Eu já tinha lembrado que conforme o Verão se aproxima, a propensão para a asneira vai aumentando proporcionalmente. Zás, infelizmente não errei:
– Os crop tops mal usados. Preveni, não foi? Bruxa. Vamos lá ver se nos entendemos, minhas queridas meninas. Só porque os tops cortados na barriga, a revelar a zona do estômago (este ano não vamos ver tanto o umbigo, o que pode ser menos mau ou péssimo) são tendência não quer dizer que seja obrigatório vestir isso. Esta peça exige uma barriguinha mais que tonificada, sequinha, e a cintura no lugar. Se não for assim, mais vale estar quieta. Não fica bonito e não é confortável. Não entendo porque fazem questão de mostrar precisamente aquilo que deviam esconder.
– As havaianas na cidade. Esta também vale para os cavalheiros. Sou fã deste chineloco – é confortável, dura para sempre e admito que há alguns modelos muito bonitinhos. Mas por amor da santinha, há outros tipos de calçado raso (como as sandálias romanas) para usar na cidade. As havaianas são boas para a praia, a piscina, o ginásio, o calçadão ou para estar em casa. Ponto. Não são para usar quando se toma café com as amigas, para andar no shopping e MUITO MENOS para a faculdade. Nem num curso de Verão, sequer. Não há desculpa. Por muito giras que sejam, havaianas não deixam de ser CHINELOS DE BORRACHA DE ENFIAR NO DEDO. Estamos esclarecidos?
– Quanto às pernas à mostra, já tanta coisa foi dita que não preciso de acrescentar mais nada. Mas pronto, ainda gasto latim mais uma vez: meninas “popozudas”, estilo Kim Kardashian, de coxa grossa, perna forte e rabiosque avantajado, por mais que até sejam bem feitas de corpo não ganham nada com bandage dresses, calçonitos ou vestidos cueca. Então porque será que são precisamente estas meninas que insistem em enfiar-se em trapos destes? Não só fica vulgar, grosseiro, como é totalmente errado para o tipo de corpo. Achata-lhes a figura e parecem uns kinder surpresa de salto alto. Meninas com celulite e outras mazelas: precisam MESMO de fazer isto? Ou acham que o sexo masculino, desde que veja pele à mostra, não repara? E os nossos olhos? Necessitam assim tanto de atenção do tipo errado e de ouvir piropos desagradáveis? Pensem lá bem se sim. Por fim, todas as outras, até as mais esguias e “nínficas” que podem usar este tipo de roupa sem grandes problemas: há ocasiões e lugares para tudo. Determinadas (não todas) saídas à noite e praia, nomeadamente. A plena luz do dia, em plena cidade, não se presta a figuras tão descapotáveis. Nem a escola/faculdade, que não devia sequer permitir a entrada de alunas nesses preparos.
– Por fim, a culpa também é das lojas. Por estes dias uma amiga minha precisou com urgência de um vestido com aspecto executivo para uma reunião – um sheath dress ou vestido camiseiro pelo joelho ou 3/4, com bom ar, que transmitisse credibilidade. Moral da história: comprovou que é verdadeiro o meu princípio “nunca compres um vestido quando precisas dele – compra-o quando aparece”. As lojas tinham este tipo de vestidos… em versão mini. TODOS ELES. Valha-nos que o meu closet – isto são anos a fintar as tendências malvadas, a comprar noutro tipo de sítios, e jamais à última da hora – está bem fornecido de roupa clássica, e lá se fez o jeito. Senhores das Blancos e Zaras deste mundo: a mini saia é gira, mas não é para todos os dias, nem para todos os corpos, nem se presta a todas as ocasiões. Vale? Há quem precise de trabalhar. Há quem não morra de amores por saias curtas ou, muito sensatamente, opte por não as usar porque não é propriamente a saia mais democrática que existe. Logo, numa colecção as peças curtas deveriam ser a EXCEPÇÃO e não a REGRA. Lembrem-se de que os consumidores, se não forem muito informados ou muito exigentes, vão vestir o que está disponível, independentemente de lhes ficar bem ou não. Encontrar os modelos clássicos, intemporais, tem-se tornado cada vez mais difícil, principalmente nas cadeias mais acessíveis. Não há desculpa possível para isso.
– Ainda no seguimento disto, algumas marcas estão a substituir “vestidos” por “mini saquitos de batatas estilo túnica” que custam o mesmo preço de um vestido verdadeiro, e muitas vezes, em tecidos de má qualidade. E não falo só das marcas mais económicas, não. É mal geral. Sabemos que há crise, que a mão-de-obra é cara e que se deve poupar tecido (daí os vestidos tão curtos, ou julgam que ninguém dá por isso?) mas não nos atirem areia para os olhos. E as meninas – sejam compradoras inteligentes. Não paguem por uma túnica curtinha o mesmo que pagariam por um vestido a sério, bem costurado, bem feito. Se é para isso, aprendam a coser e façam em casa – juntar duas partes e cerzir as alças não custa nadinha… escusam de andar a mostrar a roupa interior por aí, e sempre ficam com uma peça exclusiva.