O cabaret encheu-se e foi pintado por uma plateia com todos os estilos e nacionalidades. Chineses, portugueses, americanos, franceses, com estilos desde o mais clássico até ao mais extravagante esperavam para ver as propostas de Fátima Lopes para a próxima primavera/verão. A colecção da criadora portuguesa subiu ao palco do cabaré Le Lido, pela segunda vez. A justificação está à vista assim que vemos os primeiros coordenados. Os anos 60 e o espectáculo musical Sweet Charity, protagonizado por uma bailarina de cabaret foram o ponto de partida para esta colecção, marcada por cortes rectos e uma forte expressão gráfica. O glamour dos musicais da Broadway foi revisitado em peças feitas a pensar em mulheres femininas e elegantes. Os cenários e os looks estavam em sintonia perfeita para criar uma autêntica viagem até aos musicais. “Queria que as pessoas tivessem a ideia que estão no cabaret a ver um show e não um desfile de moda”, explicou a criadora.
Um espectáculo que está pronto para ir da passerelle para o guarda-roupa de todas as mulheres. Fátima Lopes criou a pensar em looks mais comerciais, que nem dispensam modificações para saírem para a rua. “Fiz esta colecção para mim. Muitas vezes a colecção de passerelle é muito ousada e é preciso transformá-la completamente para ser mais comercial. Apeteceu-me que esta colecção fosse comercial por si, que fosse espectáculo e que toda a gente pudesse usar“, explicou a própria. “Eu quero usar”, acrescentou já com um dos seus conjuntos vestidos.
O preto e branco foram os grandes protagonistas da colecção, com alguns rasgos de amarelo. O meio-termo foi dispensado e deu lugar a vestidos muito curtos ou compridos, onde a sensualidade estava nos decotes profundos nas costas. Para a estação quente Fátima Lopes quis jogar com os materiais e com os cortes. Uniu sedas, rendas, croché e pele e através da modelagem criou um efeito muito gráfico. “Há muita mistura, vestidos com saias por baixo e peças que se podem virar se do avesso e ter outra cor “, descreveu a própria.
A grande novidade estava nos pés das modelos e da própria criadora. A linha de calçado é uma das apostas da marca. “Portugal está a dar cartas no calçado e a marca Fátima Lopes vai ajudar no crescimento”, admitiu no final do desfile.
Continuar o processo internacionalização continua a ser um dos objectivos da marca, que conta com o apoio do Portugal Fashion para levar o talento nacional além-fronteiras. “O Portugal Fashion tem feito um trabalho fabuloso, não só comigo mas também com todos os jovens que estão a começar. É fundamental este apoio, porque o nosso país é pequenino e precisamos desta alavancagem”, referiu.
Esta foi a 32º vez que a criadora portuguesa apresentou as suas propostas em Paris, que a própria descreve como uma “montra para o mundo inteiro”. Desta vez o desfile não fez parte do calendário oficial da Semana de Moda de Paris. “Foi uma questão de horário, não aconteceu nada. Há seis meses o desfile foi às 9h30 e eu prefiro mais tarde. Na próxima temporada logo se vê”, explicou Fátima Lopes rodeada por jornalistas de todas as nacionalidades que não paravam de a solicitar. Este é mais um sinal de que nome da criadora é reconhecido e de que a moda portuguesa continua a afirmar-se num dos maiores palcos da moda.