Fomos falar com as especialistas no assunto, as engenheiras agrónomas Rosário Sommer e Cristina Mota Capitão, fundadoras do projeto Generosa, loja online de plantas de interior e uma comunidade entusiasta do movimento verde dentro de casa.
A planta certa para si
“Antes de nos aventurarmos a comprar plantas, devemos começar por conhecer bem a exposição solar dos espaços em que vivemos. Em particular daquele cantinho que está mesmo a pedir uma planta. Recebe sol? Direto ou indireto? Quantas horas por dia? Se escolhemos uma planta que requer luz, mas aquele cantinho está sempre na sombra, o mais provável é ela morrer. Para além de termos de ter em conta as condições de luz dos nossos espaços, também temos de saber quais as melhores plantas para o nosso estilo de vida. Devemos ainda ter em conta com quem partilhamos o nosso espaço – sejam crianças pequenas ou animais de companhia –, a nossa experiência com plantas e a disponibilidade para cuidar delas. Uma das sugestões para quem se está a iniciar nestas andanças é começar devagar. Comprar uma, conhecê-la bem e quando sentirmos que já sabemos o que a faz feliz, então podemos e devemos aventurar-nos em adquirir mais plantas.”
Cuidados ao comprar
“Devemos sempre comprar as nossas plantas numa fonte segura, de confiança, com boas críticas. Se comprarmos uma planta num espaço físico, devemos olhar para ela e ver se existem alguns sinais de pragas ou doenças. Olhe para a superfície inferior das folhas, pois é aí que normalmente se escondem a maioria das pragas de plantas de interior. Por outro lado, observe se a planta não apresenta danos mecânicos, como sejam folhas rasgadas ou caules partidos.”
Plantas no quarto? Sim!
“Não podemos ter plantas no quarto. Este mito está provavelmente associado ao receio que elas nos ‘roubem’ oxigénio pelo facto de, durante a noite, na ausência de luz, as plantas consumirem oxigénio e libertarem dióxido de carbono, num processo idêntico à nossa respiração. Mas a quantidade de oxigénio consumida por uma planta é muito baixa face à quantidade consumida por um ser humano ou animal durante a noite. Se imaginarmos a terra como um quarto gigante, então os animais estariam em sérios apuros se todas as noites as plantas consumissem uma quantidade significativa de oxigénio face à que libertam durante o dia. Se queremos ter plantas no quarto, não precisamos de ter medo. Podemos até ter plantas que purificam o ar, como o nosso Edu (Photos) e o nosso Sebas (a famosa Espada-de-São-Jorge), que é especial: continua a produzir oxigénio às escuras.”
Benefícios para a saúde
“Introduzir plantas nos espaços em que vivemos ajuda-nos a voltar a estar ligados a algo tão básico, mas tão essencial, como o meio e o ritmo naturais da vida. As plantas tornam as nossas casas locais mais calmos e positivos. Está comprovado que dedicar um momento a uma planta, numa pausa consciente em ligação com a natureza, é algo que nos devolve bem-estar. Generosidade com generosidade se paga.”
Regar ou não regar?
“Aquilo que devemos fazer antes de regar qualquer planta é sentir o seu substrato no interior, que é como quem diz, temos de sujar o dedo. Só assim vamos ver se o substrato ainda está húmido (e nesse caso não regamos e deixamos passar mais uns dias), ou se já está ligeiramente seco (e aí devemos então regar). Quando regamos as nossas plantas, temos de garantir que toda a superfície da terra do vaso recebe uma quantidade generosa de água. E, claro, temos de a deixar escoar sem ficar retida nos pratos dos vasos. As plantas precisam de uma terra arejada para crescerem saudáveis. É assim que a natureza funciona.”
Faça-se luz
“A maioria das plantas de interior não gosta de sol direto a incidir nas suas folhas, já que são plantas que nos seus habitats naturais vivem felizes e protegidas dos raios solares pelas frondosas copas de florestas tropicais. A luz que recebem já é filtrada e as temperaturas são constantemente amenas. Casas com pouca luz direta, mas bem iluminadas, tendem a ter condições semelhantes e são propícias para a grande maioria das plantas de interior.”
Se tiver gatos em casa…
“Se nunca tivemos plantas em casa, devemos introduzir plantas progressivamente e avaliar qual é a reação do nosso animal a este novo elemento da ‘família’. Todos os animais são diferentes. Há animais que ignoram todo e qualquer tipo de plantas e há animais que são obcecados por todo e qualquer tipo de plantas. Há várias estratégias que podemos adotar para proporcionar uma coabitação saudável e feliz entre plantas e animais na nossa casa, como, por exemplo, suspender plantas, usar substâncias dadas como repelentes para animais de companhia (ex.: vinagre ou soluções com óleos essenciais), ou recorrer a plantas classificadas como não tóxicas, no caso de pretender colocar plantas no chão.”
Erros mais frequentes
“Um erro comum é encararmos as plantas naturais como objetos decorativos e não como seres vivos que requerem condições específicas e atenção. Se o critério para a escolha de uma planta for somente estético, corremos um forte risco de as condições que temos na casa não corresponderem às necessidades para o seu desenvolvimento. Outro erro frequente é matarmos as plantas por ‘excesso de amor’. Regar em excesso sem antes sujar o dedo para sentir o substrato pode ser fatal. Na natureza também não está sempre a chover. As plantas precisam de ciclos de rega, em que o substrato está húmido, mas depois temos de deixar secar ligeiramente para que as suas raízes possam desenvolver-se de forma saudável.”
Sinais de que a nossa planta está a pedir ajuda…
“Folhas caídas, ou enroladas, manchas nas folhas, queda de folhas e caules moles e apodrecidos são alguns dos sintomas que nos indicam que a planta não está bem.”