Quer acredite ser um bom detetor de mentiras ou não, obter novas informações acerca do tema não será demais. Em primeiro lugar, importa desconstruir alguns mitos relacionados com os mentirosos, certas crenças que não questionamos mas que podem não ser assim tão acertadas.
- As pessoas mentem. Esta é uma convicção tão enraizada na nossa sociedade, que damos por nós a sentir dificuldade em confiar em alguém. “Há um grande grau de variabilidade na mentira, com a maioria das pessoas a mentir pouco e uma minoria a dizer um elevado número de mentiras“, refere, na Psychology Today, Christian L. Hart, professor de psicologia e diretor do programa de Ciência Psicológica na Texas Woman’s University.
- Somos bons detetores de mentiras. Muitas pessoas acreditam saber distinguir facilmente a verdade de uma mentira, mas parece que não é bem assim. “Vários estudos muito bem construídos exploraram os graus de precisão das pessoas a tentar identificar mentirosos e concluíram consistentemente que a maioria das pessoas não consegue distinguir entre pessoas honestas e desonestas“, acrescenta.
Mas, afinal, como se comporta um mentiroso?
Investigadores têm vindo a descobrir que as pessoas têm tendência a mostrar um decréscimo de alguns movimentos corporais, tais como abanar os dedos, as mãos, os braços, os pés ou mesmo mexer-se na cadeira quando mentem.
Além disto, os resultados de alguns estudos indicam também que as pessoas costumam fazer mais contacto visual quando estão a mentir, comparativamente com quando dizem a verdade. Ao dizer uma mentira, portanto, piscam-se menos os olhos e há menos sorrisos.
E no que toca ao discurso? “Quando as pessoas mentem, os tons das suas vozes costumam elevar-se. Adicionalmente, os mentirosos demoram mais tempo a responder a questões“, refere o especialista. E se pensa que é tudo, desengane-se. O conteúdo do próprio discurso costuma ser diferente durante uma mentira: há menos detalhes, menos descrição dos próprios sentimentos e menos histórias consistentes e lógicas. Também se usam mais muletas de discurso, como “hum” e “ãh”, por exemplo.
Estamos a procurar nos sítios errados
Se os mentirosos se comportam de modo semelhante, porque somos tão maus a detetar a mentira? “As pessoas parecem ter pouca consciência dos verdadeiros indicadores da mentira, por isso procuram os sinais errados“, refere Christian. Um exemplo? Normalmente, pensamos que as pessoas se mexem mais, como sinal de nervosismo, quando é precisamente o contrário. Também acreditamos que há menos contacto visual – e, como já referido, é também o oposto que sucede.
E se gostaria de ser um melhor detetor de mentiras, o autor alerta para o facto de a grande maioria dos cursos que hoje existem para tal são pouco ou nada eficazes. E porquê? Porque “quando a maioria das pessoas mente, quaisquer mudanças no seu comportamento são muito subtis e, provavelmente, indetetáveis para a maioria“. Mas, claro, quantas mais (e mais corretas) informações tivermos acerca do comportamento de um mentiroso, melhor para o aperfeiçoamento das nossas capacidades de polígrafo.