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O que é que mudou em dois anos?
Continuo a trabalhar muito. Faço a telenovela ‘Amor Maior’, a peça ‘O Jovem Mágico’ no Teatro do Bairro, e ensaio ‘A noite da Iguana’, que vai estrear em janeiro. E os meus filhos cresceram. É aí que se nota mais a passagem do tempo.

O que é que eles fazem?
O mais velho está no curso de realização. Nunca o demovi, sempre lhe disse ‘faz o que quiseres, faz o que achas que te vai dar paz e felicidade’. Claro que as pessoas têm de ter o mínimo para sobreviver, mas cada vez mais penso que não é o dinheiro que nos traz segurança. A segurança depende do que temos na cabeça e não na carteira. O mais novo quer ser ator, fazia de fantasma no ‘Conto de Natal’ que encenámos em Ponte de Sor, e não só decorou o papel dele como o texto todo. Não sei se vai para ator, mas adora esse mundo. O segundo vai para Filosofia, que adora.

Revê-se neles?
Muito. Sobretudo naquilo que eles têm de liberdade, de cabeça ‘arejada’, daquilo que herdaram de mim.

Somos pais mais próximos do que os nossos pais foram?
Somos, claro que sim. Eu tenho uma vida totalmente caótica em termos de horários, estou a ensaiar enquanto a maioria das famílias janta, mas temos muitas alturas em que estamos mais livres e mais presentes na vida uns dos outros. Um amigo disse-me uma vez isto, quando eu andava com imensas angústias de passar pouco tempo com eles: ‘Os filhos precisam só de uma coisa – de saber que são amados’. Isto é que é fundamental. E eles também aprenderam que a minha falta de tempo para eles tinha a ver com a minha enorme necessidade de fazer aquilo que mais amo na vida. Isto também é uma lição. O meu filho mais velho dizia-me há tempos ‘Eu não te vejo nunca como uma cota’. Isso é um grande elogio.

E como é que um casamento sobrevive a três filhos e uma profissão desgastante?
Claro que as coisas não são sempre fáceis, há muitos choques entre um casal, e quando as relações duram muito tempo há sempre desgastes e atritos, mas a única coisa que nos salva é o amor. Sem isso, não há relação que resulte.

O que é que uma telenovela dá de valioso a um ator?
Imenso, em termos de aprendizagem de vida, e sobretudo naquilo que aprendemos na rapidez que é preciso para se fazer aquilo. É preciso estar muito presente e muito focada, é um exercício de concentração total que nos dá uma técnica incrível. A novela tem isso de diferente em relação ao teatro, essa rapidez, e a capacidade de repetição.

O teatro é irrepetível?
Claro. E há a relação com o público, a energia que flui entre o público e um ator e que transforma um espetáculo. Quantas vezes nós não sentimos que estamos num dia de ‘mau público’?

O que é que resta da criança que foi na mulher que é?
Muito, muito, coisas a mais. O facto de ser muito irreverente, de ter necessidade de me pôr à prova, e de pôr os outros à prova, e uma ingenuidade constante que tenho perante a vida e as coisas, acho que sei muito sobre as pessoas e no entanto elas estão-me sempre a surpreender. Isso é maravilhoso.

Sabe cozinhar?
Adoro. Sei fazer tanta coisa! Por exemplo, se convidasse agora uns amigos podia fazer perna de borrego com castanhas num forno a lenha. A minha mãe era uma cozinheira extraordinária, sou de uma família de mulheres que cozinhavam quotidianamente para 30 ou 40 pessoas, eram feijoadas e caldeiradas típicas do Ribatejo, portanto ensinaram-me tudo, ainda por cima a única menina.

Uma coisa que sempre quis ter?
Um cavalo. Montava em pequenina, aos 5, 6 anos já montava, mas o meu marido não gosta muito de cavalos, os miúdos também não, por isso em adulta nunca os tive. Mas em miúda era hiperativa, andava com os meus primos na égua do meu tio, que era uma égua de lavoura. Tomávamos banho no sítio dos bebedouros dos animais, com água verde, devia ter salmonelas a boiar e ninguém ficava doente (risos).

Se acordasse amanhã na cabeça de alguém, de quem seria?
O Buda! (risos) Para saber tudo sobre a paz, o total, o nirvana. Isso seria muito interessante. Mas acho que lhe ia desarrumar a cabeça toda. A paz que nos falta não é a interior, é a exterior, que não depende de nós.

O melhor conselho que já lhe deram?
Não julgar. É difícil ficar calado e guardar as nossas opiniões para nós, sem interferir na vida dos outros, sem dizer ‘não faça isso’. Uma vez comecei a tentar dar conselhos e a pessoa disse-me: ‘Não me dês conselhos. Não preciso disso’. E é verdade. Porque nós não sabemos o que é ser aquela pessoa. Eu nunca diria a alguém ‘Não me dês conselhos’, mas agradeço que alguém me tenha dito isso, que me tenha colocado no sítio. Porque senão nós continuaríamos a fazer isso, na nossa boa vontade e na nossa ânsia de ajudar.

É um mocho ou uma cotovia?
Sou da manhã. Indiscutivelmente. Gosto da noite, mas se me deitar às 2 da manhã acordo às 7. Não consigo perder a manhã.

Abre o guarda-roupa e encontra o quê?
Imensa coisa diferente, sou muito fútil, adoro roupa. A última coisa gira que comprei foram umas botas altíssimas, muito azuis, lindas. Adoro andar de salto alto, sou capaz de correr de saltos na calçada portuguesa.

Se tivesse um milhão de euros, o que é que faria?
Viajava. Adorava ir ao México. Tenho imensa curiosidade sobre a civilização Maia. Uma vez fiz um espetáculo em que começávamos com um sacrifício humano, era uma cena fantástica. Aquilo era sangue para os deuses, eles estavam constantemente em oferendas.

Como é que celebra o Natal?
Sempre em família, mas com muitas saudades do tempo em que os meus pais estavam vivos e estava toda a gente cá. Uma das coisas que se sente inevitavelmente quando se chega à minha idade e se está à mesa de natal é a ausência dos que já cá não estão. Na minha família continuamos a juntar-nos, na mesma casa onde nos juntávamos, mas os tios mais velhos já foram todos, e isso custa muito. Esse espírito acho que nunca mais se recuperou, ficámos órfãos de centro. No natal de hoje rimos e conversamos e acabamos sempre a falar nos que já não estão connosco. Mas talvez seja a evolução natural das coisas. É verdade que hoje vivemos a vida de outra maneira. As mulheres da minha família passavam a noite a fazer filhoses, nós vamos comprar filhoses à pastelaria.

Sim, mas elas não tinham uma peça em cena, outra em ensaios e uma novela em rodagem…
Pois, isso é verdade.

Styling: Gabriela Pinheiro; Maquilhagem: Cristina Gomes
Cabelos: Joana Oliveira para Hair Fusion

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