Na passada terça-feira, dia 15 de outubro, decorreu a conferência Mulheres sem Pausa, organizada pela Vichy, para assinalar o Dia Mundial da Menopausa, celebrado esta sexta-feira, dia 18 de outubro. O evento, inédito em Portugal, decorreu na Sala Luís de Freitas Branco, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, e reuniu diversas figuras ligadas à área da saúde para falarem sobre uma temática que é ainda considerada tabu na sociedade atual.
Com uma plateia composta maioritariamente por mulheres farmacêuticas, o evento teve a apresentação da Dra. Teresa Mascarenhas, presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia e foi moderado por Rita Ferro Rodrigues, que contou com um painel de seis oradores, composto pela Dra. Fernanda Geraldes (Presidente da Secção de Menopausa da Sociedade Portuguesa de Ginecologia), pelo Dr. André Monteiro (Sociedade Portuguesa de Cardiologia), pela Dra. Manuela Paçô (Dermatologista), pela Dra. Conceição Calhau (Presidente do Conselho Jurisdicional da Ordem dos Nutricionistas e Professora da Nova Medical School), pela Dra. Joana Almeida (Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica) e pela Dra. Ema Paulino (Direção Nacional da Ordem dos Farmacêuticos).
A esperança média de vida nas mulheres é de 83 anos, pelo que, sabendo que a menopausa ocorre maioritariamente por volta dos 50 anos, cerca de um terço da vida da mulher é vivida nesta condição e muitas são as dúvidas levantadas acerca deste processo biológico, natural da vida da mulher, e que se caracteriza pelo fim da produção de hormonas pelos ovários.
Os dados divulgados esta semana pela Secção de Menopausa da Sociedade Portuguesa de Ginecologia dão conta de que 80% das mulheres sente calor ou afrontamentos durante este período, dois terços têm alterações no sono, 24% sente dor ou desconforto nas relações sexuais e 23% sente mesmo redução do desejo sexual, o que evidencia que esta é uma fase algo complicada na vida de grande parte das mulheres e da qual é importante falar. Por esse motivo, na abertura da sessão, Rita Ferro Rodrigues contou que “aceitou imediatamente” o convite quando lhe foi proposto este desafio. “Finalmente vamos reunir numa sala profissionais de várias áreas que vão esclarecer todas dúvidas sobre a menopausa”, continuou.
Outra grande questão que preocupa as mulheres é o envelhecimento da pele e o consequente aparecimento de rugas. “A menopausa é um fator hormonal que acelera o envelhecimento da pele, mas não significa que tenhamos que ficar de braços cruzados em relação a isso”, refere Manuela Paçô, dermatologista. “Cerca de 30% do colagénio da pele está destruído perto de cinco anos depois de ter ocorrido a menopausa” informa. E se há mulheres que não sentem qualquer problema com o surgimento de rugas, para outras isso torna-se um problema, contribuindo para uma baixa autoestima. Então o que é que se pode fazer para atenuar estes efeitos?
“Não é possível ter uma pele de vinte anos aos cinquenta, mas é possível continuar a ter uma pele bonita. Mudar hábitos de vida no que diz respeito ao exercício físico, à alimentação e [ao número de horas] de sono, limpar e hidratar a pele”, refere ainda, acrescentando que o ácido hialurónico pode também ser uma ajuda complementar.
Outro fator a ter em conta é o uso do protetor solar, não só em exposições prolongadas ao sol, mas também para proteção contra a luz azul, emitida pelos ecrãs dos computadores, tablets e smartphones, aos quais estamos constantemente expostos.
Ainda no que respeita à alimentação, a Dra. Conceição Calhau defende a necessidade de uma alimentação adequada logo desde os primeiros anos, até como “preparação para as alterações [que vamos sofrendo] ao longo da vida”. “Na menopausa temos que ter ainda mais atenção à ingestão de cálcio e de vitamina D, que sem dúvida nenhuma é importante suplementar, uma vez que não temos uma vida ao ar livre que nos permita diariamente sintetizarmos esta vitamina”. De resto, refere que não há grandes alterações alimentares a fazer quando se chega à menopausa. Ainda que uma das queixas comuns das mulheres nesta etapa seja o aumento de peso, Conceição Calhau refere que é importante moderar a quantidade de alimentos ingeridos, mas que este aumento é “sobretudo reflexo da acumulação de muitos anos a comer mal e a não praticarem exercício físico”. Por fim, deixa ainda algumas recomendações: cortar no sal, no açúcar e nos alimentos processados e ter atenção à composição do prato. “Metade devem ser produtos hortícolas”, afirma, sublinhando ainda a importância de introduzir as leguminosas na alimentação (como o feijão e as lentilhas) e as oleaginosas (como nozes e amêndoas).