça – e não demora até que os seus destinos se cruzem.
Aiyi convida Ernest para tocar piano no bar. E a sua presença é uma espécie de catalizador que torna a fazer do bar, como se diria agora, o sítio mais ‘in’ da cidade.
Como estamos na Segunda Guerra e não em 2024, já estão a adivinhar que a coisa correu mal para os jovens, de uma maneira que deixou marcas até muito depois de a guerra terminar.
Como não gosto de vos dar spoilers a não ser quando preciso mesmo deles, o que vos posso dizer mais é que este é um daqueles livros onde as descrições são tão sugestivas que nos parece mesmo que estamos ali, naquele sítio. Se ler é viajar, este livro é como entrar na Máquina do Tempo e abrir a porta para Xangai, 1940. Prontos para a viagem?
A última rosa de Xangai – Weina Dai Randel, Presença, E20,90