
A obesidade é um dos maiores desafios de saúde pública da atualidade. Afeta milhões de pessoas no mundo e está associada a diversas doenças crónicas como diabetes tipo 2, hipertensão ou doenças cardiovasculares. No entanto, muitas vezes, o debate sobre a obesidade é reduzido a uma questão estética, ignorando os impactos reais na saúde física e mental das pessoas.
A estigmatização das pessoas com obesidade contribui para um ciclo prejudicial, onde o preconceito e a discriminação dificultam o acesso aos cuidados de saúde adequados. Muitos indivíduos obesos evitam procurar ajuda médica devido ao medo de julgamentos, o que agrava ainda mais as suas condições de saúde. Além disso, a crença de que a obesidade é apenas uma questão de “falta de vontade” ou “preguiça” desconsidera os fatores genéticos, metabólicos, psicológicos e sociais envolvidos no aumento de peso.
As campanhas de consciencialização devem focar-se na saúde e não na aparência. Incentivar as populações à manutenção de um peso saudável através de um estilo de vida equilibrado, uma alimentação adequada e da prática regular de exercício físico, deve ser uma prioridade. No entanto, é essencial que essas iniciativas não promovam padrões irreais de corpo ou criem pressão estética. Cada pessoa tem um biótipo e um ritmo próprio, e o objetivo passa por melhorar a qualidade de vida e prevenir doenças e não encaixar-se em padrões inatingíveis.
Outro aspeto crucial é o respeito e a empatia. O combate à obesidade deve ser conduzido de forma humana e personalizada, garantindo que as pessoas recebem apoio médico e emocional adequado, sem vergonha ou culpa. Incentivar a uma cultura de aceitação do corpo não significa ignorar os riscos da obesidade, mas sim reconhecer que o bem-estar físico e mental deve vir em primeiro lugar.
Para alcançar um estilo de vida saudável é fundamental promover a educação alimentar desde cedo. Escolher alimentos nutritivos, evitar o consumo excessivo de produtos ultra processados e manter uma rotina equilibrada e variada de refeições são passos essenciais para prevenir a obesidade e melhorar a saúde geral. Pequenas mudanças nos hábitos diários podem ter um grande impacto e na saúde e na qualidade de vida.
Além disso, a prática de exercício físico deve ser incentivada através da satisfação pela atividade escolhida. Caminhadas, dança, ciclismo ou qualquer outra modalidade que traga prazer, podem ajudar a manter um peso saudável e a melhorar a saúde mental. A chave está em encontrar um equilíbrio que se adapte ao estilo de vida de cada pessoa, promovendo bem-estar sem imposições ou cobranças excessivas.
Portanto, é fundamental mudar a perspetiva sobre a obesidade, tratando-a como uma questão de saúde e não de estética. O foco deve ser na promoção da saúde, no respeito pela diversidade corporal e no combate ao estigma que impede tantas pessoas de procurarem ajuda. Apenas com respeito e empatia se poderá enfrentar este desafio de forma eficaz.
Artigo de opinião da autoria de Mara Marques, médica na PronoKal