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O livro que li nestes últimos dias foi As Vingadoras, de Fern Michaels e publicado pela Marcador. Uma obra que me chegou às mãos de forma inesperada e que prometia uma história sobre mulheres que estava unidas por tragédias pessoais e pelo desejo de fazer justiça pela próprias mãos. Fica então justificado o título escolhido.
O início da trama acontece com a apresentação de algumas das personagens centrais numa circunstância dramática. Os acontecimentos das primeiras páginas mudam por completo as vidas de Nikki Quinn e de Myra Rutledge. As duas lidam de forma diferente com a dor, até que Myra decide que não há mais espaço para lamentações. Para ela, chegou a hora da vingança. É então que encontramos outras figuras femininas, todas elas marcadas por situações terríveis.
Parece que o objetivo da autora deste livro, Fern Michaels, era chamar a atenção para dois pontos. Em primeiro lugar, Michaels parece querer enaltecer as desigualdades de género que continuam a existir mesmo nas sociedades consideradas mais igualitárias. Quer seja nas oportunidades, quer pela forma como as mulheres muitas vezes são desprezadas, inferiorizadas e maltratadas. O outro ponto que parece estar a querer ser destacado pela autora é a força da união feminina.
Num exemplo de sororidade, a autora mostra como as mulheres podem atingir todos os seus objetivos quando se unem. Além de enaltecer as conquistas alcançadas, a autora demonstra também que as amizades criadas no caminho podem ser fundamentais para os processos de cura e evolução. Acredito que esta é a mensagem mais forte desta trama.
Contudo, admito que existiram alguns aspetos que não me conquistaram. Os diálogos muitas vezes parecem pouco naturais, usados mais para fornecer informações rápidas e não deixando o leitor tirar as próprias conclusões. As descrições têm pouca profundida e o desenrolar da narrativa apresenta algumas falhas ou situações que são resolvidas de forma pouco convicente. Contudo, o que mais me incomodou, foi a própria ideia de justiça pela próprias mãos que fundamente toda a ação.
Reconheço que quem sofre muitas vezes procura ter atos de desespero. Mas aceitar passar por cima da justiça não deve ser aplaudido ou louvado. Muito menos quando a retaliação é também ela um crime. Quero acreditar que podem existir outras formas de lutar, ou até mesmo que, neste caso, podiam ter sido escolhidas vinganças diferentes das que se apresentaram. Mas também admito que posso estar a ser ingénua nesta observação. Ainda assim, os atos descritos nesta história, tanto por parte dos agressores iniciais como por parte das vingadoras, podem ser arrepiantes e fazer pensar sobre limites.
As Vingadoras pode não ter sido uma leitura que tenha ido ao encontro do que procurava, mas levou-me a pensar sobre algumas questões. E acho que isso é importante. Quando uma história nos leva a parar e a refletir sobre os nossos valores, o que consideramos certo e errado, sobre limites e sobre como será estar na pele do outro. Isso, este livro conseguiu.
Sinopse:
Hoje, elas começam a lutar… Aparentemente, as sete mulheres da Irmandade são muito diferentes. No entanto, cada uma teve a sua dose de azar, desde maridos traidores a colegas sexistas e um sistema jurídico que, muitas vezes, não funciona. Agora, unidas pela tragédia, forjam um vínculo que as ajudará a reparar os erros cometidos contra elas e a descobrir uma força interior que não sabiam possuir. Ficando mais ousada a cada ato de justiça, a Irmandade está a aprender que quando coisas más acontecem, uma pessoa pode fingir-se de morta… ou pode levantar-se e lutar. A vida é injusta. A maioria das mulheres sabe-o, mas o que pode fazer quanto a isso? Milagres… se pertencerem à Irmandade. Destroçada pela morte trágica da ??ilha, atropelada por um condutor demente que beneficiou de imunidade diplomática, Myra Rutledge decide formar um círculo secreto: a Irmandade. Este grupo reúne sete mulheres muito diferentes umas das outras, mas que partilham uma cólera nascida dos preconceitos de que são vítimas. Propõem-se fazer justiça pelas próprias mãos… e o fim justifica os meios! Se na adversidade alguns caem, outros levantam-se e entram em ação… ou vão para a guerra!