“Dificuldade em perder peso, inchaço abdominal, mal-estar digestivo, dores de cabeça frequentes, insónias… isto diz-lhe alguma coisa? São os principais sinais de inflamação. A grande maioria da população sofre de inflamação crónica e não sabe. É algo comum hoje porque está relacionado com a vida que levamos.” É assim que começa o livro de Sandra Moñino, nutricionista integrativa e autora do livro ‘Adeus à Inflamação’ (Harper Collins). Nesta obra, a nutricionista explica como muito do mal-estar físico (e também por vezes, mental) que sentimos nos dias que correm têm como origem uma má alimentação e num estilo de vida pouco salutar- estando o sedentarismo e a pobre higiene do sono no topo… para já não falar do tabagismo, como é óbvio.
“Por trás de uma patologia existe uma inflamação crónica, e se a solucinarmos notaremos uma grande melhoria. Digo sempre que não nos devemos conformar com fármacos para a dor ou para o tratamento de uma doença, mas que devemos indagar muito mais porque se podem prevenir, melhorar e tratar patologias mediante hábitos anti-inflamatórios. Se pensarmos na inflamação em geral, visualizamos o inchaço de um dedo quando damos uma pancada, ou do abdómen quando acabamos de comer, mas não nos lembramos que por trás de dores de cabeça ou diarreias está um corpo inflamado.”
No fundo, a inflamação é uma resposta natural do corpo a algo que ele percebe como uma ameaça. O que acontece depois é uma resposta complexa do nosso organismo: o sistema imunitário é como um general identifica no nosso mapa corporal o lugar onde essa ameaça está ativa e envia as suas tropas (células) para o local para evitar que o ‘inimigo’ ou o problema se espalhe. E a inflamação é o resultado dessa concentração de células numa área específica do corpo. O problema é quando não temos ideia do que causou essa inflamação e ela se torna recorrente e potencialmente crónica.
O pior é que pode não se ver mas sentir-se e sofrer com isso sem que sejam identificados os sintomas como uma inflamação. “Um exemplo é o de todas as mulheres que vão ao médico mensalmente com infeções urinárias recorrentes e lhes receitam antibiótico mês após mês, sem as questionarem muito mais sobre hábitos alimentares e outros sintomas. Essas infeções poderiam ser um sinal ou indício de uma inflamação, tal como acontece com as dores menstruais ou as de cabeça. São sintomas que se normalizam, se ignoram ou se remedeia o problema tratando-o com medicamentos que não vão à origem do que se passa, apenas acalmam a dor ou curam a infeção de forma pontual. O facto de estes sintomas se manterem no tempo sem solucionar faz com que as doenças crónicas sejam cada vez mais comuns e a percentagem da população que padece das mesmas aumente de forma progressiva”, escreve a autora no seu livro. Exemplo disso são doenças com a diabetes tipo II, doenças cardiovasculares como a hipercolesterolemia, hipertensão, hipertrigliceridemia. Também a obesidade – que em Portugal afeta hoje 28,7% da população e se estima que, em 2035, atingirá 39% dos portugueses com mais de 18 anos – é uma doença inflamatória, inflamação essa que dificulta muito o objetivo de perda de peso. “Outras patologias originadas pela inflamação, embora custe a acreditar, são o cancro, a ansiedade e depressão, as desordens hormonais como a SOP (síndrome do ovário poliquístico), o hiper e hipotiroidismo, quistos nos ovários, miomas, endometriose, problemas digestivos como a disbiose ou permeabilidade intestinal, doenças autoimunes como a fibromialgia, esclerose múltipla, a tiroidite, artrite reumatóide ou psoríase, entre outras.”
Sinais de inflamação
Confira se apresenta algum destes sintomas indicativos:
.Fadiga constante
. Insónias
. Confusão mental
. Falta de concentração
. Alergias ou congestão (sobretudo pela manhã)
. Problemas intestinais como diarreia, obstipação, flatulência, refluxo
. Infeções urinárias ou candidíase frequentes ou recorrentes
. Acne, urticária ou vermelhidão na pele
. Herpes, inflamação das gengivas, aftas…
. Dores de cabeça frequentes ou enxaquecas
. Aumento de peso e dificuldade em perdê-lo
. Distúrbios hormonais como atrasos na menstruação, dores fortes, menopausa precoce, pelo fácil, queda de cabelo…
. Dor articular, muscular
. Infertilidade e problemas na gravidez.
Fatores que causam inflamação
A alimentação quando não é saudável pode ser muito pro inflamatória, isto é, se come frequentemente açúcares, gorduras vegetais hidrogenadas, farinhas refinadas ou álcool é normal que isso vá fazer com que haja inflamação generalizada e se prolongue no tempo, tornando-se crónica. Mas há outros fatores que coadjuvantes que eternizam essa inflamação, e Sandra Moñino explica de forma mais detalhada como lhes dar a volta:
. Excesso de medicamentos
. Sedentarismo
. Disruptores endócrinos
. Stress
. Falta de luz solar
. Falta de descanso
Como tratar
Apesar de muitas doenças terem uma origem genética, e não se poder fazer nada para evitá-las, a inflamação pode ser reduzida, amenizando assim também alguns sintomas. Como? Através da alimentação e hábitos de vida saudável. E a nutricionista dá muitos conselhos úteis que vão desde não cozinhar alimentos em excesso, evitar picos de glicose, não beber muita água às refeições, não comer à pressa, ter os níveis de vitamina D nos parâmetros saudáveis, descansar nas horas certas e quando o corpo pede, fazer o tipo de exercício certo… além de nos dar algumas receitas anti-inflamatórias que deve experimentar. Curiosa? Um livro que é um guia para a ajudar a cuidar de si, do seu bem-estar e ter a saúde que deseja e merece.