Foto Pexels/Trân Long

Sente-se a afundar? Encontre aqui a sua bóia de salvação.

A lua-de-mel antes da lua-de-mel
Vão abraçadinhos a dizer ‘ai que lindo que vai ser, eu e o meu Zé Manel, e que ricas fotos para pôr no Instagram.’

Problema: a não ser aproveitar os atributos do Zé Manel e tirar as ditas fotos, geralmente não há muito para fazer. No primeiro dia já se deu a volta à ilha dez vezes e já se fotografou dez locais, cada qual com o seu colar de flores; no segundo dia fez-se uma hidromassagem a dois numa cubata com tinas de pedra cheias de pétalas de rosa (onde o Zé Manel se fartou de espirrar porque é alérgico às flores); no terceiro já se apanhou um escaldão; no quarto já estão um bocado fartos do jacuzzi; no quinto chove. E a partir daí chove ininterruptamente durante o resto da semana como se o tempo tivesse ficado encalhado na cabina de comandos, e mesmo os atributos do Zé Manel parece que perderam encanto à sombra.
A não ser que alguém tenha levado um baralho de cartas, o que é pouco provável, o Zé Manel vai começar a ressacar a Sport TV, você manda sms até ao patrão, mas as férias acabam no momento em que começam ambos a pensar que se estão a aborrecer ligeiramente.
Como sobreviver: Nunca vá para nenhum sítio em que a única fonte de diversão seja o Zé Manel.
Pelo menos, leve um livro.

Bebé a bordo
Depois do Joãozinho nascer, nunca mais houve descanso para ninguém: era o horário das mamadas, os avós a entrar e a sair, toda a gente a querer ver o bebé e o bebé com cara de anjinho a bater as pestanas e a fazer um sorriso com covinhas ao colo da tia Marta, e toda a gente a chilrear ‘ai tão sossegadinho’, e assim que as visitas desapareciam o anjinho desatava a gritar como se fosse explodir.

Problema: o que está mal antes das férias tem uma enorme propensão para piorar durante as ditas. Você descobre que anda mais derreada do que em casa: quando vão à praia, parece que vão emigrar para um país distante onde não há as necessidades básicas para sobreviver. O seu Carlos Jorge não mexe uma palha para a ajudar a carregar os sacos, você descobre uma fobia repentina à areia e passa a tarde a aspirar o carro enquanto o Carlos Jorge e o Joãozinho dormem a sesta, o Carlos Jorge passa o tempo a ligar à mãezinha para saber os resultados do Benfica, e é um alívio quando voltam para casa. Claro que também há aqueles casos em que o bebé dorme e come o tempo todo e vocês conseguem finalmente falar de outras coisas que não do Joãozinho. Mas dos casais felizes não reza a história.
Como sobreviver: Passe uns dias com o Joãozinho, e depois rife-o para casa da avó Amélia (supõe-se que ela já criou pelo menos um filho e não o deixou morrer, e não vai ser por causa de uma semana que o Joãozinho vai adquirir stresse pós-traumático por abandono materno) e passe uns dias só com o Carlos Jorge.

Traga um amigo também
Enquanto foi só o Joãozinho, a coisa ainda se fazia. Mas, de repente, o Joãozinho já acha uma seca ir atrelado aos paizinhos e, para consolar a criança de ser filho único, lá concordam em levar também o Tiago e o Rodrigo.
Problema: Ao princípio até parecia boa ideia: os três entretinham-se uns com os outros a jogar futebol sem descanso ou debruçados sobre os telemóveis como se não houvesse amanhã. De repente, zangam-se todos porque o Rodrigo fez batota e o Tiago fez panelinha com ele, depois o Rodrigo lembra-se de dizer que em casa dele nunca ninguém come brócolos e a partir daí mais ninguém come nada que tenha estado sequer perto de qualquer coisa vagamente verde. Depois o Tiago diz que em casa dele ninguém se deita antes da meia-noite, e quando você já está a contemplar a hipótese de espetar uma galheta em cada um dos três, lembra-se que pelo menos dois deles não são seus (uma boa notícia a longo, mas não a curto, prazo) e que não há nada que possa fazer. No próximo Verão, vai mas é pôr o Joãozinho num ATL daqueles onde eles ‘voltam à natureza’ e estão entretidos a andar pelo mato o dia todo.
Como sobreviver: Comece por estabelecer as regras da casa: não interessa que não sejam as deles.
Você é quem manda, e não há cá democracia para ninguém. P.S: Não convém ser demasiado Estado Novo. Apesar de tudo, todos estão de férias.

Lá vem o clã
A verdade é que também não sabe se aguentava o seu António durante 15 dias naquela pasmaceira, mas tinham de levar também a sogra? O sogro? O tio Júlio? A tia Alzira? O Luís e a Ana? Os filhos do Luís e da Ana, que são três, todos adolescentes, empertigados e opinativos, um bocado iguais à sua sogra, mas com 60 anos a menos? É suposto ser muito divertido ir em clã, é suposto haver sempre com quem falar e ser uma alegria.
Problema: é uma confusão que ninguém se entende. Ao segundo dia já ninguém sabe dos miúdos, a sogra torce um pulso porque não está habituada a escadas em caracol, o sogro quer por força ir ao festival da cerveja que fica a uma hora de carro e claro que ele não vai sozinho, a Ana descobre que o Luís anda a mandar sms suspeitos à Sãozinha da contabilidade e faz-lhe uma cena em plena piscina, o tio Júlio apanha uma indigestão de percebes e a tia Alzira passa o tempo a resmungar que se tivessem ido para Celorico tinham ficado muito mais bem instalados. E por que é que, se não lhe falha a vista, você é a única a trabalhar? Por que é que toda a gente deixa as toalhas no chão? Por que é que ninguém sacode a areia antes de entrar em casa? Por que é que falta leite, mas toda a gente espera que você vá ao supermercado? Por que é que não está a conseguir sequer ler três páginas do livro que trouxe? Por que é que até as melgas só lhe picam a si? E por que é que no Verão as miúdas se embeiçam por rapazes tão idiotas e pulguentos? Terão os neurónios deslassados? Mistérios.
Como sobreviver: Estabeleça logo de início quem é que faz o quê, e não faça nem mais uma unha do que ficou estabelecido. Se já sabe que eles não vão cumprir, vá de férias com outra companhia.

O perigo é a profissão deles
Ficarem sentadinhos debaixo de um coqueiro a beber daiquiris durante 15 dias não é para eles, a não ser que o coqueiro fale alguma língua exótica e fique para aí na Malásia, ou que estejam em risco de serem bombardeados/raptados/atacados por um tigre. Férias servem para ‘expandir horizontes’.

Problema: Quando falam em expandir horizontes, não estão a brincar nem a falar em sentido figurado: levam a coisa até às últimas consequências, seja lá isso o que for, porque os horizontes deles ficam sempre muito para lá dos horizontes normais. Vão muito mais longe do que calcorrear a Muralha da China ou ver berberes no Toubkal: são daqueles que se gabam de ver ‘aquilo que os turistas não vêem’. Têm um desprezo inato por ‘turistas’, essa gentinha que só sabe andar em manada a olhar para o que lhes mandam, ao contrário deles que são ‘espíritos livres’ e perdem horrores de tempo só à procura das mesmas coisas que os turistas veem.
Em comum com os turistas têm a panca das fotos. Tiram milhares de fotografias para provar que estiveram mesmo onde dizem que estiveram, a não ser quando “aqui não temos fotos porque nos roubaram o telemóvel quando o nosso jipe foi abalroado por uma milícia nativa que queria levar a Maria Antónia para uma rede de escravas brancas”.
Como sobreviver: Se vai de férias com um aventureiro, é para assumir a aventura. Dizer “ai ó Ricardito, vai lá tu tirar fotografias às onças pintadas que eu fico aqui na esplanada a beber água de coco” só funciona se não se importar de passar 15 dias a desabafar com a água de coco, que não costuma ter muita conversa. Mas se tem um aventureiro a cargo, assegure as precauções mínimas: seguro, protetor solar, cartão de crédito, carregador de telemóvel, barritas de cereais, água e lenços de papel.
Os homens nunca se lembram de nada e depois nós é que temos de os tirar de apertos.

Os tesos (ou poupados)
Férias nem sempre querem dizer Maldivas, Caraíbas ou mesmo Caparica. Há quem fique em casa, sim. É o mesmo que ficar no inferno e, geralmente, é igualmente escaldante. Escaldante no próprio sentido da palavra: a casa parece uma sauna sueca, com a variante pouco exótica de não ser nem sauna nem sueca. O telemóvel não toca uma única vez, na televisão só dão repetições de repetições, ficamos a tarde inteira a ver o ‘Parque Jurássico’ 1, 2 e 41, e a noite a ver a Dra, como é que ela se chama, aquela loira da ‘Anatomia de Grey’ enfiada num vestido vermelho no chão da casa de banho a chorar pelo Denny, que já vimos morrer mais ou menos umas 18 vezes desde que aquilo estreou para aí em 2001.


Problema: Podia-se fazer fantásticos programas em família, mas geralmente está cada um para seu lado: a mãe trabalha (as mães trabalham sempre) ou então entretém-se a arrastar móveis casa fora até às três da manhã, para desespero dos vizinhos. O pai fica a brincar com o comando, o filho desaparece durante o dia todo e ninguém sabe onde anda (melhor nem pensar nisso) e a filha fecha-se no quarto a mandar emojis da carinha a chorar às amigas, que não lhe respondem, a ouvir o Harry Styles chilrear que um sonho é só um sonho , e a olhar para a fotografia do Vasco, que nem sabe que ela existe e está nesse momento a fazer surfe na Austrália e a espetar fotos no Instagram dele com o copo do daiquiri e com a Helen, que faz vela e nada com tubarões. Já não se aguenta fotos de joelhos no Facebook e fotografias de sítios paradisíacos (porque é que a malta faz questão de dizer que está num sítio deslumbrante?) Podia-se aproveitar para arranjar a máquina de lavar, forrar a despensa, emoldurar a fotografia do George Clooney ou escrever aquele romance sobre um duende malvado e uma rainha perversa, mas nem para isso há alento.
Como sobreviver: Procure uma amiga que também esteja em casa (há sempre alguém) e vá descobrir os jardins da cidade. Ou vá sozinha, leve um livro e sente-se a apanhar sol. Está de férias, mesmo que não pareça.


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