No que toca à pandemia que enfrentamos, todo o cuidado é pouco. Sabemos de cor todas as medidas que devemos cumprir – porém, é possível que estejamos a menosprezar as mais básicas. Sendo o sono uma delas.
No início do ano, o analista de dados Feixiong Cheng utilizou mecanismos de Inteligência Artificial para tentar entender como é que o vírus da covid-19 invadia as células humanas. Nas descobertas, destacou-se o facto de se observar que este podia ser bloqueado pela melatonina, a “hormona do sono”.
Ora, esta desempenha um papel fundamental na imunidade, pelo que vários cientistas acabaram por contactar Cheng, acreditando que poderia mesmo haver uma ligação. Durante meses, foram recolhidos dados de vários pacientes e os resultados foram promissores: as pessoas que estavam a tomar a hormona tinham menos probabilidades de contrair a infeção, e ainda menos de morrer da mesma.
Em outubro, um estudo Columbia University veio contribuir para as descobertas, ao revelar que os pacientes intubados tinham maiores taxas de sobrevivência quando recebiam melatonina. Tudo isto gerou um grande interesse nesta conexão e, atualmente, decorrem oito testes clínicos em tal âmbito.
Apesar de os dados nos darem alguma esperança, Cheng alertou para o facto de esta aparente ligação ser apenas um sinal de alerta para algo que esteja a melhorar o estado de saúde dos infetados. Isto é, o analista acredita que o problema pode não estar na melatonina, mas sim no próprio sono.
Isto porque um dos efeitos registados em infetados com o vírus é a falta de sono provocada por insónias, o que leva a um ciclo vicioso. Posto isto, e tendo em conta que dormir se revela essencial à recuperação, o grande objetivo dos investigadores é descobrir como quebrá-lo – ou preveni-lo.