"Acho que se soubesse ao pormenor o que me esperava, não teria ficado tão assustada, mas fui apanhada de surpresa pelos testes, exames e mesmo pela ambiente frio da sala de partos." Marta tem 27 anos, foi mãe há dois anos e a sua experiência é comum a muitas mulheres: os procedimentos hospitalares são desconhecidos da maioria das grávidas e podem implicar um choque quando chega o momento do nascimento do bebé. Por isso mesmo, aqui deixamos um guia completo sobre o que sucede na maternidade.
QUANDO PARTIR PARA A MATERNIDADE
Há dois sinais que indicam que o nascimento do bebé está próximo:
. Contracções regulares e cada vez mais fortes e dolorosas: de início são espaçadas de 20 a 30 minutos, depois de 5 em 5 minutos durante duas horas. Quando passar a ter contracções de 10 em 10 minutos durante uma hora, está na altura de ir para a maternidade.
. Rompimento das águas: ou seja quando perde líquido amniótico (que é incolor e inodoro) e mesmo que não tenha contracções deve logo dirigir-se ao hospital.
NA MATERNIDADE
*Quando entrar no hospital, vai trocar a sua roupa pela ‘bata’, que é aberta atrás, bem como por meias e touca hospitalar. As suas roupas são guardadas e levadas para o quarto ou enfermaria onde ficará internada.
*De seguida, são efectuados uma série de exames, habitualmente por um enfermeiro-obstreta, que incluem a medição da tensão arterial (sua e do bebé) e um exame de urina, bem como um exame abdominal e genital (conhecido como ‘toque’ e apenas excluído no caso de cesariana previamente combinada), que permitem avaliar a dilatação e a posição do bebé.
*Antes do parto vai ser sujeita à assepsia, que inclui a raspagem ou o corte bem rente dos pêlos púbicos, e, eventualmente, a uma lavagem intestinal, mais comum no caso de cesariana.
*Segue-se a sala de monotorização fetal, onde será ‘ligada’ a uma máquina, com dois receptores na zona da barriga, que têm como objectivo seguir as contracções uterinas e a sua frequência, bem como o batimento cardíaco do bebé. Nesta fase, não é permitido que beba água ou que tenha consigo objectos pessoais, dado que não se encontram esterilizados.
*Será transportada, de maca, para a sala onde decorrerá o nascimento, no momento em que o trabalho de parto estiver avançado. O seu tronco será ligeiramente elevado e as pernas serão apoiadas em estribos. A luz vai incidir na região entre as pernas e verá em seu redor uma série de equipamento. Não se assuste, porque é normal estarem lá não só balão de oxigénio, como aparelhos de choques eléctricos.
*O mais provável é que o médico faça a episiotomia, um corte na zona entre a vagina e o ânus, para facilitar o parto e impedir o rompimento irregular do tecido. É efectuada com anestesia local.
*Receberá sempre instruções sobre a forma como deve respirar e quando deve fazer mais força. Não se assuste quando puxarem a barriga de cima para baixo: é a ‘Manobra de Cristeler’ e serve para empurrar o bebé pelo canal de parto.
*É normal a perda de urina e de fezes durante o parto. Isso pode precaver-se com o reforço dos músculos do perineo durante a gravidez, fazendo exercícios pélvicos que, além disso, ajudam à expulsão do bebé no momento do parto. Isso obtém-se participando nos cursos de preparação para o parto, que são indicados para todas as grávidas.
*O trabalho de parto pode chegar às 24 horas. A média é de oito a doze horas (entre o início das contracções e o nascimento do bebé), mas varia de mulher para mulher.
*Terá de ficar pelo menos 48 horas no hospital, isso em caso de parto vaginal normal, enquanto, se for cesariana, o período poderá chegar às 96 horas.
*Depois do parto é normal sentir dificuldade em urinar, bem como alguma sensação de ardor, que é passageira e se deve à sensibilidade da vagina.
Lide com a ansiedade
*Coloque todas as suas questões ao seu médico, mesmo que lhe pareçam ridículas. Se surgem na sua cabeça é porque podem suscitar medo ou ansiedade e é melhor ficar logo descansada, obtendo a resposta para aquilo que a atormenta.
*Não oiça as histórias negativas e pessimistas. Há sempre situações que não correram da melhor forma, mas são excepções, não a regra. Por isso, mostre-se pragmática: de nada adianta escutar todos os relatos sobre partos complicados que, com grande falta de sensibilidade, grande parte das mulheres parece ter necessidade de partilhar quando vê uma grávida. Vire as costas e deixe-as a falar sozinha.
*Não seja fundamentalista na questão da anestesia. Se tem medo da dor, fale abertamente com o seu médico sobre as várias hipóteses ao seu dispor.
As três fase do parto
*Dilatação
Consiste no alargamento gradual do colo do útero, por onde o bebé tem de passar. Há um encurtamento gradual do período entre as contracções e pode demorar entre as 12 e as 16 horas.
*Expulsão: o feto desce pela bacia e saia através da vagina; tem o seu início quando a dilatação se encontra completa e, em média, demora entre 20 a 40 minutos.
*Dequitadura: fase em que a placenta e as membranas que envolvem o feito são expulsas. O processo deve ocorrer naturalmente, se não o médico procederá à sua remoção. Nesta fase também é realizada a sutura em caso de ter sido preciso cortar o períneo.
Consultadoria: Madalena Barata, ginecologista