Em tempo de férias é cada vez mais comum os pais viajarem com os filhos para países tropicais e longínquos. Não existem destinos proibidos, contudo esse tipo de viagem requer uma preparação atempada, sendo muitas vezes recomendada a realização de uma consulta do viajante para obter as informações e orientações necessárias.
Antes de marcar uma viagem com crianças é importante ter alguns fatores em conta, nomeadamente a idade da criança, a sua dieta habitual, o tipo de cuidados médicos existentes no destino, as doenças frequentes nesse destino, a necessidade de realização de vacinas e outras medidas preventivas.
Por exemplo, não faz sentido viajar com uma criança de 4 meses para um safari no Quénia, do qual a criança não vai usufruir, tendo em conta o risco de doenças infecciosas graves, como o caso da febre amarela, e a impossibilidade dessa criança fazer a vacina previamente.
Para a grande maioria dos países africanos, América do Sul e Sudoeste Asiático existem medidas preventivas gerais recomendadas sendo as mais relevantes os cuidados com a alimentação e a prevenção de picadas de insectos.
A diarreia do viajante, a hepatite A e a febre tifóide são transmitidas maioritariamente por alimentos contaminados. Algumas das medidas preventivas a adotar são: lavagem frequente das mãos, não consumir alimentos crus, mal cozinhados ou expostos por um período prolongado, evitar molhos, consumir bebidas engarrafadas e evitar o gelo. Dependendo do destino e da duração da viagem pode ser pertinente a vacinação atempada para a hepatite A e a febre tifóide. A vacina da hepatite A tem praticamente uma recomendação universal dado que só não é necessária para a Europa e América do Norte.
Relativamente às doenças transmitidas por picada de insecto, tais como malária, febre amarela e dengue, algumas das medidas preventivas mais importantes para evitar a transmissão são: uso de repelente de insectos adequado idealmente com DEET na composição, preferir roupas claras e largas que cubram a maior superfície corporal, escolher alojamentos com ar condicionado, manter as portas e janelas fechadas e usar redes mosquiteiras sempre que possível. A vacina da febre amarela é recomendada para a maioria dos países da África Central e América do Sul.
Relativamente à malária, a sua profilaxia é feita com medicação oral que se inicia previamente à viagem e é necessária para a maioria dos países africanos, alguns países da América do Sul e Central bem como do Sudoeste Asiático. Realço que, dependendo do destino, existem outras doenças transmitidas por mosquitos menos conhecidas e para as quais não existe profilaxia ou tratamento específico.
São essas especificidades inerentes a cada região e/ou país que reforçam a necessidade de se realizar uma consulta do viajante atempadamente, idealmente com um mês de antecedência, que permita realizar todos os procedimentos necessários antes da viagem.
Este ano tenho-me apercebido que o Senegal tem sido uma escolha frequente como destino de férias, sendo os pais apanhados de surpresa na consulta do viajante quando se apercebem que é necessário fazer a vacina da febre amarela e a profilaxia da malária. Assim, relembro que em qualquer viagem para o continente africano, asiático ou para a América do Sul convém verificar a necessidade de cuidados específicos prévios e se temos tempo e disposição para os cumprir.
Também é conveniente preparar antecipadamente uma farmácia do viajante adaptada ao destino e à criança. Geralmente é composta por repelente de insectos, analgésico e/ou antipirético, solução de hidratação oral, probiótico, eventualmente antibiótico e medicações inerentes à condição de saúde da criança. Estas medicações devem ser prescritas e o seu uso explicado na Consulta Pediátrica do Viajante.
Apesar de todas estas condicionantes que pretendem apenas que a viagem seja o mais segura possível, é importante que as crianças possam acompanhar os seus pais nestas aventuras e terem recordações diferentes da sua rotina do dia-a-dia.
Preparem-se atempadamente e divirtam-se!
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