Numa música que é um manifesto, Luísa Sobral usa a sua voz para cantar todas as mulheres e retratar a força feminina, empoderadora e de mudança. “Sempre pensei que só houvesse um sentido no caminho para a igualdade de género e racial, em frente. Para mim seria impensável as mulheres poderem perder o direito a votar ou voltarem os transportes públicos divididos por zona de negros e zona de brancos. O mundo onde eu julguei habitar não era ainda igualitário, mas caminhava nesse sentido, mesmo que por vezes com passos curtos e vagarosos e com ritmos diferentes em diferentes partes do mundo”, começa por explicar a autora de “Serei Sempre Mulher”, o segundo single do seu mais recente álbum, “DanSando”.
“Foi então que assistimos a um retrocesso assustador nos direitos da mulher no Afeganistão. Perderam o direito à educação, perderam a liberdade de escolher cobrir ou não a cabeça e deixaram de poder andar sozinhas na rua. Caiu de novo o véu da invisibilidade sobre as mulheres afegãs. Foi a pensar nessas mulheres que escrevi esta canção, sem saber que uns meses mais tarde morreria Mahsa Amini, uma mulher iraniana a quem foi retirada a vida por usar o hijab de forma inadequada. Nesse dia a minha canção tornou-se sobre ela, também, e sobre todos aqueles que quiseram vingar a sua morte com protestos, muitos deles perdendo a vida ao fazê-lo. Esta é a minha forma de protesto, pela Mahsa, pelas mulheres iranianas e afegãs, e por todas as mulheres que nas suas vidas e profissões se sentem inferiorizadas. Porque ainda acredito que o caminho seja para a frente, mesmo que às vezes se dê dois passos atrás“, frisou Luísa Sobral.