Ora bem, para desenjoar dos monstros (sei que estavam à espera de mais um mas não pode ser todos os dias, senão parece que não há mais nada) cá fica ‘A colher’, um pequeno momento de poesia, para acabarem bem a semana.
E dizem vocês, isto é um livro para miúdos, não é poesia nenhuma. Acontece que é. Aqui se ensina às crianças (e aos adultos) como o mundo inteiro cabe nas coisas mais pequenas – neste caso, numa colher. E sejá estão a perguntar qual é a graça de uma colher, então têm mesmo de ler isto.
Uma colher não serve só para comer a sopa. Há colheres que funcionam como pás, como instrumentos, há colheres que sobreviveram a uma guerra, que foram presente de casamento, que atravessaram gerações, que têm uma história secreta: é preciso é alguém para contar e alguém para ouvir.
Pode ser um livro pequeno mas os livros, como os poemas, não se medem aos palmos. E embora seja para todas as idades, é um livro que nos traz a nós, adultos, memórias que uma criança naturalmente não tem. Lembra-nos os objetos que significam alguma coisa para nós, os que herdámos de pai, mãe ou avó, os que se calhar não valem nada em si mas valem o mundo para nós, os que nos acompanham desde sempre, os que queremos deixar aos filhos, os que funcionam quase como um talismã, como uma metáfora da nossa vida, como um portal para a nossa vida passada.
Uma coisa se garante: nunca mais vamos olhar da mesma maneira para uma colher.
Pronto, agora comprem para vocês ou para os vossos filhos e netos.
Este é o primeiro livro da escritora argentina Sandra Siemens publicado em Portugal, com ilustrações da ilustradora espanhola Bea Lozano.
‘A colher’ – Sandra Siemens e Bea Lozano, Ed. Fábula, E13,95