
O consumo elevado de sal, em particular o sódio que o constitui, é um dos fatores de risco para o desenvolvimento de hipertensão arterial, bem como a ingestão de álcool, o excesso de peso, hábitos tabágicos, entre outros fatores.
A hipertensão arterial caracteriza-se pela excessiva pressão sanguínea nas paredes das artérias (pressão sistólica igual ou superior a 140 mmHg e pressão diastólica igual ou superior a 90 mmHg), cuja prevalência na população adulta portuguesa ultrapassa os 40%. Esta condição, quando não acompanhada e devidamente tratada, pode conduzir, a longo prazo, ao desenvolvimento de Doenças Cardiovasculares (DCV), uma das principais causas de morte em Portugal, tais como Acidente Vascular Cerebral (AVC), insuficiência cardíaca, enfarte agudo do miocárdio, insuficiência renal, entre outros.
A salicórnia, também designada “sal verde”, trata-se de uma planta anual que se desenvolve necessariamente em ambientes com elevadas concentrações de sódio, sendo que, por norma, nasce na primeira fileira mais próxima da água salgada, absorvendo o sódio dissolvido na água do mar ou no solo, por absorção direta, o que lhe confere um sabor naturalmente salgado. A sua utilização nas confeções culinárias permite contribuir para a diminuição da utilização de sal adicionado, uma vez que confere um sabor diferenciado que permite mascarar a ausência de sal de cozinha nos pratos.
O teor de sódio presente na constituição da salicórnia difere consoante a forma como se encontra apresentada, sendo que, no seu estado fresco contem aproximadamente 1393 mg de sódio por 100 g de salicórnia fresca, no seu estado seco apresenta 9200 mg/100 g e sob a forma de pó, contém cerca de 18700 mg/100 g. Assim é importante ressalvar que a sua utilização deve ser moderada, uma vez que, ainda que em quantidades reduzidas, a salicórnia contém sódio na sua constituição.
Ao utilizar a salicórnia em substituição do sal de cozinha, a ingestão de sódio é mais reduzida, o que permite reduzir também o risco de DCV, particularmente, se aliado a um estilo de vida protetor da saúde, de acordo com as recomendações e os princípios da Dieta Mediterrânica. De realçar que a Dieta Mediterrânica privilegia confeções culinárias saborosas e nutritivas, através de técnicas saudáveis e tradicionais, habitualmente enriquecidas com produtos hortícolas como o alho, a cebola, e outros condimentos que poderão ser adicionados para conferir uma diversidade de sabores e aromas que se reconhecem, tradicionalmente, neste modelo alimentar.
A salicórnia, além de conferir sabor, enriquece nutricionalmente os pratos, uma vez que permite incrementar o prato com fibras, ácidos gordos polinsaturados, minerais e compostos bioativos, que desempenham funções fisiológicas importantes. As técnicas culinárias como sopas, os ensopados e caldeiradas, privilegiadas na Dieta Mediterrânica, protegem os nutrientes presentes nos ingredientes, e, por isso, preserva as suas propriedades nutricionais e fitoquímicas.
Desta forma, cabe a todos nós recuperar, preservar e fomentar os princípios da Dieta Mediterrânica no nosso dia-a-dia, de forma a termos mais saúde e sermos mais sustentáveis.
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