Num mundo muito marcado pela globalização, onde todos querem ser iguais, quem faz diferente tem tido cada vez mais destaque. Isto verifica-se particularmente na indústria do entretenimento, agora que “diversidade” e “representatividade” são as palavras de ordem, por exigência de uma nova geração de celebridades, influenciadores e consumidores.
Nesse sentido, exemplos como o da jovem aspirante a diplomata Melisa Raouf, que deixou a sua marca no Miss Inglaterra 2022 antes da grande final do concurso, ou o de Alicia Keys, tão famosa pelas habilidades para a música como pela coragem de remar contra a maré, são verdadeiras inspirações. Conheça melhor as respetivas histórias destas mulheres que dizem não à maquilhagem para combater padrões irrealistas de perfeição.
Melisa Raouf
Pela primeira vez nos quase 100 anos de história do Miss Inglaterra, uma concorrente vai apresentar-se na final sem um pingo de maquilhagem. O feito de Melisa Raouf, de 20 anos, está a tornar-se viral nas redes sociais.
“Significa muito para mim, porque sinto que muitas mulheres, de diferentes idades, usam maquilhagem por se sentirem pressionadas para tal”, disse ao jornal britânico Independent. “Se uma pessoa está feliz na própria pele, não deve ser obrigada a cobrir o rosto com maquilhagem. Os nossos defeitos fazem de nós quem somos e é isso que torna cada indivíduo único”.
Raouf explicou ainda que, embora tenha começado a usar maquilhagem em tenra idade, decidiu deixar este tipo de produtos cosméticos de lado para participar no concurso de beleza. “Nunca senti que correspondia aos padrões de beleza. Aceitei recentemente que sou bonita na minha própria pele e foi por isso que decidi participar sem maquilhagem”.
Para surpresa de muitos, a jovem natural do sul de Londres conseguiu avançar até às semifinais e, agora, terá a oportunidade competir pela tão desejada tiara em outubro. Numa publicação feita no Instagram, refletiu sobre a repercussão que a iniciativa tem tido em todo o mundo.
“Não esperava que a minha história se espalhasse globalmente como aconteceu, mas estou encantada por ter acontecido e espero poder fazer a diferença para muitas meninas e mulheres. Durante muito tempo, sentia que não estava completa se não estivesse a usar maquilhagem. Só recentemente aceitei que a confiança interior brilhará sempre de forma muito mais radiante do que qualquer quantidade de maquilhagem, e isso tem sido libertador”, escreveu.
Daqui para a frente, a estudante universitária espera continuar a promover o #barefacetrendmovement para ajudar a empoderar mulheres de todas as idades a sentirem-se confiantes na própria pele, sem cederem às pressões da sociedade para se esconderem sob maquilhagem.
“Apesar de eu ainda acreditar que não há problema em usar maquilhagem, não devemos deixar que ela defina a nossa aparência. Usar maquilhagem não deve ser a opção padrão, mas uma escolha, e as mulheres devem poder abraçar as suas diferenças”.
Alicia Keys
Corria o ano de 2016 quando uma decisão polémica de Alicia Keys fez correr muita tinta. A cantora começou a optar por looks naturais, sem maquilhagem, depois de trabalhar com a fotógrafa Paola Kudacki no álbum “Here”.
“Eu tinha acabado de sair do ginásio, estava com um lenço sob o meu boné de baseball, e a linda fotógrafa Paola disse: ‘Temos de te fotografar neste momento, assim! A música é crua e real, e estas fotos também têm de o ser!'”
Num ensaio para a extinta newsletter Lenny Letter, de Lena Dunham, a estrela escreveu sobre as pressões que sentia para parecer perfeita. Desde domar o cabelo afro na segunda classe a sentir-se invisível ao lado das colegas maquilhadas na escola secundária, Keys revelou que sentia a necessidade de se “esconder para estar um pouco mais próxima da perfeição”. E quando entrou na indústria da música, essas pressões só aumentaram.
“Era o mundo ríspido e julgador do entretenimento, e o meu maior teste até à data. Eu comecei, mais do que nunca, a tornar-me num camaleão. Nunca sendo totalmente quem eu era, mas a mudar constantemente para que todos os ‘eles’ me aceitassem”.
Foi por isso que o pedido de Kudacki se revelou difícil, mas, mais tarde, incrivelmente compensador. Além do projeto discográfico e de várias publicações nas redes sociais, a artista mostrou-se tal como é, de ‘cara lavada’, em passadeiras vermelhas e capas de revistas internacionais. Pelo caminho, deu visibilidade ao movimento #nomakeup em Hollywood.
“Senti-me poderosa porque as minhas intenções iniciais realizaram-se. O meu desejo de me ouvir, de derrubar os muros que construí ao longo de todos aqueles anos, de ser cheia de propósito e ser eu mesma!” fez saber. “Espero que seja uma revolução, porque não quero voltar a esconder-me. Nem o meu rosto; nem a minha mente; nem a minha alma; nem os meus pensamentos; nem os meus sonhos; nem as minhas lutas; nem o meu crescimento emocional. Nada”.