As descobertas científicas recentes têm vindo a comprovar o que a tradição dizia há milénios: o vinho tem virtudes medicinais. “Diversos estudos demonstram que pode ter efeitos benéficos na prevenção de doenças cardiovasculares e do cancro”, afirma a nutricionista Rita Fonseca Silva. Estes benefícios advêm, sobretudo, “da presença de antioxidantes, do baixo teor de sódio e alcoólico e da influência no aumento do HDL, ou bom colesterol”, explica a nutricionista Paula Veloso. Mas há mais: “O consumo moderado fornece vitamina B12 e ácido fólico, estimula a secreção gástrica e o apetite e facilita a digestão.”
PODE PREVENIR…
… doenças cardiovasculares
Os compostos fenólicos e o resveratrol, presentes principalmente nas cascas de uvas tintas, possuem propriedades antioxidantes potentes, diminuindo a incidência da aterosclerose, da trombose e do enfarte do miocárdio. O mesmo se diz dos oligoelementos, como os íons e o silício, também presentes no vinho.
… o cancro
Um estudo feito entre 1978 e 1985 seguiu 100 mil pessoas no Centro de Medicina Preventiva de Nancy, em França, e concluiu que os homens que consumiam vinho tinham 23% menos risco de morrer de cancro. Este efeito não ficou demonstrado nas mulheres. De facto, e a crer num relatório do Instituto Nacional do Cancro francês, de 2007, parece haver uma ligação entre o consumo de álcool e o aumento do cancro da mama, predisposição que se verifica depois do primeiro copo, aumentando o risco em 10% com cada copo adicional.
… o Alzheimer
No livro ‘The Save Your Heart Guide’, de Frank Jones (Editora Martin’s Press), são relatados vários estudos efectuados sobre o vinho com efeito no cérebro: melhoria da atenção e agilidade mental, prevenção de Alzheimer e demência senil são apenas alguns benefícios identificados.
Só é bom na medida certa
“Deve ficar claro que tudo o que ultrapassa os dois copos de vinho por dia nos homens e um copo nas mulheres pode ter consequências graves para a saúde, como dependência, aumento da tensão arterial e dos trigliceridos no sangue, lesão hepática, obesidade e certos tipos de cancro”, avisa Paula Veloso. Além disso, é preciso não esquecer que estes estudos estão mais desenvolvidos em ratos do que em humanos, lembra. Moderação é pois a palavra-chave.
Sumo de uva também é bom
Apesar do consumo de quantidades moderadas de vinho e cerveja poder ter alguns benefícios, “é errado consumir qualquer bebida alcoólica pelas virtudes terapêuticas”, lembra Rita Silva. “Lembre-se que o álcool é uma substância psicoactiva, que pode viciar. Por isso, quem não tem hábitos de ingestão de bebidas alcoólicas pode obter benefícios semelhantes bebendo sumos de uva preta ou de romã/mirtilo, que também ajudarão a aumentar a capacidade antioxidante do organismo”, aconselha.
Paula Veloso concorda e lembra que apesar de não se saber ainda com certeza se os efeitos benéficos do vinho são devidos à presença dos polifenóis ou também do álcool, “a Associação Americana de Cardiologia desaconselha que se comece a beber vinho apenas para prevenir este tipo de patologias, pela dependência que pode criar e as consequências nefastas que daí podem advir”.
Todo o álcool faz bem?
A crer em algumas investigações, sim, mesmo não sendo vinho. Consumido em doses moderadas (ver caixa da página ao lado), alguns estudos mostraram que ele pode elevar o bom colesterol (HDL) e reduzir o mau colesterol (LDL), diminuindo assim o risco de formação de coágulos, o que reduz a incidência de doenças cardiovasculares.
As grávidas podem beber?
“Por não se saber quais as doses de segurança, e sabendo que há um enorme risco de desenvolverem síndrome alcoólico fetal – que pode provocar danos físicos, mentais e comportamentais irreversíveis -, o melhor mesmo é as grávidas não ingerirem bebidas alcoólicas de qualquer espécie”, aconselha a nutricionista Paula Veloso.