
Ai no Natal é tudo tão simples: há um bebé amoroso, um anjo, uma estrela, e uns tipos que vieram de camelo e por causa deles é que se dá presentes, embora hoje em dia seja o Pai Natal quem herdou o cargo, e pronto. Ah, e também gostamos muito mais uns dos outros.
Mas na Páscoa?
O que é que une Jesus e o coelhinho? O martírio e a primavera? O folar e a cruz? Como explicar que Deus tenha deixado morrer o seu Filho? E que os coelhos ponham ovos? De chocolate? E o que é que Deus tem a ver com ovos de chocolate? E mais importante que tudo, onde anda o Pai Natal quando se precisa dele? Não admira que a maioria das famílias vá passar três dias à Serra da Estrela e esqueça o assunto…
Pois: aqui não há outra maneira de responder senão ir por partes. Tal como o Natal, a Páscoa é um feriado cristão, e tal como o Natal, nasceu ‘apegado’ a uma festa pagã, o equinócio da primavera, o que o tornava mais facilmente aceite pelos povos não convertidos da altura. Pois: as técnicas de ‘marketing’ não nasceram hoje.
Os cristãos juntaram os símbolos de fertilidade e renascimento à simbologia da ressurreição de Cristo. Daí a ‘overdose’ de simbologia: os coelhos e os ovos – representando a fertilidade e o renascimento – apostos à história de Jesus.
Posto assim, até é fácil de explicar. A segunda parte do por que é que não é fácil explicar é que muitos pais acham a história da morte de Cristo demasiado triste para contar às crianças. Que ele nasceu numas palhinhas com um burrinho e uma vaquinha e um anjo, é lindo, mas que foi espetado numa cruz com pregos enfiados nos pés e nas mãos e deixado ali a sofrer… eh…
Pois: não há como evadir. Mas afinal, as crianças ouvem actualmente histórias muito mais aterrorizantes. E não é preciso ir com todos os detalhes da tortura, à Mel Gibson. Se quiser seguir a tradição, pode sempre acabar com um final feliz: afinal, ele ressuscitou! Se não quiser, pode apontar a ideia de que, afinal, a morte foi o final lógico de uma vida dedicada aos outros. Aqui, o importante não é de facto a morte de Jesus, mas aquilo que ele nos ensinou.
Quanto aos coelhos… Não são engraçados? Não é linda, a primavera? Afinal, é tão bom estarmos vivos e haver sol e calor! Vai um ovo de chocolate? Daqueles enormes?
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