Maria José Roxo, Professora Catedrática na FCSH (fotos: Luís Coelho)

Professora Catedrática de Geografia e Planeamento Regional no Departamento de Geografia, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (da UNL), premiada internacionalmente, Maria José Roxo dedica-se a estudar o problema da desertificação e dos recursos naturais. Não perca esta entrevista com a investigadora que responde às nossas dúvidas com uma clareza extraordinária. O mundo não é um lugar estranho.*

O que estuda a Geografia e como pode ajudar a combater as alterações climáticas?
A Geografia estuda a interação entre o território físico – o relevo, os rios, a vegetação, a floresta, o clima – e as atividades humanas nesse espaço. Tentamos perceber como é o território, a sua dinâmica, para podermos auxiliar numa melhor gestão dos recursos. No momento atual, a questão climática é muito importante e por isso queremos ajudar a compreender não só os fenómenos mas também a pensar em modelos de adaptação, mitigação e combate.

Quais são as nossas maiores riquezas em termos de recursos naturais?
Não somos um país rico em recursos naturais. Não temos nenhuma riqueza a não ser a diversidade, alguns bons solos, alguma floresta, mas sobretudo a paisagem.

Falou em diversidade…
Sim, somos um país pequeno mas com muita diversidade. O norte tem um clima muito mais húmido e montanhoso, o sul é muito mais seco e
plano. Temos diversidade de paisagens, e isso também se reflete, por exemplo, naquilo que é a riqueza gastronómica do país. Outra das riquezas é o clima, que proporciona o turismo. Temos mais recursos do que aqueles que muitas vezes imaginamos. Estou a pensar numa floresta, no montado – o sistema de sobreiros e azinheiras – e que são sistemas e ecossistemas muito ricos.

Não temos petróleo, não temos gás…
Não, nem minerais raros, temos lítio, não temos grandes manchas de solos bons, como têm, por exemplo, os Estados Unidos ou a Ucrânia. Somos um país pequeno, estreitinho, com poucos recursos naturais importantes do ponto de vista económico. O nosso grande recurso, que é pouco falado, é o oceano, mas ainda temos muito de trabalhar para o conhecer bem, porque só podemos utilizar o que conhecemos bem.

Quais são os nossos maiores riscos ambientais?
Temos diferentes tipos de risco. Os que resultam de fenómenos naturais extremos, como as grandes chuvadas instantâneas, e depois temos as secas, as cheias, as inundações, as tempestades que afetam o litoral, os ventos fortes. Há ainda os riscos geológicos, como os sismos. Portugal tem áreas com um elevado risco sísmico – sobretudo na área de Lisboa ou no Algarve – que está relacionado com o risco de tsunamis, e depois temos o risco de deslizamentos de terras aqui na área Metropolitana de Lisboa. A Madeira também tem estes riscos muito acentuados de desabamento de terras, de grandes enxurradas, e os Açores além destes têm o risco de sismos, de vulcões e problemas com tempestades.

Em termos de alterações climáticas, quais são as zonas com mais problemas?
Prefiro falar em mudança climática, mais do que alteração, porque mudança é uma coisa que se vai instalar e já está a ser concretizada.
Por termos esta configuração de retângulo, estreita e junto ao oceano, temos dois mundos: a norte do Tejo, onde a precipitação é mais elevada, onde temos temperaturas mais baixas, os verões são mais amenos, apesar das ondas de calor que têm ocorrido; e temos um sul que é mais seco e quente. Com a mudança climática estamos a registar menos chuva no sul do país; temperaturas elevadas máximas a ocorrerem em mais dias do ano, o que faz com que comece a ter uma mudança para ser um clima semiárido. No norte do país, aquilo que estamos a verificar é que em alguns sítios está a chover mais… Os sistemas naturais são sistemas de equilíbrio dinâmico. Se aqui chove menos, noutro sítio qualquer está a chover mais. Mas eu diria que a área mais afetada com a mudança climática é o Algarve e o Baixo Alentejo.


“As cidades têm de ter espaços verdes para armazenar água no subsolo e vegetação para minimizar as ondas de calor.”

Que atitudes devemos ter como cidadãos?
Acho que todos já perceberam que não temos 4 estações do ano. Agora, precisamos de perceber que não podemos continuar a ter os gastos que temos em relação a alguns recursos, como a água. Vamos ter de pensar que tudo o que é desperdício de água é crime, porque é algo que vai faltar no futuro. Outra atitude muito importante tem a ver com o consumo de bens, o desperdício alimentar, o comprar frutas fora de época, por exemplo, porque são importadas de outros sítios do mundo, que podem ter muito mais químicos, gastaram muito mais água e utilizaram trabalho pouco remunerado.

O problema é que às vezes são mais baratos…
Sim, quando vemos a laranja do Algarve a 2 euros e a laranja de Marrocos a 1 euro, percebo a opção. Algo tem de mudar mas não é só os consumidores, também tem de se mudar as cadeias de alimentação, a agricultura que se faz. Este é um caminho de transição, complexo, mas as pessoas têm de estar informadas.

Falou dos problemas no Algarve e Alentejo, são diferentes dos do Minho e Trás os Montes…
Certo, porque a base geográfica é diferente, as pessoas são diferentes, o tipo de povoamento e de atividades económicas são diferentes. Por exemplo, os problemas ambientais no Minho passam muito pelo tipo de agricultura que se faz, há um problema com nitratos no solo por causa da criação de gado bovino para leite. Quando chegamos a Trás os Montes, são realidades completamente diferentes: é mais seco, mais frio, mais quente durante o verão e tem outro tipo de atividade agrícola. Aqui também já começa a chegar a aridez.

E o centro do país?
O centro tem um enorme problema: os incêndios. E isso tem a ver com vários fatores: ausência de pessoas neste território, ausência de agricultura, os solos não são bons, são pobres e têm relevos. Tudo isto fez com que se começasse a fazer explorações florestais ou reflorestação onde apareceram espécies como o eucalipto e o pinheiro.

Que mais facilmente propagam incêndios?
Não têm forçosamente de ser responsáveis pelos incêndios. Não são as árvores, sejam elas quais forem, que são responsáveis pelos incêndios. São as pessoas.

Os incêndios de 2017 traumatizaram o país…
E revelaram uma coisa: má gestão da floresta. Não podemos ter hectares e hectares de floresta perto de povoações. Temos de ter pessoas no território, mas à volta duma aldeia são necessárias zonas buffer de 1-2 km, sem árvores, para proteger a povoação. Isso implica a gestão do território e nós falhámos nesse aspeto.

Há muitos terrenos ao abandono também…
O problema é a má gestão dos matos e da floresta. Imagine que eu tenho um hectare de terra na Beira Baixa e não quero ter aquela terra com mato, por isso planto uns eucaliptos e pinheiros, mas eu vivo em Lisboa. Aquilo vai crescer ao deus-dará porque raramente lá vou. Muita gente em Lisboa tem terra nessas áreas e nem sabe muito bem onde e como estão e isso é má gestão do território que tem consequências graves como os incêndios. É catastrófico, e Portugal tem imensos estudos de gestão, prevenção, tudo…

Segundo os dados oficiais, 84% da floresta portuguesa é privada, isso não é um obstáculo grande à gestão do território?
Sim, mas já se está a dar um passo importante ao fazermos o cadastro rural, que é uma coisa fantástica já que ficamos a saber quem é o dono da terra, da parcela, se limpou ou não limpou. Estamos a dar outro passo importante, porque há muito território que é herdado e os herdeiros não querem saber, mas agora se não reclamarem passa para o Estado.

Vou fazer uma pergunta parva: porque não se faz um grupo de trabalho para solucionar estes problemas ambientais, como se fez a seguir ao 25 de abril para reduzir a mortalidade infantil?
Já se tenta fazer isso, e fez-se no caso dos incêndios em 2017. O problema é quando se junta a componente política. Na minha opinião, o que é importante é proteger um bem comum como a água, as florestas, os solos… não é se sou do partido A, B ou C.


“94% do território do Baixo Alentejo é susceptível de desertificação, devido à ausência de água, mas também à degradação dos solos e aumento da seca.”

É preciso planear uma estratégia a longo prazo, independentemente de quem governa?
Sim. Imaginemos que sou diretora regional de agricultura do Alentejo. Houve eleições, o poder mudou e eu fui substituir outra pessoa que era de outro partido. Aquilo que tem de fazer é: continuar o que estava a ser bem feito e melhorar o que está mal feito. Isto raramente acontece, porque cada um quer mostrar obra e dizer ‘eu sou melhor do que o outro’. Acho mesmo que o grande problema da sociedade atual é não se pensar e trabalhar o bem comum, a água, a floresta, o ar, a saúde… Estamos muito fechadas em caixinhas, em nós. Até se vê isso no dia a dia, a entrar e sair do Metro as pessoas empurram-se, não têm noção do que é ser amável, no bem-estar de todos.

A construção nas cidades também não parece estar muito focada no ambiente…
As cidades têm de ter espaços verdes para armazenar água no subsolo, vegetação para minimizar as ondas de calor, que é outro problema. Há também muito a fazer do ponto de vista da utilização dos materiais de construção que absorvem mais ou menos calor, devia fazer-se uma construção mais ecológica, com muito mais vegetação, até nos telhados, como já se vê em muitas cidades.

Há uns anos, a Faculdade de Ciências plantou uma minifloresta inspirada no método de um botânico japonês e vários municípios pegaram nessa ideia…
Isso é um bom exemplo, e são esse tipo de exemplos que têm de ser replicados, o futuro passa por aí, porque temos de minimizar o impacto das ondas de calor, o impacto de chover menos.

Num estudo que coordenou, refere que 94% do território do Baixo Alentejo é susceptível de desertificação. Isso deve-se à falta de água?
E não só, o fenómeno da desertificação é complexo, porque resulta de se deixar de ter um ecossistema produtivo devido à ausência de água, mas também à degradação dos solos e aumento da seca.

Os solos degradam-se rapidamente?
Sim, e para os recuperar demora-se 100 a 200 anos. Quando digo que tenho 94% do território susceptível a desertificação, é porque as atividades que estão a ocorrer nesse território vão, com o tempo, levar a essa degradação. E ainda acresce a mudança climática. Nessa área do Alentejo em que fizemos o estudo, temos solos muito bons, produtivos – no perímetro do Alqueva – mas depois há uma faixa enorme com solos muito pobres e que têm sido utilizados para a criação de gado. Porque foi permitido projetos agrícolas com a criação de gado bovino numa área do país onde já dificilmente se consegue alimentar ovelhas e cabras? O gado bovino tem um impacto muito maior sobre o território. Então o que temos é um território degradado, os solos a serem erodidos pela água da chuva, sem coberto vegetal, e o pisoteio dos animais que também ajuda à degradação dos solos.

O que se pode fazer nesse caso?
Medidas de combate! Vamos fazer um pastoreio holístico, mais equilibrado, melhorado. Tirar o gado bovino dali e pô-lo em áreas onde possa existir e ser bem alimentado. Porque um agricultor do século XXI, num país europeu, não pode, jamais, deixar o gado morrer à fome ou à sede. É uma vergonha que isso aconteça.

É difícil pedir aos agricultores essa troca?
Não é fácil, seria mais fácil se – agora estou a inventar – imagine, um agricultor recebe 200 euros por cabeça de gado, e se eu lhe disser ‘não vai receber os 200 euros por cabeça de gado, mas vai passar a receber 1000 por ter 1 hectare de mato porque o mato vai-nos dar serviços de ecossistema: ar, biodiversidade, abelhinhas, ervas aromáticas e água’. Os agricultores precisam de perceber por que o devem fazer e ter uma compensação, porque, no fundo, aqueles que fazem as coisas bem prestam um serviço a todos nós.

Os jovens que fazem ações de protesto alertando para a mudança climática são muitas vezes ridicularizados…
São os mais jovens que estão mais conscientes. Se os restantes tivessem consciência, há muito que tinham tomado outras medidas ambientais, sociais ou económicas. Quem é mais afetado pelas mudanças climáticas, pelos fenómenos naturais, como as secas, a falta de água? Os mais pobres. E pelas crises alimentares? Os mais pobres. Os políticos deviam ter consciência de que a mudança climática tem impactos brutais, sobretudo nas camadas desfavorecidas. E é uma questão de equidade social, de justiça, combatê-la, nem tudo pode ser lucro. Estamos numa fase terrível, com duas crises brutais: a mudança climática e a da biodiversidade. Cada vez que desaparece uma espécie no planeta, há desequilíbrio na cadeia. O ‘vamos salvar o planeta’ é enganador. O planeta continua, temos é de salvar as condições fundamentais para que os seres humanos vivam com ecossistemas saudáveis, salvar a biodiversidade que precisamos e não precisamos, porque é essencial para a dinâmica do próprio planeta em si.


*Entrevista publicada na edição da ACTIVA de abril de 2024


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