O aumento dos casos de COVID-19 em todo o País levou a mais restrições. E, desta vez, parece haver uma maior dificuldade em aceitar o confinamento – talvez porque nos obriga a repensar a época de festas, normalmente passada com toda a família.
Sabe-se que este cenário gera desafios de saúde mental pública em grande escala, que se traduz num aumento do stress. Mas em que medida afeta os portugueses? É o que revela o projeto de investigação “Collaborative Outcomes study on Health and Functioning during Infection Times”, coordenado em Portugal por Pedro Morgado, do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde da Escola de Medicina da Universidade do Minho, e Sofia Brissos, do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa.
Os dados preliminares dizem que, em Portugal, o agravamento do stress afetou um terço dos inquiridos e foi particularmente significativo entre os jovens adultos (36%). Estes são também o segmento mais afetado pela solidão. Esta faixa etária registou um nível desproporcionalmente elevado de agravamento deste estado comparativamente com os participantes de outras faixas etárias.
No que respeita à irritabilidade, também cerca de um terço dos inquiridos reportou um agravamento, e apenas um número reduzido (<8%) referiu melhorias nas duas semanas anteriores à participação neste estudo internacional. A grande maioria dos inquiridos relatou pequenas ou nenhumas alterações na irritabilidade (60%).
As estratégias de homens e mulheres para passar o tempo durante a pandemia
Mais de 75% dos participantes admitiu um aumento do tempo consumido nos meios de comunicação social, o que foi mais notório nos homens (81%). Em relação à ocupação dos tempos livres, metade dos inquiridos afirmou ter despendido mais tempo em contactos sociais, a realizar exercício físico e a obter informação sobre a pandemia de COVID-19.
Quando questionados sobre as estratégias utilizadas para lidar com as emoções geradas pela pandemia, a maioria dos inquiridos referiu o contacto ou interação pessoal direta, o exercício físico ou os passeios, a utilização da internet, a procura de informação sobre a pandemia, a prática de passatempos significativos, e o trabalho, quer presencial, quer à distância.
Para os homens, as estratégias mais eficazes foram o contacto pessoal/interação direta, exercício ou passeios, utilização da internet e um passatempo significativo; no caso das mulheres foram o contacto pessoal/interação direta, exercício ou passeios, e utilização da internet.
A intimidade física/atividade sexual foi uma estratégia mais importante para os homens do que para as mulheres, enquanto que para elas o contacto pessoal/interação direta, a utilização da internet, as redes sociais e o trabalho foram as estratégias mais utilizadas para combater o stress e a irritabilidade durante a pandemia.