Nasceu há 43 anos em Vila Franca de Xira mas é uma cidadã do mundo. O seu início de vida não foi nada fácil. Quando tinha apenas dois anos, a sua mãe biológica estava doente e sem trabalho e a vizinha, Maria Cristina, viúva, refugiada de Angola e mãe de seis filhos ofereceu-se para cuidar da menina. ‘Onde comem 6 comem 7’, dizia Maria Cristina que todos os dias trabalhava arduamente nas limpezas para sustentar a família. Acabou por viver com Maria Cristina até à altura da sua morte, mas nunca mais se esqueceu da sua generosidade e é por isso que hoje tem uma fundação em seu nome, a Fundação Maria Cristina que nasceu em 2005. A história desta instituição começa quando Maria da Conceição, já adulta, depois de viajar pela Suiça e Inglaterra, à procura de trabalho, consegue emprego como hospedeira de bordo na companhia aérea Emirates e um dos voos em que viajava faz escala em Daca, no Bangladesh. O que viu nos bairros de lata daquela cidade redefiniu aquilo que considerava como pobreza extrema e motivou-a para criar uma associação que ajudasse as famílias a sair do ciclo de pobreza, dando possibilidade às crianças de frequentar a escola. Começou por pedir ajuda a amigos e empresas e durante 5 anos ainda tentou conciliar o emprego com o seu trabalho humanitário mas apercebeu-se que tinha de se dedicar de corpo e alma ao seu novo projeto. Tudo estava a correr bem quando se deu a crise económica e as empresas diminuíram drasticamente os seus donativos. Foi então que Maria da Conceição tentou outra forma de adquirir ajuda financeira: através do patrocínio de eventos desportivos, e seria ela quem iria participar.
Nunca morreu de amores pelo desporto, não sabia nadar nem andar de bicicleta, mas nada dessas dificuldades e impediram de cumprir os seus objetivos: em 2013 foi a primeira portuguesa a chegar ao cume do Everest e ao Polo Sul, bateu 8 recordes do mundo, participou em maratonas e ultramaratonas em todo o mundo e 16 anos depois daquela promessa em Daca pode orgulhar-se de ter ajudado mais de 600 crianças a concluir o 12.º ano, 30 das quais estão em instituições de ensino superior. “Tudo o que eu fiz foi acreditar num sonho, e queria dizer-vos que tudo é possível, não parem de acreditar”, disse ao aceitar o prémio ACTIVA Mulheres Inspiradoras 2020, entregue a 27 de maio no Teatro Tivoli BBVA.
Os Prémios Activa Mulheres Inspiradoras 2020 contaram com o apoio da Endesa, Filorga, Pantene e Seat.