Assinala-se no mês de fevereiro o Dia Mundial das Doenças Raras. Serve a data também para alertar e consciencializar a população sobre algumas das doenças que afetam a saúde oral e que podem surgir na infância. É, por isso, bastante relevante alertar os pais sobre algumas patologias que, por serem de origem genética, manifestam-se nesta primeira fase da vida, período em que são diagnosticadas a maioria das anomalias da dentição. Conheça as três doenças dentárias mais raras nas crianças.
![As três doenças dentárias mais raras nas crianças](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/4/2023/02/230223_pexels-cottonbro-studio-7086238-960x640.jpg)
Foto Pexels/ cottonbro studio
Dentinogénese imperfeita é uma das três doenças hereditárias mais raras na dentição das crianças e é caracterizada por uma anomalia na constituição da camada intermédia dos dentes, a dentina, que afeta uma em cada 7 mil crianças (cerca de 0.01%). Manifesta-se inicialmente pela formação de dentes opalescentes, com aspeto cinzento-azulado. Como a dentina está imperfeitamente formada, a camada exterior – o esmalte -tende a desprender-se alguns anos após a erupção dos dentes, tornando-os muito frágeis e desgastados, ficando sensíveis e dolorosos.
É também uma anomalia da constituição dentária de origem genética a amelogénese imperfeita, que afeta cerca de uma em cada 14 mil crianças. Constitui-se como um defeito do esmalte, que danifica toda a dentição, quer a dentição decídua – os “dentes de leite” – quer a permanente. Pode assumir várias formas, desde dentes apenas rugosos, manchados e irregulares até dentes completamente afetados que fraturam com facilidade. O esmalte fica amolecido,com uma propensão maior para cáries severas e profundas e, por isso, é extremamente importante que o seu tratamento seja precoce.
Ainda que bastante raras, estas doenças não têm propriamente uma cura nem há medidas preventivas que possam evitar o seu aparecimento. Assim, o diagnóstico precoce é fundamental para apostar em tratamentos preventivos o mais cedo possível de modo a mitigar as suas consequências, que acabam por ser semelhantes para ambas. O tratamento consiste, portanto, numa fase inicial, na prevenção e manutenção dos dentes mais afetados, com restaurações preventivas simples. Contudo, pode evoluir, sempre que necessário, para uma restauração e reabilitação estética com coroas específicas adequadas à dentição infantil e/ou para o tratamento ortodôntico, de modo a corrigir a má posição dos dentes geralmente associada a estas doenças, protegendo-os até à sua substituição e/ou até à idade adulta e permitindo também um correto desenvolvimento dos maxilares.
Considerada a doença mais rara na saúde oral infantil, a anodontia manifesta-se através da ausência total de dentes (podendo ser também combinada com dentes malformados) e afeta uma em cada um milhão de crianças. Esta doença surge geralmente associada a um conjunto raro de doenças hereditárias – a displasia ectodérmica – e pode ser tratada através da utilização de uma prótese dentária na juventude, até à colocação de implantes, mais próximo da idade adulta.
Embora extremamente raras, é importante conhecer estas doenças para que oseu diagnóstico possa ser feito o mais cedo possível, apostando no tratamento preventivo logo após os primeiros sinais e um controlo e manutenção muito rigorosos. Assim, é fundamental estar atento aos sintomas, visitar o dentista pediátrico logo a partir dos 12/18 meses e não descurar a manutenção de hábitos de uma boa higiene oral. Escovar bem os dentes e a língua duas vezes ao dia, utilizar o fio dentário e manter uma alimentação saudável são comportamentos que precisam de ser passados aos mais novos, aliados a visitas de controlo ao médico dentista de seis em seis meses. Colocar a saúde oral em primeiro lugar, desde tenra idade, é o caminho a escolher.
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