Vários são os especialistas que têm vindo a alertar para os riscos de uma exposição prolongada aos ecrãs, sobretudo nas crianças. Contudo, um estudo recente vai mais além e estabelece uma relação direta entre esta exposição e o aumento dos níveis hormonais em crianças e adolescentes e o risco de uma puberdade precoce.
Os resultados foram apresentados no encontro anual da Sociedade Europeia de Endocrinologia Pediátrica e foram obtidos através do estudo de ratos, divididos em grupos de três. Os primeiros sinais de puberdade ocorreram significativamente mais cedo nos grupos expostos à luz azul e, quanto maior a duração da exposição, mais cedo se dava o início da puberdade. Além disso, os animais apresentaram níveis reduzidos de melatonina e níveis elevados de algumas hormonas sexuais produzidas pelos ovários, bem como alterações físicas no tecido dos ovários.
A puberdade precoce consiste num desenvolvimento que acontece mais cedo do que é suposto e pode traduzir-se em riscos para a saúde da criança. Pode, também, levar a uma maior probabilidade de ter depressão, ansiedade e cancro da mama. Os resultados deste estudo não podem, porém, ser diretamente extrapoláveis para crianças, uma vez que o tempo utilizado de exposição à luz azul não é equivalente ao que veríamos numa criança a utilizar um aparelho normal. Ainda assim, os investigadores ressalvam e alertam para a necessidade de uma maior investigação sobre o tema, dado o recente aumento de casos de puberdade precoce, sobretudo na altura do confinamento, em que as crianças passaram mais tempo em frente aos ecrãs.