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Sejamos honestas: são raras as mulheres que estão totalmente contentes com as formas do seu corpo. Seja porque pensamos estar demasiado gordas, ou porque achamos as nossas ancas gigantes, ou porque o peito é demasiado pequeno ou muito grande, ou porque não conseguimos perder aquela detestável barriguinha. A verdade é que muito poucas responderiam um rotundo “Não!”, à pergunta ‘mudaria alguma coisa do seu corpo se pudesse?’. Daí muitas se submeterem a loucas dietas antes de se atreverem a envergar o biquini na praia ou treinem como loucas, de Março a Julho, nos ginásios.

O padrão de beleza vigente é o da mulher magra, alta e esguia. E está em todo o lado: na publicidade, nas passerelles, no cinema, na música…

Este tipo de ‘modelo’ corporal condiciona, e muito, a maneira como pensamos em nós mesmas: queremos sempre parecer melhor nas nossas roupas.

Diz-se que o homem, quando se vê ao espelho, vê-se sempre mais forte e musculado. As mulheres, pelo contrário, vêem-se sempre mais gordas do que na realidade são”, diz Frederico Raposo, coordenador das actividades desportivas individuais do Health Club Solplay, em Linda-a-Velha.. Mas, para este especialista em preparação física, as coisas estão a mudar. “Se nos anos 80 o ideal de beleza era o da mulher magra, hoje a noção de mulher bonita é a de um corpo em forma, tonificado, que transpira saúde.”

Mas uma coisa é um corpo em forma, outra são as formas do corpo.

Será que as chamadas ‘mulheres-maçã’ (barriga e peito grande) poderão transformar-se em esguias atletas? E as ‘mulher-pêra’ (que concentram gordura da cintura para baixo, sendo magras no tronco) poderão conseguir pernas bem torneadas e perder anca? A resposta é sim… mas com certos limites, muito esforço e autodisciplina.


Modelar o corpo: para quem é mais fácil?


Genética é tudo, neste jogo das formas bem torneadas. Ou seja, há gente mais bafejada pela sorte de ter um património genético que não a deixa engordar com facilidade. Mas, até para quem não tem essa vantagem, há zonas do corpo onde é mais fácil perder gordura do que em outras. “As mulheres podem mudar de formas, dentro de limites”, diz o professor Luís Sobrinho, endocrinologista. “É concebível que as pessoas até mantenham o peso, mas fiquem muito diferentes, em termos de forma. Os instrumentos para isso são a dieta – e aí têm de passar um pouco de fome – e fazer exercício.”

Nas mulheres, os depósitos preferenciais de gordura são as coxas, pernas, nádegas, a prega sub-mamária e a parte inferior do braço. São camadas adiposas metabolicamente menos activas (menos solicitadas quando o corpo precisa de recorrer a reservas adiposas) e, por isso, mais difíceis de ‘queimar’.

Já quem tem a gordura concentrada da cintura para cima emagrece com mais facilidade. “Chama-se a esse tipo de obesidade ‘andróide’, porque é tipicamente masculina”, explica o clínico. No tronco, até um peito grande pode diminuir, pois a maior parte do volume mamário é composta por gordura. Basta pensar nas atletas de alta competição, são raras as que têm um peito grande. “Mas quando a mulher emagrece nesse local, a pele não acompanha a perda de gordura e o peito fica descaído. Aí, a solução tem de passar por uma intervenção plástica”, diz o endocrinologista.

O problema com esse tipo de gordura é que ele implica riscos maiores de complicações cardiovasculares e de hipertensão arterial.

“A obesidade de tipo ginóide (da cintura para baixo) é menos agressiva para a saúde. Mas é sempre a última a perder”, continua Luís Sobrinho. “Se fizer dieta, uma mulher com essas características vai perder gordura, mas sabe que ela sairá, preferencialmente, da cintura para cima, onde ela já é magra. Está condenada a ficar com uma cara e troncos muito magros.” E neste caso, não existem grandes soluções, para além de “cuidados com a dieta, massagens para activar a drenagem linfática e alguns cuidados cosméticos”, segundo o endocrinologista. “A medicina não pode oferecer nada e os charlatães só oferecem maneiras de tirar muito dinheiro pessoas. Temos de aceitar que, apesar do progresso da tecnologia e das ciências, temos poderes limitados para interferir com a Natureza.”

Frederico Raposo é menos fatalista. “Podemos e devemos aspirar à mudança das nossas formas. Mas, a alteração morfológica pretendida pode demorar anos. Se a pessoa se comprometer a fazer exercício e comer melhor, em dois anos muda radicalmente as suas formas”, garante. “Há pessoas que têm maior facilidade em conseguir, simultaneamente, uma redução da percentagem de gordura e tonicidade muscular. Mas toda a gente pode alterar a forma do seu corpo, umas mais depressa do que outras.”

A importância do exercício físico

Ao contrário do que muita gente pensa, a massa gorda não se transforma em músculo. É apenas utilizada como reserva energética para queimar quando fazemos esforço.

Por isso, só conseguimos perder gordura em todo o corpo, se conseguirmos um balanço energético negativo: por um lado limitando as calorias do que comemos e por outro aumentando a actividade física, não só no ginásio, mas nas tarefas do dia-a-dia.

Mas que tipo de exercício se pode fazer para perder barriga ou tornear as coxas grossas?
“Quer seja para perder gordura da cintura para baixo ou para cima, os únicos exercícios que fazem efeito são os aeróbicos como andar, correr, nadar, a bicicleta, o step. Se o volume se mantiver, mas se for essencialmente músculo e não gordura flácida, as pessoas já ficam mais contentes. À medida que aumentamos a duração e intensidade do exercício, também aumentamos a quantidade de gordura consumida.” Começar com duas sessões semanais é uma boa opção para os mais sedentários. Mas o ideal é aumentar o treino para três a cinco horas semanais regulares, ou até mais.

Mas isto não chega. Para conseguirmos tonicidade muscular e não ficarmos flácidas, apesar de mais magras, necessitamos de um trabalho muscular localizado. Quem já frequenta o ginásio, sabe que há uma actividade muito procurada pelas mulheres: G.A.P. (Glúteos, Abdominais e Pernas). Mas isto não nos vai ajudar a perder peso nessas zonas específicas. “Não podemos falar de um combate localizado à gordura”, afirma o especialista em preparação física.

Por isso, se quer uma cintura fina e, para o conseguir, desatou a fazer abdominais, essa foi uma péssima ideia. No abdómen das mais gordinhas, para além da matéria gorda, existe músculo. “A massa gorda do abdómen quase não é transformada em massa muscular. Se incidimos o trabalho localizado nos abdominais, vamos tonificá-los, mas sem perder a camada adiposa que está em cima. Ou seja, quem faz abdominais com o intuito de perder a barriga, às vezes ainda consegue aumentar de volume”, continua Frederico.

Mas o volume excessivo de músculo também se consegue perder, através de treino aeróbico muito intenso. Acabamos por ter de solicitar o suporte proteico (do músculo) quando já não há gordura para queimar. “Por isso, um treino aeróbio, feito duas vezes ao dia, sem tonificação muscular, consegue diminuir volume.”

Saiba também que, quando se tornar aficcionada em exercício, o ponteiro da balança não vai descer logo. Mas nada de frustrações! Tire a prova na roupa que veste e ao espelho. Frederico Raposo explica: “A massa muscular é mais pesada que a massa gorda; por isso o peso não varia muito nos primeiros tempos de actividade física. Mas existe sempre uma tonificação, especialmente para os sedentários. E são eles que reparam mais depressa nos efeitos do exercício.”


Os prodigiosos 30 minutos

Está decidida a mudar o seu estilo de vida e as formas do seu corpo? Inicialmente, pode começar com um treino leve. Segundo o Colégio Americano de Medicina Desportiva, para existirem benefícios para saúde, bastam 30 minutos de exercícios diário, que podem ser divididos em três períodos de 10 minutos de actividade física intensa. “Nestes 10 minutos não representam muita energia queimada porque não há muito tempo para acelerar o metabolismo, mas como organismo necessita de repor os seus níveis normais, em termos de frequência cardíaca e hormonas vai usar as gorduras para o conseguir. É depois do exercício que metabolizamos gordura”, diz Frederico Raposo.

 

Vigie o que come

Para mudar as suas formas, não chega viciar-se no ginásio. Tem de vigiar o que come “Perder peso é sempre possível”, diz o endocrinologista Luís Sobrinho. “A dificuldade é manter a situação. Uma dieta ou tratamento só é eficaz enquanto é feito continuamente. Se for abandonada, as coisas voltam ao normal.” Ou seja: um regime alimentar é para toda a vida. E não há nenhuma receita de dieta especial para conseguir baixar de número na roupa que veste. “As pessoas têm de se habituar a comer menos. Não há nenhuma evidência científica que prove que, se comermos menos proteínas ou menos hidratos de carbono, emagrecemos”, explica-nos o endocrinologista. Todos os nutrientes são absorvidos, transformados em açúcares e depositados sobre a forma de massa gorda. Segundo este endocrinologista, “o problema de cortar radicalmente com as proteínas é que, em pouco tempo, isso comporta riscos para a saúde e perda de força.” Por isso, o ideal é reduzir os hidratos de carbono na sua ementa, ou seja, os doces, o pão, as massas, o arroz ou as batatas e investir na carne e peixe grelhados e nas verduras. A redução de hidratos de carbono, no nosso regime alimentar implica que, ao fazermos desporto, sejam as reservas de gordura as que preferencialmente serão queimadas.

Duas mil calorias diárias parecem a este especialista um valor calórico diário excessivo para um adulto sedentário, “especialmente as senhoras mais velhas e com menos actividade física.”

Conseguir uma figura mais esbelta e muito diferente das nossas formas actuais é possível. Mas vai requerer tempo, uma mudança de estilo de vida e muito sacrifício da sua parte. Lembre-se porém que há limites, e que não deve aspirar ao impossível. Acima de tudo não se esqueça de que o corpo feminino foi feito para ter curvas e formas mais generosas que as masculinas. E que de nada lhe servirá a magreza, se não aprender a gostar mais de si e a valorizar o seu corpo.

 

Quer ficar com mais curvas?
 

As mulheres muito magras também se queixam das suas formas. Desta vez a intenção é ganharem mais curvas, mais massa muscular. O médico Luís Sobrinho não aconselha ‘dietas de engorda’. “É mais difícil fazer uma pessoa muito magra engordar do que um gordo emagrecer”, diz. O exercício ajuda a desenvolver musculatura e, dessa forma, dá mulher magra outras formas mais torneadas. “Mas o peito e nádegas não vão aumentar”, avisa o especialista em endocrinologia.
Musculação e trabalho localizado com pesos são tipo de actividade que pode ajudá-las. “Embora, nessas pessoas, o treino cardiovascular deixe de ter tanta importância, continuam a precisar dele. Têm de o fazer com determinadas resistências ao músculo que não são as das ginásticas localizadas”, diz Frederico Raposo.

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